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Por e — Rio de Janeiro

Meteorologistas preveem uma situação ainda mais dramática e de "gravidade extrema" no Rio Grande do Sul por conta das chuvas até o fim de semana, de acordo com o portal MetSul. No estado, subiu para dez o número de mortes provocadas pelo temporal, de acordo com informações divulgadas pela Defesa Civil, no início da tarde desta quarta-feira (1º), e 21 pessoas permanecem desaparecidas. As duas últimas vítimas, ainda não identificadas, eram moradoras das cidades de Salvador do Sul, onde uma pessoa já havia morrido, e Santa Cruz do Sul.

"As mais recentes projeções de chuva dos modelos numéricos, atualizadas no começo desta quarta-feira, sugerem um cenário dramático para o Rio Grande do Sul com acumulados extremamente altos de precipitação nas regiões mais castigadas por cheias e inundações, o que provocará uma situação de desastre de grandes proporções no estado gaúcho", analisa a especialista Estael Sias, do MetSul.

Bombeiros fazem resgate no município de Taquara, no RS, atingido por temporal — Foto: Divulgação / CBMRS
Bombeiros fazem resgate no município de Taquara, no RS, atingido por temporal — Foto: Divulgação / CBMRS

"Os acumulados de chuva nos últimos cinco dias estão entre 300mm e 500mm em vários municípios do Centro e do Nordeste do Rio Grande do Sul, regiões em que os modelos de previsão do tempo globais e de alta resolução indicam mais 150mm a 300mm no restante desta semana e no fim de semana. Por isso, estamos enfatizando que o quadro já grave deve partir para uma situação de gravidade extrema", acrescenta.

'Combinação explosiva'

A meteorologista do MetSul explica o fenômeno que provoca os altos índices acumulados de chuva.

"O número de municípios em situação de emergência deve ser por demais elevado e muitos devem recorrer ao decreto de calamidade pública. O cenário é extremamente grave porque a instabilidade não vai deixar o Rio Grande do Sul. Uma grande massa de ar seco e quente persistente com um bloqueio atmosférico no Centro do Brasi faz com que a umidade amazônica seja canalizada por áreas do interior da América do Sul em direção ao Sul até o Rio Grande do Sul e o Uruguai", explica.

"O ar úmido e instável vai seguir atuando no Sul do Brasil mesmo com a chegada de uma frente fria nesta quinta-feira, que não vai conseguir romper o bloqueio. E ar mais quente começa a retornar no final da semana, mantendo a instabilidade. Como o ar quente tropical avança junto para Sul, forma-se uma combinação explosiva de umidade abundante com atmosfera muito aquecida, o que forma sucessivamente fortes a intensas áreas de instabilidade com volumes de chuva excessivos e temporais isolados com granizo e vendavais. É absolutamente desolador ver o que está ocorrendo e saber que ainda vai piorar muito com base nos dados dos modelos, que foram muito precisos em indicar vários dias antes que o Rio Grande do Sul seria assolado por um episódio de chuva extraordinário".

Mortes por choque, afogamento e deslizamentos

Metade das vítimas já confirmadas, segundo a Defesa Civil do RS, é formada por pessoas idosas. São casos de descarga elétrica, afogamento e deslizamento de terra.

  • Encantado: 1 morte
  • Itaara: 1 morte
  • Pantano Grande: 1 morte
  • Paverama: 2 mortes
  • Salvador do Sul: 2 mortes
  • Santa Cruz do Sul: 1 morte
  • Santa Maria: 1 morte
  • Segredo: 1morte

Na cidade de Pavarema, dois homens de 65 e 69 anos morreram afogados quando tentavam passar de carro por uma área alagada. No município de Segredo, um outro idoso, de 62 anos, também acabou morrendo sob circunstâncias semelhantes.

Em Salvador do Sul e Santa Maria, um homem de 47 anos e uma idosa de 85 anos, respectivamente, morreram atingidos por deslizamentos de terra. No município de Pântano Grande, um homem de 59 anos acabou vítima de uma descarga elétrica durante o temporal e também acabou não resistindo.

Em Itaara e Encantado, uma mulher de 48 anos e outra de 45 morreram em circunstâncias que ainda são investigadas.

Ainda há moradores desaparecidos em:

  • Roca Sales: 4 desaparecidos
  • Candelária: 8 desaparecidos
  • Encantado: 6 desaparecidos
  • São Vendelino: 2 desaparecidos
  • Salvador do Sul: 1 desaparecido

A Defesa Civil estadual afirma que há 104 municípios afetados pelas chuvas no RS. São 1.145 pessoas deslocadas em abrigos e 1.431 pessoas desalojadas em todo o estado. O órgão estima que 19.110 pessoas tenham sido afetadas diretamente pelas chuvas até agora.

