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Por O Globo — Rio de Janeiro

A Polícia Civil de Santa Catarina concluiu o inquérito sobre a morte de um grupo de jovens em uma BMW, em Balneário Camboriú. As autoridades apontaram que a causa das mortes foi a ruptura de uma peça instalada no veículo numa oficina de Aparecida de Goiânia (GO). O dono do estabelecimento e o responsável pela instalação foram indiciados por quatro homicídios culposos, quando não há intenção de matar, "haja vista a imperícia na realização do serviço".

A BMW onde os quatro jovens — Nicolas Kovaleski, de 16 anos, Karla Aparecida dos Santos, de 19, Tiago de Lima Ribeiro, de 21, e Gustavo Pereira Silveira Elias, de 24 — morreram asfixiados por monóxido de carbono, na manhã de 1º de janeiro, passou por ao menos quatro customizações. As alterações levaram ao rompimento de uma peça ligada à tubulação de gás. Segundo a investigação, as mudanças foram feitas para conferir maior potência e ruído ao automóvel.

Em imagens divulgadas este mês, a polícia apresentou o assoalho de dois automóveis do modelo BMW, sendo o exibido ao lado esquerdo o carro com a tubulação modificada e à direita um veículo original de fábrica. O primeiro ponto circulado em amarelo na foto à esquerda simboliza o catalisador do veículo, que apresentou uma tubulação com um diâmetro superior ao normal.

Análise feita pela polícia de SC compara carro dos jovens (à esquerda) com uma BMW original de fábrica (à direita) — Foto: Reprodução
Análise feita pela polícia de SC compara carro dos jovens (à esquerda) com uma BMW original de fábrica (à direita) — Foto: Reprodução

De acordo com o perito Luís Gabriel, o catalisador foi substituído por uma tubulação downpipe, peça que leva os gases do coletor de escape até o catalisador. A solda irregular do equipamento levou a um rompimento da peça, fazendo com que o monóxido de carbono escapasse pelo ar-condicionado, causando a morte dos quatro jovens.

Já o círculo central à esquerda destaca uma alteração no escapamento, onde foi instalado um caminho alternativo para a saída de gases. Essa mudança fez com que os gases não passassem pelos abafadores, conferindo maior ruído ao veículo.

Na terceira análise, na traseira da BMW, a polícia apurou que foi retirado o silenciador do escapamento, alteração que confere maior potência ao motor e também aumenta o ruído.

Chip de potência

A quarta e última modificação divulgada pela Polícia Científica foi a instalação de um chip de potência, que modifica programações eletrônicas do veiculo, também conferindo mais potência.

Traseira da BMW teve peça retirada para conferir maior ruído ao veículo — Foto: Reprodução
Traseira da BMW teve peça retirada para conferir maior ruído ao veículo — Foto: Reprodução

Segundo análise feita pelos agentes na saída de ar, o carro ligado por 16 minutos atingiu 1000 ppm (parte por milhão) do gás monóxido de carbono, quantidade suficiente para gerar inconsciência e morte em até 2h de inalação. Um teste de ar realizado em um carro original de fábrica não apresentou emissão significativa de gás.

Morte por inalação de gás

No dia do acidente, as vítimas deram entrada no Instituto Médico Legal (IML) por volta de 10h15. O laudo, que ainda será divulgado, apontou que vítimas apresentavam sinais de asfixia, manchas avermelhadas pelo corpo — que se inicia após a parada respiratória —, além de espuma expelida pela boca.

Os jovens apresentaram ainda saturação de monóxido de carbono acima de 50%, que é gerado pela queima de material orgânico, incluindo escapamento de carros. Em ambientes fechados, o gás atinge níveis elevados, causando a intoxicação.

Polícia Civil de Santa Catarina investiga se jovem que morreu asfixiado teve pedido de socorro ao Samu não atendido — Foto: Reprodução/Redes sociais
Polícia Civil de Santa Catarina investiga se jovem que morreu asfixiado teve pedido de socorro ao Samu não atendido — Foto: Reprodução/Redes sociais

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) comunicou em nota que chegaram ao local às 7h29 e constataram que as quatro vítimas estavam dentro do veículo estavam em parada cardiorrespiratória. Seguindo os protocolos de atendimento, tentaram reanimar os corpos, mas sem sucesso. Às 8h17, foram declarados os óbitos no local.

Nas investigações iniciais, o delegado responsável pelo caso, Bruno Effori, já havia confirmado um vazamento entre o motor e o painel do veículo, causando uma intoxicação e asfixia nos quatro jovens, que permaneceram no carro e acabaram se contaminando.

No local, a polícia identificou uma testemunha que conhecia os jovens e teria viajado de ônibus de Minas Gerais à Santa Catarina, para encontrar familiares e amigos. Foi apurado que uma parte da família havia se mudado há cerca de um mês da cidade de Paracatu (MG) para a região da Grande Florianópolis com o intuito de abrir uma empresa, e foram passar o ano novo em Balneário Camboriú.

A namorada de uma das vítimas, que chegou de ônibus, não estava com os sintomas e ficou entrando e saindo do veículo, aguardando os outros melhorarem para pegarem estrada até Florianópolis. Porém, em uma das vezes que voltou até o carro, após ficar entre 30 e 40 minutos do lado e fora, ela constatou o óbito das vítimas.

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