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Por — São Paulo

A 28ª Parada do Orgulho LGBTQIA+ de São Paulo acontece neste domingo, na Avenida Paulista, região central da capital paulista. A concentração começou às 9h com um dress code definido pela organização do evento: roupas nas cores da bandeira do Brasil, em verde e amarelo, e também nos tons do arco-íris. O evento tem a presença de políticos, entre eles pré-candidatos à prefeitura de São Paulo, assim como shows de Pabllo Vittar e Gloria Groove.

Às 14h30, o público estimado na Parada era de 73,6 mil pessoas, segundo pesquisadores da USP que fazem o cálculo baseado em imagens aéreas — foi pico de lotação na região da avenida Paulista. Os organizadores estimavam que 3 milhões de pessoas passariam pela Parada ao longo do dia.

A edição deste ano tem 16 trios elétricos. Às 9h30, a bateria da escola de samba Estrela do Terceiro Milênio deu início à programação. Na sequência, começaram as atividades nos trios, na altura do Museu de Arte de São Paulo (Masp), hoje com a fachada coberta por uma banderia em prol da diversidade.

Masp coberto por bandeira na Parada LGBTQIA+ de 2024, em SP — Foto: Maria Isabel Oliveira
Masp coberto por bandeira na Parada LGBTQIA+ de 2024, em SP — Foto: Maria Isabel Oliveira

A apresentadora Tchaka Drag Queen assumiu o microfone às 11h30, para apresentar ativistas da causa LGBTQIA+. Após a fala inicial, foi feita uma homenagem às vítimas da tragédia no Rio Grande do Sul, com representantes da Parada de Porto Alegre e minuto de silêncio. A partir do meio-dia, tiveram início os discursos de políticos como os deputados federais do PSOL Erika Hilton e Guilherme Boulos, pré-candidato à prefeitura de São Paulo.

— Boa tarde, parada. Já foi o tempo em que as pessoas não podiam ser quem elas eram. Já foi o tempo em que a intolerância silenciava a diversidade. Já foi o tempo que o ódio e o medo tentavam sufocar o amor — disse Boulos, que subiu no palco por volta de 12h35. — Essa Parada é a expressão viva disso. Parabéns para todos que constroem essa Parada todos os anos. Estamos aqui hoje para dizer que o que a gente quer é respeito e democracia. Essa cidade, há 40 anos ,foi para as ruas e ajudou a derrubar a ditadura. Essa cidade todos os anos vem para as ruas para celebrar o orgulho. Essa cidade há dois anos foi para as urnas e ajudou a derrotar Bolsonaro e o bolsonarismo. Tenho certeza que a cidade vai esse ano as urnas para dar uma resposta contra o bolsonarismo em defesa da democracia — afirmou o deputado.

Guilherme Boulos (PSOL) na Parada LGBTQIA+ de 2024, em SP — Foto: Maria Isabel Oliveira
Guilherme Boulos (PSOL) na Parada LGBTQIA+ de 2024, em SP — Foto: Maria Isabel Oliveira

Depois do pré-candidato, assumiram o microfone Silvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, e o deputado estadual Eduardo Suplicy (PT), ambos com falas de apoio à população LGBTQIA+. Já no chão, após descer do palanque, Boulos fez comentários sobre a Marcha Para Jesus, que aconteceu na quinta (30), em São Paulo, à qual ele não compareceu.

— A Marcha Para Jesus é absolutamente legítima e expressa uma parcela relevante da sociedade, que pode expressar seus valores. Agora, não acho saudável para a sociedade a instrumentalização demagógica da fé para razões eleitorais. O uso demagógico da fé e da religiosidade em véspera de eleição não é uma coisa boa — disse Boulos.

A deputada Tabata Amaral (PSB), outra pré-candidata ao executivo paulistano, também compareceu ao evento, mas não subiu em trio elétrico. Ela que foi convidada a discursar em um carro de som na Parada nesta e em edições passadas, mas sempre recusa por acreditar que “é um evento para a gente ouvir o que as pessoas LGBT têm a dizer” e que não é um evento partidário.

— Esse não é um evento partidário, ou só de esquerda ou só de um grupo político. Eu acho que político tem que estar confortável em saber ouvir e não só falar. A gente está aqui para apoiar, para celebrar, mas hoje o dia não é de partido político, de candidato ou de um grupo específico — disse em conversa com jornalistas na Avenida Paulista.

Tabata Amaral faz selfie na Avenida Paulista durante a Parada LGBT — Foto: Reprodução/Instagram
Tabata Amaral faz selfie na Avenida Paulista durante a Parada LGBT — Foto: Reprodução/Instagram

Questionada sobre o peso que tem a participação de Boulos, seu adversário, discursando na Parada, a deputada afirmou que existe uma tentativa de dizer que "apenas alguns partidos podem defender certas causas", e focou em criticar o prefeito Ricardo Nunes por sua ausência.