Nas redes sociais, o governador Eduardo Leite (PSDB) lamentou as mortes – três, em Segredo, Santa Maria e Salvador do Sul, foram confirmadas entre esta terça e quarta-feira – e acrescentou que a previsão é de mais chuva.

"Começamos o dia com a triste notícia de que já são 8 mortes causadas pelo temporal desta semana no Estado. Seguimos trabalhando intensamente para localizar os desaparecidos e garantir a segurança das comunidades em áreas de risco. Infelizmente, ainda há previsão de mais chuva", escreveu Leite.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se pronunciou sobre a tragédia, nesta terça-feira (30), e disse que o governo federal presta todo apoio ao estado gaúcho.

"Conversei por telefone com o governador gaúcho, Eduardo Leite, e coloquei o governo federal à disposição do Rio Grande do Sul que novamente sofre com as fortes chuvas. Falei com os ministérios da Integração, da Defesa e com o ministro Paulo Pimenta e, no que for necessário, governo federal irá se somar aos esforços do governo estadual e prefeituras para atravessarmos e superarmos mais esse momento difícil, reflexos das mudanças climáticas que afetam o planeta", escreveu Lula em seu X, antigo Twitter.

A Defesa Civil do RS divulgou uma cartilha a ser seguida em casos de inundações e alagamentos:

Saiba o que fazer em caso de alagamentos e inundações

Em situações de chuvas intensas e risco de alagamento, é fundamental que moradores de zonas suscetíveis a cheias adotem medidas preventivas para evitar situações de risco à vida e danos ao patrimônio.

•⁠ ⁠Se puder, permaneça em casa;

•⁠ ⁠Esteja atento aos boletins meteorológicos e alertas de emergência emitidos pelo Estado;

•⁠ ⁠Siga as instruções das autoridades locais e utilize as rotas de evacuação recomendadas;

•⁠ ⁠Evite o deslocamento para regiões afetadas;

•⁠ ⁠Se morar em área de risco, abandone o local com antecedência;

•⁠ ⁠Separe os documentos importantes e embale-os em sacos plásticos;

•⁠ ⁠Ao sair desligue a chave geral de eletricidade, água ou gás;

•⁠ ⁠Evite atravessar as águas de carro ou a pé;

•⁠ ⁠Se ficar isolado em local inseguro, chame imediatamente o Corpo de Bombeiros (193);

•⁠ ⁠Encha recipientes com água potável para uso em caso de interrupção no fornecimento.

O que fazer se estiver dirigindo durante uma inundação

•⁠ ⁠Não enfrente cursos d’agua com correnteza, pois você e seu veículo podem ser arrastados;

•⁠ ⁠Caso seja surpreendido por uma inundação, fique atento ao nível de água observando os demais veículos:

•⁠ ⁠Se o nível da água tiver ultrapassado o meio da roda, desligue o veículo, desça e, a pé, procure um lugar seguro para permanecer;

•⁠ ⁠Se o nível da água tiver ultrapassado o nível da porta, desça pela janela do carro, suba ao teto do veículo e pegue um cinto de segurança para se segurar até a chegada do resgate;

•⁠ ⁠Somente siga dirigindo, com a atenção redobrada, se o nível da água estiver abaixo do nível da roda.

'Como uma bola de neve'

Presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Apagan), Heverton Lacerda avalia que a recorrência de tragédias ambientais no estado é consequência de uma crise climática mundial e que não há uma solução a curto prazo para evitar novas enchentes.

— É preciso deixar o negacionismo de lado e perceber que as catástrofes estão ficando cada vez mais intensas. Como uma bola de neve que só cresce. A ciência em nível internacional vem apontando isso. O que se pode fazer no momento é verificar em cada cidade quais são os pontos mais frágeis e buscar medidas para contornar a crise — diz.

Lacerda afirma que, embora o Rio Grande do Sul seja precursor no Brasil na criação de entidades de defesa do meio ambiente, houve diminuição de áreas preservadas com a expansão do agronegócio, em especial da silvicultura.

— Com o desmantelamento do código ambiental do estado, cresce o desmatamento e as chuvas têm jogado terra para dentro de leitos dos rios. Isso faz com que eles transbordem e afetem moradias — aponta.

Entre 2013 e 2023, o Rio Grande do Sul foi o estado mais atingido por extremos climáticos no Brasil. Foram 2.758 decretações de situação de emergência e de estado de calamidade, segundo dados do Ministério de Integração e de Desenvolvimento Regional.

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