O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recriou nesta quinta-feira a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, após um impasse que se arrastou por mais de um ano. Lula dispensou quatro membros da comissão, entre eles o deputado federal bolsonarista Filipe Barros e o presidente da comissão, Marco Vinicius Pereira de Carvalho.
Entre os novos nomeados estão a deputada Natália Bonavides (PT-RN) e Rafaelo Abritta, chefe da assessoria especial de Relações Institucionais do Ministério da Defesa, comandado por José Múcio.
O retorno das atividades do grupo, defendido por grupos de direitos humanos e pela militância da esquerda, enfrentava forte resistência das Forças Armadas.
Entre as atribuições da comissão estão emitir pareceres sobre indenizações a familiares e mobilizar esforços para localizar os restos mortais das vítimas do regime militar. A comissão foi criada com o objetivo de reconhecer casos de pessoas desaparecidas em função de sua participação política no regime militar.
Desde março do ano passado, o governo Lula tem em mãos uma minuta de decreto com a recriação do colegiado, mas até agora não havia batido o martelo sobre o tema.
Criada em 1995 no governo Fernando Henrique Cardoso, a comissão foi extinta por Jair Bolsonaro a 15 dias do fim de sua gestão. Na época, o encerramento das atividades foi aprovado por 4 a 3, com o apoio de todos os membros indicados pelo ex-chefe do Executivo.
Lula também dispensou da comissão :
- Paulo Fernando Melo da Costa: representante da Sociedade Civil e ligado ao senador eleito Magno Malta (PL-ES)
- Jorge Luiz Mendes de Assis, representante do Ministério da Defesa
- Filipe Barros (PL-PR): deputado federal ligado ao ex-presidente Jair Bolsoanaro. Ocupava o cargo de representante da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados
Por outro lado, Lula designou como membro da comissão:
- Eugênia Augusta Gonzaga: que passará a presidir a comissão
- Maria Cecília de Oliveira Adão: representante da sociedade civil
- Rafaelo Abritta: representante do Ministério da Defesa
- Natália Bastos Bonavides (PT-RN): representante da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados
Em nota, a Procurador Regional da República, Eugênia Augusta Gonzaga, afirmou que a retomada da Comissão é importante para a "consolidação da democracia no País" e que o grupo foi encerrado "prematuramente", causando "inquietação e angústia", especialmente nos familiares das vítimas.
A procuradora afirmou ainda que em breve haverá um anúncio sobreas medidas que serão adotadas e que tem "compromisso" com o "zelo pelos direitos das vítimas e familiares dos mortos e desaparecidos".
O Ministério dos Direitos Humanos, que comanda a iniciativa, previa anunciar oficialmente a retomada do grupo no último 25 de outubro, data que marca o assassinato do jornalista Vladimir Herzog, então diretor de jornalismo da TV Cultura, nas instalações do DOI-Codi em São Paulo, em 1975.
Mas o retorno da comissão não havia avançado na Casa Civil. Em abril, a gestão Ricardo Lewandowski no Ministério da Justiça deu parecer favorável à reinstalação do colegiado.
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