Política

Organizadores cancelam atos pró-governo Bolsonaro para evitar coronavírus

Presidente recomendou adiamento e disse que 'tremendo recado' já foi passado para Congresso
Manifestação a favor do presidente Bolsonaro no Rio de Janeiro Foto: Marcelo Fonseca / Agência O Globo
Manifestação a favor do presidente Bolsonaro no Rio de Janeiro Foto: Marcelo Fonseca / Agência O Globo

BRASÍLIA E SÃO PAULO — Organizadores das manifestações pró-governo resolveram adiar os atos convocados para o dia 15, a pós recomendação do presidente Jair Bolsonaro, para evitar a contaminação pelo novo coronavírus. Bolsonaro disse que "já foi dado um tremendo recado para o Parlamento", mesmo tendo dito, anteriormente, que o protesto não seria contra o Congresso. Alguns dos principais movimentos que apoiam o governo anunciaram, na noite desta quinta-feira, o cancelamento dos atos para pressionar o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) pelas reformas econõmicas.

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Um dos coordenadores do Nas Ruas, Marcos Bellizia disse em nota que "o momento agora é de união e responsabilidade". No comunicado, o grupo pede que "Congresso, governo e Supremo trabalhem juntos para a aprovação das reformas da forma mais rápida possível. Isso irá beneficiar 100% dos brasileiros".

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O Avança Brasil informou que a manifestação foi transferida "para nova data a ser comunicada brevemente". Em comunicado, o Avança Brasil diz que a mobilização ocorreria "em desagravo às atitudes de congressistas irresponsáveis que não tem o Brasil acima de tudo e que somente pensam em seus benefícios particulares".

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O Movimento NasRuas também anunciou o adiamento para uma nova data a ser anunciada: "Em um momento futuro onde a nação brasileira poderá manifestar NasRuas de todo Brasil, seu apoio ao Presidente e exigir o correto trâmite das reformas administrativa e tributária que serão apresentadas ao Congresso, em segurança, onde o COVID-19 esteja controlado, convocaremos novamente", informou em nota.

Logo após a transmissão ao vivo feita pelo presidente, a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) também publicou em sua conta no Facebook um comunicado anunciando que os atos estão cancelados “a pedido” de Bolsonaro.

“A pedido do presidente Bolsonaro, os movimentos organizadores das manifestações de 15/3 decidiram adiá-las para uma data ainda não definida”, diz a mensagem publicada pela deputada. Em meio à pandemia de Covid-19, eventos como jogos esportivos, estreias de filmes e outros eventos têm sido cancelados pelo mundo.

“Gostaríamos muito de ir para as ruas, mas foi concluído que a melhor atitude é mudarmos nossa abordagem. É um momento de incertezas e riscos. Parabenizo o presidente Bolsonaro que, como um verdadeiro estadista preocupado com a saúde da população, tomou a melhor decisão”, diz a nota publicada pela deputada.

O aumento do contágio pelo novo coronavírus tinha sido minimizada há alguns dias pelo próprio Bolsonaro, que definiu a epidemia que se espalha como uma “fantasia”.

A recomendação de Bolsonaro para adiar as manifestações foi feita durante transmissão ao vivo em suas redes sociais, ao lado do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Os dois usavam máscaras, assim como a intérprete de libras do presidente.

— Como presidente da República, eu tenho que tomar uma posição. Se bem que o movimento não é meu. Uma das sugestões: suspender, adiar. Já foi dado um tremendo recado para o Parlamento.

No último sábado, Bolsonaro convocou a população a participar dos protestos, mas ressaltou que não era um movimento contra o Congresso e nem contra o Judiciário.

Ainda falando sobre as manifestações, Bolsonaro disse ser contra ataques às instituições.

— De minha parte, ninguém pode atacar o Parlamento, o Executivo ou o Judiciário. Se tem pessoas que não estão de acordo com aquilo com o que você acha, tudo bem. Com o tempo, o povo vai depurando. O presidente não tá bem? Troca. 2022 está aí. Com o legislativo é a mesma coisa — afirmou Bolsonaro.