Exclusivo para Assinantes
Política

Presidente do PSL não quer acordo com bolsonaristas após pedidos de desfiliação com garantia de mandato

Luciano Bivar diz que 'legislação deve prevalecer sobre interesses mesquinhos'
Presidente do PSL, Luciano Bivar Foto: Jorge William / Agência O Globo
Presidente do PSL, Luciano Bivar Foto: Jorge William / Agência O Globo

BRASÍLIA — Judicializada, a disputa interna do PSL não deve ter espaço para conciliação entre apoiadores de Jair Bolsonaro e do presidente nacional da legenda, Luciano Bivar. No início do mês, o ministro Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Edson Fachin pediu a ambas as partes que se manifestassem sobre a possibilidade de um entendimento em relação aos pedidos de desfiliação.

Ao todo, 26 deputados do PSL pedem para deixar a sigla, mas querem manter os mandatos. Eles argumentam que estavam sofrendo perseguição por apoiar Bolsonaro, que deixou o PSL em novembro para tentar criar a Aliança pelo Brasil.

Procurado pelo GLOBO, Bivar indica que não vai ceder em relação aos mandatos e afirma que é preciso respeitar a lei. A norma prevê que a legenda é dona do mandato.

— O partido é impessoal. A gente nem sabe como é essa audiência (marcada com o objetivo de se chegar a um acordo), mas você não pode se insurgir contra a legislação nem fazer propostas que vão atingir outros partidos políticos. O PSL não é uma ilha, e o ministro Fachin é um homem sábio para saber que a estrutura partidária é muito importante para o sistema democrático — diz Bivar.

O presidente do PSL argumenta ainda que, diante da pandemia do coronavírus, há a necessidade de se reforçar a “estabilidade política”.

— Acho que (o pedido de Fachin) é um ato de boa vontade, mas a legislação deve prevalecer sobre interesses mesquinhos e privados — afirma.

Dirigentes do PSL questionam, por exemplo, qual seria a garantia dada ao PSL de que os presidentes dos outros partidos que vierem a abrigar os dissidentes não vão pedir na Justiça o acesso a um valor do fundo eleitoral. Após as eleições de 2018, o fundo eleitoral do PSL subiu para R$ 103 milhões e virou alvo de disputas internas. Em 2020, o PSL deve ter R$ 202 milhões em caixa.

No início do mês, o ministro do TSE atendeu a pedido do Ministério Público Eleitoral. A medida pode ocorrer antes da chamada fase de instrução do processo. Fachin pediu que a legenda e os parlamentares digam se aceitam um acordo judicial ou extrajudicial.