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Por — São Paulo

A atriz Samara Felippo disse que o episódio de racismo sofrido pela sua filha na escola onde estuda, na Zona Oeste de São Paulo, não foi inédito e já vinha sendo sentido de forma recorrente desde o ano passado.

A atriz registrou um boletim de ocorrência formalizando uma denúncia de racismo contra a sua filha mais velha, de 14 anos, sofrida na escola Vera Cruz, e prestou depoimento na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) na manhã desta terça (30). Segundo Samara, colegas de 9º ano da filha, uma jovem negra, pegaram seu caderno, arrancaram as folhas e escreveram ofensas em uma das páginas.

— É reincidente, é recorrente desde o ano passado, desde um episódio em que um carregador some e a acusada é a minha filha. Isso tudo são pequenas camadas do racismo que crianças pretas passam todos os dias veladamente. Algumas denunciam e reconhecem, outras não. Mas era reincidente e, de um tempo pra cá, alguns ocorridos começaram a ficar muito claros para mim, e ela (a filha) não queria enxergar, 'elas são assim mesmo, mamãe’. São racismos sutis do dia a dia. Agora se materializou porque realmente se materializou numa escrita na cara dela — disse a jornalistas após prestar depoimento que durou cerca de uma hora e meia.

A delegada Daniela Branco, titular do Decradi, notificou a Escola Vera Cruz a prestar informações em até três dias. Os pais das duas adolescentes acusadas de terem feito as ofensas racistas ainda não foram ouvidos.

Samara disse que sua filha está “bem fortalecida”, sendo amparada pelos amigos e quer continuar estudando na instituição. A menina perdeu o caderno numa sexta-feira, e na segunda o encontrou nos achados e perdidos da escola com as ofensas racistas escritas pelas duas colegas.

Então ela reportou à direção da escola, que enviou um e-mail para a mãe, que soube mais detalhes quando foi buscar a filha. Segundo a atriz, tanto ela quanto a filha quiseram a expulsão imediata das autoras das ofensas.

— Fui ter a reunião e falei que é crime, eu quero a expulsão. E minha filha estava comigo na mesma opinião. Parece que, quando nós somos mães e estamos tomando a frente, a gente está colocando algo que a criança não quer. E não, é um assunto dialogado. ‘Filha, é isso que a gente vai decidir juntas?’, ela disse ‘é isso, mamãe’. Eu não tô impondo nada a minha filha — contou.

Samara ainda disse que não quer “tacar pedra” na escola, e sim que a lei seja cumprida. Além disso, a atriz disse ter ficado feliz com a repercussão do caso porque tem esperanças de que isso incentive as escolas a reforçar suas políticas antirracistas.

— O que aconteceria com uma criança de periferia? Ela seria punida, entende? E por que duas meninas brancas de elite não são? E não é questão do punitivismo, é a questão de cumprimento da lei — falou — É questão de ensinar. Tem crianças na escola que não sabem nem qual é a punição. Isso não pode mais acontecer. A reflexão que fica é: que tipo de políticas de qualidade antirracistas precisam ser aplicadas? Não só a lei que tem que ser aplicada do ensino afro-brasileiro, mas um corpo docente de professores pretos, não é um professor preto, foi apresentado uma professora preta pra minha filha de dez, então são essas coisas que precisam ser mudadas. Treinar funcionários, ela não tinha adolescentes pretos ao redor dela, ter um programa de bolsas maior e mais efetivo, então é uma série de coisas que precisam começar a serem mobilizadas e olhadas seriamente.

De acordo com mensagem enviada a grupos de pais do colégio, obtida pelo GLOBO, os pais de uma das autoras das ofensas racistas já informou que irá tirar sua filha da escola.

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