Uma operação da Polícia Civil realizada nesta terça-feira prendeu Amadou Diallo, um homem de Guiné-Bissau, que é suspeito de liderar a receptação de aparelhos furtados e roubados na cidade de São Paulo. O delegado Fabio Pinheiro Lopes, diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic-SP), explicou que um prédio na Rua Guainazes, 67, no Centro da capital, concentra uma espécie de "central" de receptação de todos os celulares subtraídos na cidade.
Segundo ele, os celulares roubados servem para diversas atividades criminosas: primeiro, os aparelhos são levados para as "centrais de desbloqueio". Depois, são levados para outros países. Lopes afirma que, segundo as investigações, o prédio é habitado majoritariamente por imigrantes africanos, que lideram esse esquema criminoso.
— Eles desbloqueiam os celulares, aplicam golpes — transferências de Pix, golpes de PicPay, sequestro de agendas para golpes — e depois embalam os celulares e mandam para os países africanos, porque lá não tem esse bloqueio [de IMEI] que temos aqui no Brasil. Tanto é que ontem, dos 312 celulares apreendidos, 250 já estavam num apartamento determinado, todos embalados, enrolados em papel filme e já em malas prontas para serem encaminhados para a África — explicou o diretor do Deic em coletiva de imprensa nesta quarta-feira. Segundo ele, a Polícia Civil tem feito operações conjuntas com a Polícia Federal para apreender esses celulares roubados no Aeroporto de Guarulhos.
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O fato do prédio na Rua Guaianazes ser uma "central" da receptação de celulares roubados não é novidade para a polícia. Ao menos desde o ano passado, diversas vítimas de roubos e furtos conseguiram rastrear o destino de seus aparelhos até o local. Mas, de acordo com Lopes, a Polícia Civil tem dificuldade de adentrar o local porque são necessários mandados de busca e apreensão, o que nem sempre é autorizado pela Justiça devido à dificuldade de especificar qual é a unidade que concentra as atividades criminosas.
— Eu já tive vários amigos que tiveram os celulares subtraídos, me ligaram, eu mandei equipes minhas lá, eles chegam no prédio, o sinal [do celular] tá dando no prédio, mas a gente não sabe qual apartamento. A gente não pode sair estourando a porta de cem apartamentos com a justificativa de que o celular tá lá dentro, isso dificulta. A 1ª Seccional já tinha tentado pedir alguns mandados de busca nesse prédio, mas a Justiça indeferiu porque a gente não consegue especificar o apartamento correto porque não tem colaboração dos moradores.
Dos celulares apreendidos, 64 já foram identificados como aparelhos roubados e furtados, e ainda hoje os donos serão contatados pela polícia para recuperar os objetos. Ao longo dos próximos dias, a polícia vai tentar identificar os outros celulares.