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Por — Rio de Janeiro

A Terra Indígena Karipuna (TIKA), localizada nos municípios de Porto Velho e Nova Mamoré, em Rondônia, enfrenta sérias ameaças de invasões por madeireiros e grileiros, além do desmatamento avassalador em seu entorno. A TIKA é lar de 42 indígenas do povo Karipuna, na Amazônia Legal. O território possui uma área de aproximadamente 153 mil hectares, o equivalente a oito vezes o estádio do Maracanã, concentrados em uma única aldeia. A TI Karipuna ocupa a 8ª posição no ranking de desmatamento, com 48,62 km², aproximadamente duas vezes a Ilha de Fernando de Noronha.

Comparação da terra entre o ano de 2002 e 2023 — Foto: Divulgação
Comparação da terra entre o ano de 2002 e 2023 — Foto: Divulgação

A análise do desmatamento na área revela índices anuais baixos até 2018. Já em 2022 apresentou o maior aumento histórico (17,41 km², aumento significativo de 10,36 pontos percentuais comparado a 2021. Porém, em 2023, ocorreu uma queda de 12,07% em comparação ao ano anterior.

Desmatamento na TI Karipuna, no período de 2008 a 2023 (km²) — Foto: PRODES/INPE
Desmatamento na TI Karipuna, no período de 2008 a 2023 (km²) — Foto: PRODES/INPE

Nas imagens de satélite do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), obtidas com exclusividade pelo GLOBO, é possível comparar a evolução da área desmatada na TI Karipuna e entorno nos anos de 2004, 2014 e março de 2024.

Imagens de satélite da TI Karipuna e entorno — Foto: Landsat e Planet
Imagens de satélite da TI Karipuna e entorno — Foto: Landsat e Planet

Pode-se perceber que as imagens do satélite do Sistema PRODES, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), destacam um aumento do desmatamento, especialmente a leste da TI Karipuna, onde está localizada a Reserva Extrativista Estadual Jaci-Paraná, que antes funcionava como uma barreira natural contra o avanço do desmatamento sobre a TI Karipuna.

Andressa Karipuna Uru Eu Wau Wau Bori, de 26 anos, morou até ano passado na aldeia Karipuna. A estudante de investigação forense e perícia criminal, conta os problemas da aldeia, que é frequentemente atacada por problemas sociais e ambientais gerados por grileiros e madeireiros que desmatam a floresta.

— Estamos frequentemente sendo ameaçados tanto na questão cultural quanto econômica. Nós fazemos o mapeamento territorial, reunimos todos os materiais e mandamos para os órgãos competentes que tem o dever de assegurar nossos direitos —, diz Andressa.

Área desmatada dentro da Terra Indígena Karipuna — Foto: Povo Karipuna
Área desmatada dentro da Terra Indígena Karipuna — Foto: Povo Karipuna

Andressa ainda diz que o desmatamento causa a escassez de alimentos para os povos Karipuna.

— Frutas tradicionais, animais silvestres e peixes compõem nossa alimentação. Com o desmatamento, nossa fonte de alimentos fica comprometida. Ao redor do território indígena Karipuna, não resta mais floresta por conta do desmatamento; então é muito complicado nossa situação —, lamenta.

O desmatamento no entorno da TI Karipuna também foi examinado e mostra um aumento a partir de 2013 e uma queda de aproximadamente 173% em 2023 comparado a 2022.

Desmatamento no entorno da TI Karipuna (raio de 50 km), no período de 2008 a 2023,  (km²) — Foto: PRODES/INPE
Desmatamento no entorno da TI Karipuna (raio de 50 km), no período de 2008 a 2023, (km²) — Foto: PRODES/INPE

O território ocupa a 16ª posição no ranking de desmatamento em terras indígenas no Brasil, com 75,31 km², o equivalente a um pouco mais de toda a área do estado da Paraíba. Nos últimos cinco anos, no entanto, está entre as oito mais desmatadas do país. O gráfico a seguir ilustra as terras indígenas mais desmatadas entre 2008 e 2023.

Terras Indígenas mais desmatadas, no período de 2008 a 2023 (km²) — Foto: PRODES/INPE
Terras Indígenas mais desmatadas, no período de 2008 a 2023 (km²) — Foto: PRODES/INPE

Já o segundo, mostra as terras mais desmatadas entre 2019 e 2023.

Terras Indígenas mais desmatadas, no período de 2019 a 2023 (km²) — Foto: PRODES/INPE
Terras Indígenas mais desmatadas, no período de 2019 a 2023 (km²) — Foto: PRODES/INPE

Também foram registradas queimadas na TI Karipuna e no entorno, com focos de calor concentrados na RESEX Jaci-Paraná, Parque Estadual Guajará-Mirim e áreas rurais em 2022. As queimadas são responsáveis, também, pelo início do desmatamento. Dentro das terras, os focos estavam nos ramais abertos para a extração de madeira.

Focos de calor na TI Karipuna e entorno em 2022 — Foto: BDQueimadas/INPE
Focos de calor na TI Karipuna e entorno em 2022 — Foto: BDQueimadas/INPE

Segundo Andressa, os impactos das queimadas deixam marcas sociais, políticas e ambientais.

— O desmatamento e a negligência do poder público em não nos proteger são as principais causas das queimadas. Nós e toda biodiversidade existente está vulnerável por conta delas — Ela ainda completa dizendo: — Nossa maior preocupação é que a nossa floresta possa acabar devido ao grande número de desmatamentos — afirma.

No ranking de desmatamento em terras indígenas , no período de 2008 a 2023, a TI Apyterewa (no município de São Félix do Xingu/PA) encontra-se em primeiro lugar (476,47 km²). Após a operação de desintrusão que ocorreu na Apyterewa houve uma redução que chegou ao "índice zero" de novas áreas de desmatamento, em janeiro deste ano.

* Estagiário sob supervisão de Daniel Biasetto

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