O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), subiu o tom contra a Enel nesta quarta-feira, dizendo que a empresa é "irresponsável", não cumpriu com o plano de contingência e "tem que sair da cidade de São Paulo". A declaração ocorre após o município ser atingido por fortes chuvas nos últimos dois dias, que deixaram árvores caídas, bairros sem luz há mais de 24h e ao menos uma pessoa morta.
— O presidente mundial da Enel me pediu uma reunião na semana passada. Estou resistindo a fazer, porque não tem mais o que conversar com essa turma. São irresponsáveis — declarou o prefeito, que participou nesta quarta-feira da posse dos 260 novos Conselheiros Tutelares do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA). — Tem que acabar, essa empresa precisa sair daqui. Quando a prefeitura ganhou a primeira ação contra a Enel na Justiça, no começo de novembro, ficou determinado que a empresa de energia deveria apresentar um plano de contingência e cumprir ele. E eles não cumpriram — acrescentou o emedebista, que vai notificar a juíza do caso sobre os mais recentes problemas envolvendo a empresa.
A cidade de São Paulo foi atingida por um forte temporal na segunda e terça-feira desta semana. Ontem, um homem morreu eletrocutado no fim da tarde após receber descarga elétrica de um fio desencapado no bairro de Moema, na Zona Sul da capital. Além de uma vítima, as chuvas causaram uma série de transtornos à cidade, com alagamentos, carros destruídos e vias interditadas.
A previsão é que as pancadas de chuva continuem até pelo menos o domingo, segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), com rajadas moderadas de vento e trovoadas.
Nunes chamou o presidente da Enel em São Paulo, Max Xavier Lins, de "mentiroso", e refutou a informação da empresa de que havia 800 equipes nas ruas trabalhando no restabelecimento da luz na última terça.
— Vamos apresentar os dados para a Justiça e solicitar melhorias no controle das atividades da Enel. Queremos que eles disponibilizem no site deles informações sobre onde estão os caminhões (das equipes de trabalho da empresa); quando foi solicitado o restabelecimento de energia ou corte de árvore naquela região; e qual a previsão de atendimento da empresa — explicou o prefeito.
O emedebista também fez críticas à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que, diz ele, prometeu uma fiscalização mais contundente da empresa de energia.
— É o terceiro grande episódio em que a Enel não dá resposta. O Sandoval (Feitosa, diretor-geral da Aneel) e todos os outros diretores prometeram para nós que eles fariam a fiscalização de forma muito séria e apresentariam qual ação a agência nacional tomaria. Isso foi em novembro, até agora a Aneel não apresentou nada e nós temos previsão de que até o final de março a gente vai ter problemas (com as chuvas). Imagina passar três meses aqui com uma empresa com essa irresponsabilidade? — completou Nunes, que prometeu notificar a Aneel.