Brasil
PUBLICIDADE

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou nesta segunda-feira que o Palácio do Planalto é contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prevê o fim da propriedade exclusiva da União sobre terrenos de marinha, que foi tema de uma audiência pública na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado na segunda-feira passada.

— O governo tem posição contrária a essa proposta. O governo é contrário a qualquer programa de privatização das praias públicas, que cerceiam o povo brasileiro de poder frequentar essas praias. Do jeito que está a proposta, o governo é contrário a ela.

A proposta, que tem sido defendida por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro após parecer pela sua aprovação do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), relator da matéria na Casa, é criticada por ambientalistas, que acusam a iniciativa de "privatizar" os espaços litorâneos.

Após a audiência pública, o tema gerou debate nas redes sociais, envolvendo desde o jogador Neymar até a apresentadora e atriz Luana Piovani, além de influenciadores e outros artistas. O atacante foi às redes sociais rebater críticas sobre um empreendimento dele realizado em parceria com uma incorporadora no Nordeste, que visa transformar um trecho de 100 km do litoral em um “Caribe brasileiro”. Tanto o jogador como a incorporadora negam elo entre as obras e o projeto em discussão no Senado.

Padilha declarou ver algo positivo no debate, por dar visibilidade ao assunto:

— Foi feita uma audiência pública que de certa forma teve uma coisa positiva: deu visibilidade ao tema, deu pauta. Teve até Luana Piovani e Neymar discutindo sobre isso. Foi bom ter tido essa audiência pública (no Senado). Teve o debate, pode ter outras audiências. O governo é contrário à proposta do jeito que está neste texto.

O que são 'terrenos de marinha'?

A matéria trata dos chamados terrenos de marinha, que ficam nas praias e nas margens dos rios e lagoas, além dos espaços que contornam as ilhas com águas ligadas aos mares. Atualmente as áreas pertencem à União e a proposta pretende repassar a propriedade para estados e municípios de forma gratuita, abrindo ainda à possibilidade de repasse a ocupantes privados mediante pagamento.

A definição das áreas de marinha é hoje prevista pelo decreto-lei nº 9.760, de 1946, que criou a Linha do Preamar Média (LPM), tida como uma delimitação do fim da área marítima. Como parâmetro pra definir até onde a água pode chegar, a regra usa como referência as marés máximas do ano de 1831. A partir daí, é contabilizada uma área de 33 metros do mar em direção ao continente, chamada de terrenos de marinha. Os locais não têm relação com a Marinha do Brasil.

Os imóveis construídos nesses terrenos têm escritura, mas os moradores são obrigados a pagar anualmente à União uma taxa de aforamento sobre o valor do terreno. No regime de aforamento, a propriedade do imóvel é compartilhada entre a União e um particular (cidadão ou empresa). Isso é dividido na proporção de 83% do valor do terreno para o cidadão e 17% para a União. Por conta dessa divisão, ocupantes destes imóveis pagam, atualmente, duas taxas para a União: o foro e o laudêmio.

Entenda o que são terrenos de marinha — Foto: Editoria de Arte
Entenda o que são terrenos de marinha — Foto: Editoria de Arte

Ambientalistas afirmam que o texto do novo projeto dá margem para a criação de praias privadas, além de promover riscos para a biodiversidade. Técnicos do governo também afirmam reservadamente que a PEC pode permitir privatização de praias. Hoje, são os terrenos de marinha que impedem, porém, o fechamento de praias para entes privados. Como essa faixa também pertence à União, não é possível fechar o local, assim como mangues, por exemplo. Com a extinção do terreno de marinha, o proprietário se torna o único dono do terreno. Dessa forma, é possível a ele fechar o acesso ao mar.

O relator da matéria é o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), favorável ao texto. Em seu parecer, ele aponta que a União até hoje não demarcou a totalidade dos terrenos de marinha e, ainda, que muitas casas são registradas em cartório mas foram objeto de demarcação pela União, “surpreendendo os proprietários”.

