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Após saber que Daniel Cravinhos — condenado pelo brutal assassinato de Manfred von Richthofen, seu sogro à época — escreveu uma carta onde pede perdão pelo crime, o filho do empresário, Andreas von Richthofen, afirmou que não vai desculpar o ex-cunhado. O órfão soube da intenção de Daniel durante entrevista ao programa "Tá na hora", do SBT, exibido nesta sexta-feira.

— Não vou servir chazinho para os caras, fica difícil. Marretaram a cabeça do seu pai e você vai dançar ciranda com o sujeito depois? — disse Andreas.

Na carta revelada pelo blog True Crime, do jornalista Ullisses Campbell, no GLOBO, Cravinhos chegou a dizer que faria o que estivesse ao seu alcance para "tentar reparar o dano que causou".

“É com toda a sinceridade e humildade que peço tua misericórdia. Estou disposto a enfrentar as consequências de meus atos e a fazer tudo o que estiver ao meu alcance para tentar reparar o dano que lhe causei”, escreveu o piloto, que atualmente cumpre pena em regime aberto.

Um amigo em comum já tentou intermediar uma primeira conversa entre os dois. Andreas, contudo, teria ficado abalado só de ouvir o ex-cunhado no viva-voz.

Relação com Suzane

Na mesma entrevista para o SBT, Andreas falou sobre a relação com a irmã, Suzane von Richthofen, também condenada pelo assassinato dos pais, Manfred e Marisia. Ele disse que tenta contato com a parente há quatro e que os dois ainda têm "assuntos pendentes".

— Eu estou procurando ela faz uns quatro anos, já. Nós temos assuntos pendentes. Ela deveria me procurar, né? Deveria me procurar, porque nós temos assuntos, ela tem o dinheiro dela também, né? Tem que ver o que vai dividir aí do que ficou lá atrás. Ela tem os recursos dela. E aí só a Justiça vai dizer — afirmou Andreas

Suzane von Richthofen, que estava presa desde 2002 por matar os pais, foi solta em janeiro de 2023, após a Justiça conceder progressão para o regime aberto. Em janeiro, ela deu à luz a seu primeiro filho, na cidade de Atibaia, interior de São Paulo, onde trabalha o atual marido de Suzane, o médico Felipe Zecchini Muniz.

Como noticiou o blog True Crime, quatro anos após ficar órfão, Andreas ganhou o direito de herdar todo o espólio dos pais, avaliado na época em quase R$ 10 milhões. Na lista, havia carros, terrenos e seis imóveis, entre eles a mansão onde o casal foi assassinado – vendida por R$ 1,6 milhão, além de dinheiro em contas correntes e aplicações. Hoje, quase 22 anos após a tragédia, Andreas não se mostra mais interessado no que herdou. Ele enfrenta 24 ações na Justiça de São Paulo por dívidas de Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) e condomínios atrasados, somando aproximadamente R$ 500 mil.

Leia abaixo a íntegra da carta de Daniel para Andreas

"Querido Andreas,

Após sete anos de reflexão, finalmente encontro coragem para escrever a você. Sinto-me apreensivo com a sua possível reação ao ler essa carta. Recentemente, tomei conhecimento de notícias suas por meio de amigos em comum e pela imprensa, o que me levou a tomar a decisão de pôr para fora o que estou sentindo.

Minha mente está em turbilhão, pois meu desejo mais profundo é ter o seu perdão. As palavras mal conseguem expressar a intensidade de minha angústia e remorso. Minhas mãos tremem enquanto escrevo, e cada linha é uma batalha contra os fantasmas do passado.

Há duas décadas, desde aquele fatídico dia, carrego o peso do arrependimento e da culpa, ciente de que minhas ações trouxeram tamanha tragédia para nossas vidas. Desde sempre penso em você, a maior vítima de tudo o que aconteceu. Hoje, ao praticar motovelocidade, a imagem do seu rosto vem à minha mente. Como seria bom ter você ao meu lado, correndo em uma moto. Lembra do mobilete que construímos juntos?

Somos vizinhos em São Roque. Meu sítio fica a três quilômetros do seu. Sinto vontade de tocar a sua campainha, mas temo sua reação. Morro de medo que você se sinta ameaçado com a minha presença. Além disso, sei que a sociedade me vê unicamente como o assassino de seu pai. E você? Como você me enxerga além disso?

Saí da prisão em 2017 após perder 17 anos de minha liberdade. Mas você perdeu muito mais do que eu. Desejo compreender seu luto e fazer parte dele. Lembro do dia da reprodução simulada feita na sua casa duas semanas após o crime, quando você abraçou o Cristian e me olhou emocionado. Quando íamos nos abraçar, os policiais não deixaram. Entendi o seu gesto de carinho como um perdão. Contudo, você era apenas um adolescente. Hoje, você é um homem adulto. Gostaria de conversar contigo e expressar meus sentimentos.

Desde que saí da prisão, reconstruí minha vida, assim como Suzane, sua irmã. Aos trancos e barrancos, o Cristian também está tentando recomeçar. No entanto, a culpa continua a me perturbar. Parte de minha família me rejeita, e sinto que um dedo acusador aponta para mim constantemente, me lembrando do que fiz. Essa culpa não desaparecerá com a sentença que me condenou a 39 anos. Seguirá comigo até o fim dos meus dias.

Espero, do fundo de minha alma, que você encontre no coração a compaixão para me perdoar. Sei que minhas palavras podem parecer insuficientes diante da magnitude do que aconteceu, mas é com toda a sinceridade e humildade que peço por tua misericórdia. Estou disposto a enfrentar as consequências de meus atos e a fazer tudo o que estiver ao meu alcance para tentar reparar o enorme dano que lhe causei. Se você permitir, gostaria de ter a oportunidade de falar pessoalmente, olhos nos olhos, e abrir meu coração.

Mas, se você preferir manter distância, respeitarei. Apenas desejo saber o tamanho do abismo emocional que nos separa para saber se é possível atravessá-lo. Hoje, serias capaz de me dar o abraço que não aconteceu 22 anos atrás?

Daniel Cravinhos"

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