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Por — São Paulo

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GERADO EM: 11/07/2024 - 19:37

Tragédia: Piloto brasileira morre combatendo incêndio nos EUA

A piloto brasileira Juliana Turchetti, de 45 anos, morreu nos EUA durante combate a incêndio florestal. Amante da aviação, era mãe dedicada, empresária de cafeteria e sonhava em ser dona de sua própria aeronave. Sua trajetória como piloto foi marcada pela paixão, coragem e determinação.

Aos 45 anos, Juliana Turchetti, que morreu na quarta-feira numa manobra durante combate a incêndio florestal nos Estados Unidos, era uma amante da aviação. Piloto com 6.500 horas de experiência de voo, era reconhecida por promover atividades de segurança no setor. Mineira do município de Contagem, começou sua carreira como comissária e em 2007 se tornou instrutora de voo.

Dois anos depois já pilotava grandes jatos, como o Boeing 737 e o 727. Ficou por quatro anos na aviação comercial e, em 2013, passou a trabalhar na aviação agrícola, com aplicação de defensivos agrícolas em lavouras.

Em 2017, participou da estreia do quadro 'Quem Quer Ser Um Milionário?' no Caldeirão do Huck. Seu sonho era comprar um avião para ser dona do próprio negócio e ajudar a família. Ela foi a primeira desafiante e foi bem até a sétima pergunta, mas titubeou e voltou para a casa com R$ 5 mil.

Juliana Torchetti em participação no Quem Quer ser um Milionário, no Caldeirão do Huck, em 2017 — Foto: Reprodução/Gshow
Juliana Torchetti em participação no Quem Quer ser um Milionário, no Caldeirão do Huck, em 2017 — Foto: Reprodução/Gshow

O piloto José Paulo Rodrigues Garcia relata seu encontro com a mineira.

— Na safra de 2018 ela me procurou. Foi atrás de emprego e me cativou logo de cara. Vi que era do ramo e, mesmo com o machismo que tinha no setor, decidi dar a vaga a ela — conta o piloto agrícola e dono de uma empresa de pulverização de defensivos na região de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo.

Garcia conta que Juliana fez o curso de especialização no Rio Grande do Sul. Para testá-la, mostrou na pista de terra e grama um Cessna 188, que considera um modelo "arisco", e perguntou: "Quer experimentar?".

— Pisquei o olho e ela já estava dentro do avião. Como era a álcool, dei o macete para ligar. E ela fez a volta e saiu voando. Fez tudo direitinho. Quando terminou eu falei: amanhã temos serviço! E ela me esperava 4 horas da manhã de macacão, no saguão do hotel. Era nota 10. Me cativou e cativou os donos da usina (de álcool e açúcar). Sentava com os peões e contava história de igual para igual, não tinha essa de homem ou mulher — conta o empresário.

Piloto mineira Juliana Turchetti atuava nos Estados Unidos contra incêndios florestais — Foto: Reprodução/Sindag
Piloto mineira Juliana Turchetti atuava nos Estados Unidos contra incêndios florestais — Foto: Reprodução/Sindag

Juliana trabalhou uma safra inteira de cana na região. Depois foi para Goiás e, de lá, para os Estados Unidos. Garcia diz que a área é difícil de voar, por ter muitos morros e fios elétricos. E diz que ela "encarou como um homem".

— Ela chegou ao topo. Antes de se tornar bombeira aérea, foi contratada pela Thrush Aircraft para trazer os aviões dos Estados Unidos para o Brasil. Não é qualquer um que faz essa travessia, atravessar sozinho mar, a floresta amazônica — elogia.

"...Adoro os desafios da atividade. Voar sozinha dos EUA para o Brasil, sobre o oceano e a selva é uma experiência incrível! Eu também transporto aviões pelos EUA", escreveu a piloto no Linkedin.

Num depoimento publicado no Youtube, Juliana contou que queria ser piloto desde 10 ou 11 anos de idade. Já crescida, se tornou amiga de um piloto de avião agrícola e ganhou dele um macacão azul, que guardou "enroladinho" no armário.

Juliana Turchetti em missão para apagar incêndios na floresta no 4 de julho, nos Estados Unidos — Foto: Reprodução/Linkedin
Juliana Turchetti em missão para apagar incêndios na floresta no 4 de julho, nos Estados Unidos — Foto: Reprodução/Linkedin

Quando a empresa em que ela trabalhava na aviação comercial faliu, não teve dúvidas de ingressar na área agrícola, onde os voos são baixos — variam de 2 a 5 metros de altura — e curtos, de cerca de 20 a 30 minutos.

Juliana se casou com um piloto agrícola norte-americano, John Coppick, e mudou em 2018 para os Estados Unidos, onde virou empresária. Tem um filho de 18 anos e Garcia diz que ela era uma mãe muito apegada, que costumava ligar para o garoto toda vez que pousava um avião para saber como ele estava.

Nos Estados Unidos, abriu uma cafeteria com café de Minas Gerais, pão de queijo e brigadeiro, que se tornou famosa na cidade de Springfield, em Illinois.

No último Natal, Juliana publicou uma mensagem de vídeo para os clientes da Aviatori Coffeehouse, na qual afirmou que todos na vida têm um propósito e é preciso alcançá-lo, com bravura e humildade. Lembrou a história de Maria e José, que tinham como propósito buscar um lugar seguro para que o bebê nascesse.

"Acredito que todos nós temos um propósito nessa vida... Todos nós temos uma luz que nos guia e ela está sempre lá para nos guiar", afirmou.

Juliana Torchetti em 2017 — Foto: Arquivo pessoal
Juliana Torchetti em 2017 — Foto: Arquivo pessoal

Em abril, informou que a cafeteria estava à venda.

"Toda vez que entro no cockpit tenho convicção de que estou exatamente onde eu deveria estar e fazendo exatamente o que eu deveria fazer", dizia.

Ela disse que ser bombeiro aéreo era um objetivo antigo, desde 2009: "Voar e combater incêndios é a combinação ideal de diferentes habilidades, desafios, trabalho em equipe e a emoção de operar em um ambiente que necessita constantemente de disciplina, coordenação, coragem, dedicação e desejo de servir. ...A aviação para mim é a prova mais profunda de quão longe a humanidade pode ir."

E a piloto encerrou com uma frase de William Shakespeare: "O mundo é sua ostra."

Juliana Turchetti, piloto agrícola brasileira fez carreira na aviação agrícola e combatia incêndios florestais nos EUA — Foto: LInkedin
Juliana Turchetti, piloto agrícola brasileira fez carreira na aviação agrícola e combatia incêndios florestais nos EUA — Foto: LInkedin
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