“Não nos parece justo que o cidadão diligente, de boa-fé, que adquiriu imóvel devidamente registrado e, por vezes, localizado a algumas ruas de distância do mar, perca sua propriedade após vários anos em razão de um processo lento de demarcação. O fato é que o instituto terreno de marinha, da forma que atualmente é disciplinado pelo nosso ordenamento, causa inúmeras inseguranças jurídicas quanto à propriedade de edificações”, defendeu.

pós a audiência pública, ele foi alvo de críticas e chegou a afirmar que a acusação de privatização das áreas litorâneas se tratava de "fake news".

A última vez que a matéria foi discutida pela CCJ foi em agosto do ano passado. Na ocasião, o senador afirmou que “o último levantamento da Secretaria de Patrimônio da União estima que são 521 mil propriedades que são cadastradas em terrenos de marinha, fora aquelas que não são cadastradas”.

— Estima-se um impacto de 10 milhões de brasileiros que hoje não têm segurança jurídica sobre a sua propriedade — disse Flávio.

"Áreas são essenciais para soberania nacional", defende Marinha

Em nota divulgada nesta segunda-feira, 3, a Marinha do Brasil afirma que os terrenos que podem ser privatizados com a PEC são "essenciais para a defesa da soberania nacional, o desenvolvimento econômico e a proteção do meio ambiente".

A Marinha diz que o tema requer um amplo debate com a participação de diferentes áreas da sociedade.

"(Os terrenos) constituem não apenas uma questão administrativa, mas patrimônio essencial para a salvaguarda dos interesses nacionais e do desenvolvimento sustentável do Brasil. (...) Essas áreas são pilares essenciais para a defesa da soberania nacional, o desenvolvimento econômico e a proteção do meio ambiente, tendo em vista a diversidade de ecossistemas, a importância das atividades econômicas relacionadas aos ambientes marinho e fluviolacustre, além da necessária proteção de 8.500 km de litoral, a partir do adequado preparo e emprego da MB em nossa Amazônia Azul", diz trecho.

Mais recente Próxima Djidja Cardoso: Morte por overdose é principal hipótese e laudo aponta depressão respiratória
Mais do Globo

Endereço no número 343 da Rua Cosme Velho foi residência do pintor na década de 1940

Casa onde morou Candido Portinari, no Rio, tem risco de colapso e sofre com roubos: 'Tristeza profunda', diz o filho do artista

Cruz-maltino vem de duas derrotas na competição e espera derrotar o Bragantino, no primeiro jogo do meia na casa do clube

Vasco busca retomada no Brasileiro na estreia de Coutinho em São Januário

Clube mergulhará em estudos específicos sobre o novo palco para definir produtos que irão à concorrência entre empresas interessadas, incluindo a obra em si

Após pagar por terreno, Flamengo inicia segunda fase de projeto de estádio; entenda o que será feito

Brasileiros Gabriel Medina e Tatiana Weston-Webb estão classificados para as semis

Olimpíadas: semifinais e finais do surfe estão adiadas; entenda motivo de tantas remarcações

Além das boas lembranças, podemos trazer inquilinos clandestinos como: bactérias, fungos, insetos e outros animais na bagagem

Voltou de viagem e vai desfazer a mala? Saiba por que você não deve fazer isso em cima da cama, segundo médicos

Sempre me pareceu muito mais difícil escrever para crianças, leitores terrivelmente atentos, inteligentes e implacáveis. Sei do que falo

Seleção do companheiro de chapa será uma das decisões mais importantes da democrata na corrida pela Casa Branca

Eleições nos EUA: Kamala deve escolher vice-presidente neste fim de semana; conheça os cotados

Britânico 'morreu' no exterior por menos de meia hora, mas sobrevive

Estudante universitário tem sensação de morte durante 25 minutos após queimadura de sol

Velejador, que estreia em Paris-2024 neste domingo, conta como conciliou medicina e kitesurf

Bruno Lobo: 'As dificuldades me davam mais força'

Iniciativa opositora de apresentar contagem paralela impede a legitimação de resultado oficial do conselho eleitoral; reversão, contudo, dependeria de pressão interna no país

Análise: Apesar de oposição mobilizar comunidade internacional contra Maduro após contagem de votos, desfecho depende de militares