Preso nesta quarta-feira em Santos, no litoral de São Paulo, por suspeita de integrar uma quadrilha de tráfico de drogas especializada na modalidade "disque-drogas" — com entregas a domicílio de entorpecentes —, o repórter e ex-apresentador Marcelo Roberto Ferreira Carrião, de 51 anos, trabalhava como jornalista há pelo menos três décadas na TV até acabar se tornando alvo da Operação Domo de Ferro, da Polícia Civil.
Segundo as investigações, ele seria responsável por fornecer substâncias ilegais para a organização criminosa, mas a defesa sustenta que a droga encontrada com ele seria para "consumo próprio". Segundo o g1, ele foi apelidado de "Vovozinho" entre os envolvidos.
Casado e pai de dois filhos, Marcelo Carrião exibe em suas redes sociais o amor pela família e, também, as paixões pelo surfe, pelo Santos Futebol Clube e pela profissão. Ele define-se como "um surfista-jornalista que costuma sorrir para a vida".
Ele se formou em 1995 em Comunicação Social (Jornalismo) na Universidade Católica de Santos. Antes disso, já havia começado a trabalhar, dois anos antes, na TV Mar, afiliada da TV Manchete, onde diz ter ficado até 2005.
Nascido em Osasco, no interior de São Paulo, o jornalista estava sem um emprego fixo desde que deixou o quadro de funcionários da emissora de Silvio Santos.
Entre 2005 e 2011 ele passou pela Rede Record, até chegar em 2012 ao SBT, última emissora por onde teria passado. No canal de Silvio Santos, o jornalista chegou ser o âncora do principal telejornal da emissora, o "SBT Notícias", ocupando a bancada do jornalístico nos finais de semana e em feriados. Antes.
Ele era considerado um dos principais repórteres da rede em São Paulo, e atuava na produção de matérias da editoria policial e sobre a cidade de São Paulo. Seu último registro no ar publicado no canal do YouTube da emissora foi em 2018, mas só em 2020 ele foi desligado por motivos internos.
Ao GLOBO, o advogado Marcelo Cruz, que representa Carrião, afirmou que as drogas apreendidas com o ex-apresentador seriam para consumo próprio e que aguardará o acesso aos autos do inquérito para se manifestar sobre a relação com os membros do suposto "disque-drogas".
— O Marcelo tem mais de 50 anos idade e jamais teve até o presente momento nenhum tipo de apuração por crimes dessa natureza. Ele, na verdade, faz uso de entorpecente, e a droga apreendida hoje na residência dele destinava-se ao consumo próprio. Marcelo tem quase 30 anos de jornalismo, uma empresa de transportes, sempre exerceu labor lícito. Trabalha desde os 14 anos — posiciona-se o advogado.
A princípio, o advogado diz acreditar que a relação de Carrião com os outros homens presos na operação seria de consumidor, e não de fornecedor. O envolvimento do jornalista com os traficantes teria sido descoberto através de trocas de mensagens, às quais Marcelo Cruz ainda não teve acesso.
— Amanhã (quinta-feira) haverá audiência de custódia onde a defesa vai fazer o primeiro pedido para que a prisão em flagrante não seja convertida em preventiva. Sobretudo sustentando o pedido sob alegação de que ele mora há 20 anos no mesmo endereço. Ou seja, poderá ser localizado pela Justiça e não vai se furtar ao chamamento de uma ordem judicial. Muito pelo contrário, tem interesse em esclarecer os fatos e a verdade.
A reportagem também tentou contato com a esposa do indiciado, que preferiu não se manifestar. A Polícia Civil afirma que, ao todo, nove pessoas foram presas na chamada "Operação Domo de Ferro", sendo três nesta quarta-feira — incluindo o ex-apresentador de telejornais. A instituição define a ação, realizada pela Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic), do Departamento de Polícia de Interior de Santos (Deinter 6), como "um golpe significativo contra o tráfico de drogas".
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