Avó de Isabelle Freitas, menina assassinada pela mãe e pelo padrasto no município catarinense de Indaial, afirmou que jamais perdoará a filha pelo crime. A criança "morreu de tanto apanhar", conforme relato do delegado-geral da polícia Civil de Santa Catarina, Ulisses Gabriel. O casal foi indiciado por homicídio qualificado e ocultação de cadáver e está preso.
Em vídeo publicado pelo jornal Razão, a avó de Isabelle classificou a filha como um "pedaço de capacho, não serve nem para limpar os pés". A declaração foi dada após imagens de uma câmera de segurança registrarem o momento no qual a mãe e o padrasto abandonam a mala usada para carregar o corpo da criança, desmontando versão de sequestro informada inicialmente pelo casal à polícia.
— Eu nunca imaginei que isso iria acontecer um dia na minha vida. (Minha filha) é um pedaço de um capacho, que não serve um dia nem para limpar os pés — disse a mãe da assassina confessa. — Ela pode vir de joelhos, mas perdão ela não vai ganhar de mim nunca — concluiu.
- 'fins de correção', alegaram a mãe e padrasto presos pela morte de menina de 3 anos em SC, diz delegado
- Histórico: Conceição Evaristo é a primeira mulher negra a ter uma cadeira na Academia Mineira de Letras
Mala abandonada
A mala foi abandonada pelo casal após o corpo da vítima ter sido enterrado em uma área de mata. Os policiais encontraram os restos mortais da criança nesta quarta-feira, dois dias após o crime. A mãe e o padrasto confessaram o assassinato, informou a Polícia Civil. A localização do cadáver foi indicada pelo próprio padrasto de Isabelle.
— O vídeo mostra o momento em que o casal abandona a mala utilizada para transportar a criança, imediatamente após enterrarem-na em região de mata — afirma o delegado Filipe Martins.
Vídeo mostra momento em que casal abandona mala usada para deixar corpo de menina na mata
De acordo com o delegado, os suspeitos afirmaram que bateram na menina de 3 anos por "correção".
— Eles alegaram (que deram as pancadas) para fins de correção, por problemas rotineiros, como o fato de a criança não querer se alimentar, por exemplo — revelou Martins.
"Segundo apurado, após agredirem a criança e perceberem que a menina estava sem vida, ambos concordaram em se livrar do corpo e decidiram colocar a vítima numa mala e enterrar o corpo nas proximidades da BR 470", informou a Polícia Civil.
Os investigadores também afirmam que o casal de suspeitos usou artifícios para "tentar despistar a polícia e criar um cenário de possível sequestro", como a indicação de um carro que teria levado a vítima em um sequestro. "Porém com o avançar das investigações ficou comprovado que as alegações do casal foi combinada entre eles e não se sustentava", diz a nota.
Medida protetiva
O Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC) requereu medidas protetivas para o irmão de Isabelle de Freitas. O pedido foi deferido pela Justiça em regime de plantão ainda na noite de quarta-feira. De acordo com o MP, os suspeitos vinham dificultando a apuração e o acompanhamento dos órgãos de proteção, chegando até a mudar de endereço. O casal está preso temporariamente, a fim de que os dois não possam interferir nas investigações.
A 1ª Promotoria de Justiça da Comarca de Indaial - com atribuição na área da infância e juventude - já havia iniciado uma apuração de possíveis maus-tratos na família da vítima, em procedimento instaurado a partir de relatório do Conselho Tutelar. As denúncias que originaram a atuação da rede eram anônimas.
No procedimento, o Ministério Público, de acordo com os protocolos de atuação na área da infância, buscava reunir elementos mais concretos a respeito da família, em especial sobre os supostos maus-tratos, em parceria com o Conselho Tutelar e os órgãos da rede de proteção, como o CREAS.
Inscreva-se na Newsletter: Jogo Político