São Paulo
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Um apagão com mais de 24 horas de duração deixou diversos bairros de São Paulo sem luz, depois que uma tempestade com ventos de mais de 100 quilômetros por hora atingiu diversas regiões do estado na tarde de sexta-feira. A Enel, empresa responsável pelo fornecimento de eletricidade na cidade e em outros 23 municípios paulistas, estima que o restabelecimento completo do serviço só acontecerá na terça-feira (7). As regiões mais afetadas na capital foram as zonas Sul e Oeste. Em locais como o Parque do Ibirapuera, 128 árvores caíram por conta da força dos ventos. O prefeito Ricardo Nunes (MDB) criticou a fornecedora de energia, mas reconheceu que a cidade não registrava uma ventania tão forte desde 1995.

De acordo com a fornecedora de energia, cerca de 2,1 milhões dos 8 milhões de clientes da empresa no estado ficaram sem energia. Destes, aproximadamente 550 mil tiveram a situação normalizada até o início da tarde de sábado. A maior parte dos afetados estava na capital paulista: inicialmente, 1,4 milhão ficaram sem luz na cidade, mas 400 mil tiveram os serviços restabelecidos.

No ápice do apagão, um total de 3,3 milhões de clientes das concessionárias que atendem o estado de São Paulo ficaram sem energia elétrica. No início da noite de sábado, o governo paulista contabilizava um total de 2,1 milhões de residências e estabelecimentos comerciais sem energia em todo o estado.

Apagão em SP:

No início da manhã de sábado, a Enel chegou a informar que devido à complexidade do reparo e necessidade de reconstrução de trechos da rede, o restabelecimento da energia se daria de forma gradual, sem cravar um prazo de conclusão. No meio da tarde, depois que o prefeito fez uma visita ao centro de operações da companhia, porta-vozes da empresa passaram a projetar um prazo de conclusão.

—Nossa melhor previsão é atender a maioria das ocorrências até terça-feira — disse Vincenzo Ruotolo, diretor de distribuição da Enel em São Paulo, acrescentando que após o período ainda podem haver casos pontuais de locais sem energia.

Enem no foco das prioridades

A maior preocupação a Enel ao longo das primeiras horas de apagão era restabelecer a energia em hospitais, serviços essenciais e escolas — em especial, as unidades que receberão os candidatos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) neste domingo.

Ao todo, a Enel contabiliza 308 unidades escolares em sua área de atuação que serão utilizadas neste domingo para a aplicação das provas do Enem. Deste total, 84 estão em regiões sem luz.

— Essas 84 estão sendo priorizadas para restabelecer diretamente pela nossa rede elétrica. Em paralelo, estamos mobilizando geradores para atender, eventualmente, algum caso que, por dificuldade devido à ocorrência, não seja possível restabelecer. Vamos garantir, junto com a prefeitura, que tudo vai acontecer da melhor forma —disse Vincenzo Ruotolo.

O prefeito Ricardo Nunes afirmou que a Enel custeará os geradores e se disse seguro quanto à realização do exame no domingo.

Efeitos por todo o estado

De acordo com o governo de São Paulo, houve queda de energia em pelo menos 42 cidades, de acordo com levantamento feito pelas cinco concessionárias que atendem o estado. O apagão elétrico também afetou a distribuição de água. Cerca de 18 regiões da capital estavam com problemas críticos no fornecimento. Na Grande São Paulo, o desabastecimento afetou 12 municípios.

"A Sabesp está trabalhando de forma emergencial para abastecimento dos locais críticos com caminhões-tanque. Ainda não há previsão para o restabelecimento total do fornecimento regular de água", informou o governo em nota.

Inação e irritação

Ao GLOBO, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, apontou inação da Enel no momento de crise. Ele disse que pedirá uma reunião com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para discutir as falhas da companhia.

—Essa Enel é terrível. Estamos sofrendo com falta de respostas deles — disse o prefeito, antes do encontro com executvos da companhia. — As chamadas demoram, tem pouca equipe. Eu falei para o presidente da Enel chamar a equipe de outras concessionárias, trazer pessoas de outros estados. Nunca houve tantos pedidos para a Defesa Civil como agora. Faltou e está faltando ação — completou Nunes.

Chamadas recordes

A Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros registraram mais de 2 mil chamados em ocorrências em 40 municípios do estado. Só na sexta-feira, o Corpo de Bombeiros foi acionado para atender a 1.281 chamados de queda de árvores e 48 de desabamentos, enchentes e alagamentos. Os estragos causados pelas chuvas foram registrados por moradores da capital, que divulgaram nas redes sociais imagens de árvores caídas sobre postes de luz e explosões em transformadores.

No Autódromo de Interlagos, onde acontecerá o GP de São Paulo de Fórmula 1 neste domingo, torcedores filmaram, na sexta-feira, o momento em que o vento arrancou algumas lonas que serviam como cobertura em arquibancadas montadas para o evento. Seis pessoas ficaram feridas, mas nenhuma com gravidade, disse a assessoria do GP.

Os ventos chegaram a 103,7km/h na capital paulista, recorde histórico nos últimos cinco anos. A estação meteorológica de Santana/Tucuruvi registrou ventos de 94,1km/h, segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas (CGE). O Aeroporto de Congonhas, por sua vez, teve uma das maiores medições: 103,7km/h.

— Desde 1995 não houve nenhuma situação de ter uma rajada de vento com mais de 100 km/h em São Paulo — afirmou o prefeito da capital paulista, citando que, apenas no Parque Ibirapuera, 128 árvores caíram.

