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Por O Globo

O Exército de Israel confirmou nesta sexta-feira que o corpo do brasileiro Michel Nisembaum, de 59 anos, foi recuperado em uma operação na Faixa de Gaza. Ele vivia havia mais de 45 anos em Israel, tinha duas filhas e quatro netos — o quinto previsto para nascer neste ano — e trabalhava com computação.

Natural de Niterói, no Rio de Janeiro, Nisembaum tinha começado a atuar como guia turístico havia pouco tempo e desapareceu na manhã de 7 de outubro de 2023, quando saiu para buscar a neta de quatro anos em uma base militar na cidade de Re’im, sul do país, onde ela estava com o pai, um soldado do Exército israelense.

Além dele, também foram resgatados os corpos do franco-mexicano Orión Hernández Radoux, de 32 anos, e do israelense Hanan Yablonka, de 42 anos. Os dois estavam no festival de música Nova, celebrado ao ar livre a poucos quilômetros da fronteira com o território palestino. A festa rave foi um dos alvos do ataque terrorista onde houve mais vítimas.

Ainda de acordo com o comunicado do Exército, os três reféns morreram no dia do ataque sem precedentes do grupo terrorista Hamas em 7 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra, e seus corpos foram levados para Gaza. A prática foi observada em conflitos anteriores na região, como na Segunda Guerra do Líbano, na qual grupos rivais sequestraram corpos de israelenses para envolvê-los em trocas por prisioneiros vivos.

Antes de trabalhar como guia turístico, Nisenbaum atuou como motorista, entregador, vendedor e prestador de serviços de informática. Ele também foi voluntário na Rescue Union, onde foi também motorista de ambulância.

Sem saber que Nisembaum havia sido morto já no dia do ataque, familiares apontavam como uma das principais preocupações de seu possível cativeiro o fato de que Nisembaum dependia de medicamentos por causa de diabetes e da doença Crohn — síndrome inflamatória que afeta certas porções do intestino delgado e o cólon.

Mary Shohat (esq), de 64 anos, ao lado da mãe, de 87 anos, e de Michel, de 59, que está desaparecido — Foto: Arquivo Pessoal
Mary Shohat (esq), de 64 anos, ao lado da mãe, de 87 anos, e de Michel, de 59, que está desaparecido — Foto: Arquivo Pessoal

Mary Shohat, irmã de Michel, contou ao GLOBO detalhes sobre o desaparecimento do irmão. Sua sobrinha, filha de Michel, conversou com o pai pela última vez por volta das 7h daquele 7 de outubro, quando o Hamas invadiu por terra e ar o sul israelense, deixando quase 1,2 mil mortos e fazendo 252 reféns. A ligação seguinte foi atendida por outra pessoa:

— Estavam gritando coisas em árabe. No fim, gritaram "Hamas, Hamas". Depois desligaram o telefone e, desde então, não soubemos de mais nada. Começamos a pensar que ele tinha virado refém ou foi morto. Não tem outra possibilidade — disse Mary na época.

Pouco mais de duas semanas depois, em 23 de outubro, a Interpol informou ao Itamaraty o desaparecimento do brasileiro. No dia seguinte, em um comunicado para a imprensa, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que a pasta, por meio da Embaixada do Brasil em Tel Aviv, seguia “em contato com as autoridades locais a respeito de brasileiro desaparecido desde 07/10”.

Michel Nisenbaum, de 59 anos, tinha dupla cidadania — Foto: Reprodução
Michel Nisenbaum, de 59 anos, tinha dupla cidadania — Foto: Reprodução

O Itamaraty confirmou em outubro que Nisenbaum estava entre os desaparecidos do ataque. Acredita-se que ele era o único brasileiro mantido como refém pelo Hamas.

Encontro de familiares com Lula e senadores

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu em dezembro do ano passado com a irmã e a filha de Michel Nisembaum. Após o encontro, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), afirmou que a libertação do refém brasileiro era preocupação principal de Lula e que os familiares externaram o sentimento de "angústia" e "ansiedade".

O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA) após encontro de Lula com mãe e filha de refém brasileiro do Hamas — Foto: Alice Cravo/Agência O Globo
O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA) após encontro de Lula com mãe e filha de refém brasileiro do Hamas — Foto: Alice Cravo/Agência O Globo

— Conversa foi muito boa, elas perceberam que o presidente Lula está completamente interado do assunto, e diria que a preocupação número um dele é exatamente com os reféns e particularmente com Michel, refém que tem nacionalidade brasileira — disse Wagner.

Em encontro com senadores, Shohat cobrou esforços pela libertação do brasileiro.

— Nós estamos com uma dor na nossa alma, o nosso coração está pingando sangue. Eu não tenho palavras para explicar o que está passando com toda a nossa família. A nossa mãe, a todo tempo, chora e ninguém tem palavras para consolá-la. De uma família completa passamos a ser uma família menos um — disse ela.

No Plenário, Hen Mahluf, uma das filhas de Michel, clamou para que as autoridades brasileiras fizessem tudo que pudessem para ajudar a resgatar o seu pai.

— Eu tenho que crer que ele vai voltar a estar comigo, porque eu preciso dele. Ele é meu pai. Tenho que dizer que eu o amo muito, algo que não consegui fazer nesta manhã. E a vocês eu peço: por favor, façam tudo que podem para nos ajudar.

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