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Já faz mais de 20 anos que o sociólogo e economista Marcelo Medeiros, pesquisador sênior na Universidade Columbia, em Nova York, investiga a desigualdade social brasileira.

Para ele, a histórica concentração brasileira de dinheiro e oportunidades — R$ 1 em cada R$ 5 da renda do país é apropriado pelo 0,5% mais rico da população, estima — foi um problema pouco abordado nos planos econômicos nacionais. Como a pobreza, era assunto mais reservado aos ministérios responsáveis por programas sociais.

A estratégia é equivocada, na visão de Medeiros. Mesmo o modo como são tomadas decisões macroeconômicas podem ser pró-pobres ou pró-rico, se aumentarem a concentração de renda.

O debate de longo prazo terá de incluir a dimensão ambiental, acredita o professor, que participou de uma reunião técnica do G20 sobre desigualdade em março. Leia abaixo os principais trechos da entrevista:

Equívoco

Não existe diferença entre a evolução da desigualdade e a distribuição do crescimento. Se os mais pobres crescem, a desigualdade cai. Se os mais ricos crescem mais que o resto, a desigualdade sobe. Ou seja, é um equívoco separar crescimento e desigualdade. Toda política afeta pessoas diferentes de maneiras diferentes. A nossa política monetária não é igual para todo mundo: ela afeta pessoas diferentes de maneiras diferentes. A pergunta fundamental que a gente tem que fazer é: qual é a distribuição dessas políticas?

Concentração de renda

Temos que saber quem é que está crescendo ou não está crescendo dada uma determinada política pública, para podermos decidir em relação a quem nós queremos que cresça mais, quem nós queremos que cresça menos. Quase metade de todo o crescimento econômico global em um ano é apropriado por menos de um décimo da população do planeta. Isso varia de país para país, mas a mensagem é clara: a maneira como políticas de crescimento são desenhadas resulta em imensa concentração de renda.

Limites ao crescimento

As pessoas estão preocupadas com a produtividade do trabalho, com a produtividade do capital físico, mas há um problema imenso de capital natural. Se nós não tomarmos decisões para frear isso, o crescimento será limitado exogenamente. Ele seria limitado de qualquer maneira.

Nós consumimos uma quantidade imensa de capital natural de modo ineficiente: a gente consome água demais para produzir soja, por exemplo. Estamos preocupados com produtividade, trocar um padrão de crescimento é pior ainda, muito mais difícil que aumentar produtividade.

Produção agrícola

O que vai acontecer se nós mantivermos o padrão de crescimento global atual, o nível e o tipo de crescimento? Primeiro: perdas relevantes na produção agrícola. Não é que vai desertificar: é que vai haver uma perda de 5%, 10%. No Brasil, se perder 10% se perde o mercado e a vantagem competitiva no dia seguinte para a Argentina.

A soja brasileira, nesse cenário, não será devastada por uma seca: ela será devastada pela economia antes de ser devastada por desertos.

Importância ambiental

Vamos ter que crescer menos, e para crescer vamos ter que crescer melhor do ponto de vista ambiental. Se a Amazônia entrar em colapso , será um evento que não acontece da noite para o dia, mas depois que começa não tem volta. Quando isso acontecer, a gente vai ter perda de produtividade agrícola sistemática; danos à geração e transmissão de energia; provavelmente ter migração em grande escala, conflitos. Tudo isso vai acontecer, é esperável.

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