Em Santos (SP), no litoral paulista, as rajadas de vento atingiram 151 km/h e chegaram a ser comparadas a um furacão categoria 1 — o que, explica o diretor de Comunicação da Defesa Civil do Estado de São Paulo, Roberto Farina, não procede:

— Um furacão é um fenômeno que se caracteriza pela formação de ventos giratórios na atmosfera que alcançam a superfície terrestre. No caso de Santos, os ventos não giraram em formato circular —diz ele.

Farina afirma que a tempestade de sexta-feira é resultado de uma frente fria ocasionada indiretamente pelo ciclone extratropical do Sul do país. Segundo o capitão, as chuvas e os ventos tendem a diminuir nos próximos dias, podendo ocorrer chuvas isoladas e mais fracas.

Ao menos 6 pessoas morreram

As chuvas deixaram ao menos seis mortos, de acordo com balanço da Defesa Civil. Na capital, duas pessoas morreram em decorrência da queda de uma árvore sobre o veículo em que estavam.

Em Osasco, na Região Metropolitana, um homem morreu após ser atingido por um muro e duas árvores. O caso ocorreu na Avenida Luis Rink, onde o rapaz estava dentro de um carro estacionado. Outra morte foi registrada em Santo André, após o desabamento de uma parede no 18º andar de um prédio em construção. No mesmo ocorrido, uma segunda pessoa ficou ferida. Em Limeira, houve um óbito também em decorrência do desmoronamento de um muro, desta vez em uma obra. E em Suzano, uma pessoa morreu após ser atingida por uma árvore.

Campeã de reclamações

Nas redes sociais, moradores de São Paulo acusaram a Enel de desligar os canais de comunicação após a tempestade. A companhia, que é alvo de uma Comissão parlamentar de inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), foi a segunda com mais reclamações no Procon no ano passado. Em 2020 e 2021, ela ocupou a primeira posição.

"A Enel tem que ser indiciada e responsabilizada pela barbaridade que cometeu hoje. O apagão gerado pelas fortes chuvas em São Paulo poderia até ser compreensível, porém, desligar todos os canais de comunicação e negar atendimento aos usuários da rede elétrica é omissão", disse uma usuária do "X" (antigo Twitter).

"A Enel desativou o canal de SMS, um serviço simples para informar falta de luz da falecida Eletropaulo. Um canal muito funcional, que inclusive vinha com a previsão de restabelecimento", escreveu a conta identificada como Aline Nobre. Ela está há mais de 12h sem luz.

A empresa negou que tenha desligado seus canais de comunicação.

—Tivemos um volume alto de clientes, isso deu um congestionamento e lentidão no call center, por isso a gente pede que os clientes priorizem os canais digitais, que estão funcionando perfeitamente — afirmou André Oswaldo dos Santos, responsável pela área comercial da Enel-SP.

A falta de comunicação com a Enel e a demora da empresa em restabelecer a energia viraram até meme nas redes sociais:

Aeroporto de Congonhas

O Aeroporto de Congonhas, apesar de estar localizado na zona Sul da capital, operou normalmente neste sábado, sem atrasos, afirmou a assessoria de imprensa da gestora Aena. A tempestade causou queda de energia no terminal de passageiros na sexta-feira, e foi necessário ativar os geradores do local.

A organização da 35ª Bienal de São Paulo decidiu deixar as portas fechadas devido à interdição do Parque Ibirapuera. A Urbia, que administra o parque mais famoso da cidade, fechou o acesso ao local com autorização da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente.

2 mil pães perdidos

Em Taboão da Serra, cidade na Grande São Paulo, bairros inteiros ficaram no escuro. Em dois mercados na região do Parque Marabá, o proprietário contabilizou que foram perdidas 2 mil unidades de pãezinhos, que estavam prontos para sair nas fornadas desta manhã.

— Estamos desde ontem sem energia. Nossos vizinhos perderam telhados e nós precisamos repor seis telhas. Os produtos perecíveis colocamos em uma câmara refrigeradora grande, acomodamos tudo lá. Saí comprando gelo nos bairros próximos, mas já está começando a acabar também — afirmou Antônio Queiroz, a frente dos dois negócios. — Tentamos falar com a Enel e está ocupado desde ontem. Perdemos muitos pães, algo como 2 mil. Tínhamos deixado prontos ontem, achando que hoje teria energia. E nada. A carne não conseguimos vender, pois está sem energia no balcão. Até o fim do dia de hoje segura, se for passar para amanhã não sei. Os dois mercados estão sem energia até agora.

Na capital, a pizzaria Ombra também ficou no escuro desde sexta-feira. Lá, os sócios optaram por fechar as portas, mesmo sexta e sábado sendo os dias de maior movimento no local.

— Atendemos cerca de 80 pessoas às sextas e 150 aos sábados. Perdemos muito latícinios, as burratas e muçarelas de búfala que vão nas pizzas. Tudo que estava na geladeira, os cogumelos e tomatinhos confitados, perdemos — afirma Andrea Benetton, um dos sócios.

O sábado foi de tempo limpo e quente na capital e cidades da região metropolitana. A expectativa é que o domingo, dia de Enem e GP de Fórmula 1, a previsão é de tempo bom. O sol vai predominar ao longo do domingo e não há previsão de chuva, diz o CGE. As temperaturas devem variar entre mínima de 13ºC, na madrugada, e máxima de 23°C, nas primeiras horas da tarde.

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