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Por e — São Paulo

O sistema penitenciário brasileiro contabilizou 125 mortes somente na primeira quinzena de 2017. A carnificina causou horror em todo o mundo, que assistiu a vídeos da barbárie gravados pelos próprios detentos como forma de se vangloriar pelo assassinato de integrantes de quadrilhas rivais.

A origem de toda aquela selvageria foi a ruptura de uma aliança informal que perdurava há décadas entre o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV). O GLOBO contou, com depoimentos e imagens de arquivo, detalhes da ruptura entre as facções paulista e carioca em vídeo feito para série especial publicada em três capítulos:

Guerra sangrenta

Guerra sangrenta

O pesquisador Daniel Hirata, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), relata que PCC e CV não formavam uma “organização unificada”, mas mantinham um “pacto de não-agressão”. Até que o atrito entre os dois grupos se elevou após a morte de Jorge Rafaat, brasileiro conhecido como “Rei da fronteira” que atuava em Pedro Juan Caballero, no Paraguai.

— O Rafaat era uma figura muito importante na região. Ele tinha uma influência política muito grande nos negócios ilícitos que movimentavam a cidade e acabava sendo uma espécie de mediador do entra e sai da droga. Tanto o PCC como o Comando Vermelho perceberam que ele era um entrave para os negócios brasileiros, que estavam crescendo cada vez mais — afirma o pesquisador Bruno Paes Manso, autor do livro “A Guerra: a ascensão do PCC e o mundo do crime no Brasil”.

Rafaat foi assassinado em junho de 2016 em uma emboscada digna de filmes de ação e que teria custado cerca de US$ 1 milhão. Com o “Rei da fronteira” fora do jogo, o PCC passou a exercer “certa dominância” na fronteira do Paraguai, segundo o promotor Lincoln Gakiya, do Gaeco. Isso obrigou o Comando Vermelho a buscar rotas alternativas para tocar seus negócios, o que levou a facção carioca a firmar novas alianças. E foram essas movimentações no tabuleiro do mundo criminal que desembocaram na derramação de sangue que tomou o noticiário no início de 2017.

Hirata afirma que a violência entre as facções não ficou restrita ao sistema carcerário, e repercutiu também nas ruas do país, onde grupos que antes estavam desarticulados passaram a operar com a mesma lógica que as facções mais estruturadas. Pesquisadores atribuem à cisão entre PCC e CV o recorde no número de mortes violentas no Brasil naquele ano: foram 64.078, segundo o anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

— A vida agora, em muitas capitais e em muitos bairros dentro dessas capitais, tornou-se mais dependente ou mais visivelmente impactada pela ação desses grupos criminais — diz o professor da UFF.

Para o procurador Marcio Sérgio Christino, autor do livro "Laços de Sangue", embora o confronto entre as facções criminosas tenha silenciado após o pico de mortes de 2017, as diferenças entre os grupos não foram totalmente eliminadas:

— É óbvio que o PCC quer o monopólio, quer dominar o território brasileiro completamente. E o Comando Vermelho quer preservar aquilo que ele tem. Esse conflito é latente, ou seja, ele existe. Ainda há atritos e isso não se resolveu.

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