O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou que pretende conceder a Linha 1 (Azul) do Metrô à iniciativa privada já no ano que vem. Segundo o governador, a linha será privatizada no mesmo leilão que definirá a empresa que vai construir e operar a futura Linha 20 (Rosa) do Metrô. A Rosa ligará a capital ao ABC Paulista.
— Nossa ideia é que ano que vem levaremos a leilão a Linha 1 junto com a Linha 20, que é um sonho antigo da região do ABC que é ter o metrô chegando aqui. Vamos analisar todas as estações para ver o que precisa ser "repotencializado" e também a reforma das linhas da CPTM que estão operando hoje — disse ele na segunda-feira (8), durante anúncio de uma nova estação na Linha 10 (Turquesa) do trem.
A Linha 1 (Azul) foi inaugurada em 1974 e foi a primeira do metrô de São Paulo. Ela liga a Zona Norte à Zona Sul da capital, passando por bairros como Liberdade e Sé, no Centro. Já a futura Linha 20 é um projeto antigo do Metrô que nunca saiu do papel, e deve ligar a Lapa, na Zona Oeste da capital, até São Bernardo do Campo e Santo André, levando o metrô ao ABC Paulista pela primeira vez.
Estratégia para privatizações
Tarcísio tem adotado como modelo de concessão do transporte público a privatização de uma linha já em operação juntamente com a concessão de um novo ramal. Assim, a empresa privada leva uma linha já em operação para administrar e fazer caixa enquanto toca uma nova obra. Em fevereiro, o governo fez o leilão do Trem Intercidades (TIC) Campinas, junto com a concessão da Linha 7 (Rubi) da CPTM. O consórcio formado pelo Grupo Comporte e pela fabricante de trens chinesa CRRC Sifang foi o vencedor.
Depois da Linha 1, governo estadual pretende conceder a Linha 3 (Vermelha), a que transporta maior quantidade de passageiros na cidade, com a Linha 16 (Violeta), que tem um projeto ainda muito incipiente, mas que pretende ligar a Oscar Freire à Cidade Tiradentes, no extremo-leste de São Paulo. Outro plano de concessão é o da Linha 2 (Verde) junto à Linha 19 (Celeste), que ligará o Centro da capital a Guarulhos.
A ideia de Tarcísio é privatizar todas as linhas do Metrô e da CPTM até o fim de seu mandato, em 2026. Segundo ele, as duas estatais não seriam extintas, mas ganhariam um "novo papel", de planejamento de novos projetos de expansão e obras e não de administração diária dos serviços.
Atualmente, há quatro linhas privatizadas: a 8 (Diamante) e 9 (Esmeralda) do trem e a 4 (Amarela) e 5 (Lilás), todas operadas pela CCR, por meio de seus braços de mobilidade ViaQuatro e ViaMobilidade. A mesma empresa também vai gerir a Linha 17 (Ouro), o monotrilho prometido para a Copa do Mundo de 2014 e que ainda não ficou pronto.
Com o leilão do TIC Campinas, a próxima a passar para a iniciativa privada será a Linha 7 (Rubi). Além disso, a Linha 6 (Laranja), em construção, já nascerá privatizada — a obra é tocada pela Acciona e o consórcio chamado Linha Uni fará a operação. Outras privatizações previstas são as das linhas 11 (Turquesa), 11 (Coral), 12 (Safira), 13 (Jade), entre este ano e o próximo. A primeira poderia ser concedida em um acordo que envolve a construção da futura Linha 14 (Ônix), que iria até Guarulhos.
A principal razão que leva o governo Tarcísio a querer privatizar todas as linhas do Metrô e da CPTM é a saúde financeira das empresas públicas, que vem piorando nos últimos anos. O governo entende que as empresas não têm condições de tocar as obras e projetos de novas linhas e estações — em 2022, a CPTM registrou R$ 432 milhões de prejuízo e o Metrô, R$ 1,16 bilhão. Isso porque a principal fonte de receita das empresas é a tarifa, modelo que se mostrou insustentável especialmente com a queda no número de passageiros vista na pandemia. Até hoje, o número de passageiros não retornou aos patamares pré-pandemia.