— Existe uma tentativa no Brasil como um todo, e aqui em São Paulo, da gente querer dizer que só alguns partidos podem levantar alguma causa. Só quem é de direita pode falar de combate à corrupção, só quem é de esquerda defende o combate ao racismo, defende o direito das pessoas LGBT, defende o combate ao machismo. Isso é um tiro no pé, isso é um erro. Nós precisamos que essas causas sejam da esquerda à direita. Então eu acho que eles erram sim, quando tentam apequenar isso, mas acho que erra ainda mais o prefeito de São Paulo, que simplesmente não vem no maior evento da cidade — falou.

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que deve concorrer à reeleição, afirmou na véspera que não vai ao evento por questões médicas. Na quinta (30), Nunes subiu ao palco da Marcha para Jesus ao lado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

— Não poderei ir à parada pois farei o retorno de um exame de endoscopia e colonoscopia. Léo Áquila (coordenadora de políticas LGBTQIA+ da prefeitura) e a secretária municipal de Direitos Humanos, Soninha Francine, me representarão no evento — disse o prefeito, também na quinta-feira, sobre sua ausência.

Depois dos discursos políticos, o público passou a curtir os shows da Parada em clima de carnaval. Os trios começaram a descer a avenida Paulista no sentido da rua da Consolação a partir das 14h. A multidão cantava seguia o carro de som de Pabllo Vittar, que tinha os hits entoados em coro. O clima descontraído tem jovens, idosos e famílias.

A bandeira do arco-íris foi estendida tanto no chão da Paulista quanto na fachada do Masp, onde um bandeirão com 70 metros de largura por 14 metros de altura foi hasteado no início da manhã. Além das duas estrelas do pop Gloria Groove (no trio Amstel) e Pabllo Vittar (no da Vivo), estão confirmados Sandra de Sá, Tiago Abravanel, a Banda Uó e o ex-deputado Alexandre Frota, que participa do evento como DJ.

Parada LGBTQIA+ de 2024, em São Paulo — Foto: Maria Isabel Oliveira
Parada LGBTQIA+ de 2024, em São Paulo — Foto: Maria Isabel Oliveira

Verde e amarelo

O tema oficial do evento deste ano dialoga com as eleições municipais e incentiva o "voto consciente por direitos da população (LGBTQIA+)". O uso das cores verde e amarelo, segundo a organização, é incentivado como parte do "recado ao Legislativo sobre os (nossos) direitos". O público atendeu ao chamado e milhares de pessoas usavam as cores da bandeira nacional.

— Tinha parado de usar a camisa do Brasil desde a copa de 2014. A gente retoma o nosso país depois de anos de sequestro político — diz o gestor cultural Pedro Silva, 31, presente na Parada. Ele e os amigos se juntaram para fazerem camisetas amarelas personalizadas com o logo da turnê que Madonna levou para o Rio — Depois que a organização da parada divulgou (o dress code) tivemos essa ideia. Passamos horas colando os strass — completa o ator João Ribeiro, 34.

Os amigos João Ribeiro, Pedro Silva e Daniel Beoni: camisa verde e amarela — Foto: Guilherme Queiroz
Os amigos João Ribeiro, Pedro Silva e Daniel Beoni: camisa verde e amarela — Foto: Guilherme Queiroz

— Nunca fui de usar a camiseta da seleção, mas me incomodava ver os nossos símbolos sendo usados pela direita conservadora" — diz o arquiteto Flavio Spinelli, 66. Ele e o marido, o enfermeiro Fernando Spinelli, 61, compraram camisetas do Brasil e costuraram a bandeira LGBTQIA+ na barriga dos uniformes da seleção. — A gente se reapropria das nossas duas bandeiras — diz Fernando.

Flávio e Fernando Spinelli, na Parada de 2024: 'símbolos reapropriados' — Foto: Guilherme Queiroz
Flávio e Fernando Spinelli, na Parada de 2024: 'símbolos reapropriados' — Foto: Guilherme Queiroz

A aposentada Malu Helder, 60, e as amigas Cleusa Maria, 60 e Nanci Dias, 61, são veteranas da Parada e frequentam o evento desde a primeira edição.

— Estou achando muito importante esse movimento de resgatar o verde e o amarelo — diz Malu. — A parada une as pessoas, independente de política ou religião. Eu mesma nunca parei de usar o verde e amarelo, mesmo que ela tenha sido usado nas últimas eleições mais por um lado da política — completa Nanci.

Malu, Cleusa e Nanci, frequentadoras de longa data da Parada LGBTQIA+ de SP — Foto: Guilherme Queiroz
Malu, Cleusa e Nanci, frequentadoras de longa data da Parada LGBTQIA+ de SP — Foto: Guilherme Queiroz

Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, cerca de 1.400 policiais militares fazem o reforço da segurança na região da Avenida Paulista durante o evento. As rondas serão feitas a pé, em cerca de 200 viaturas, 100 motos e também de helicóptero. Bases comunitárias móveis serão instaladas ao redor da avenida. Agentes da Polícia Civil estarão à paisana estarão presentes para identificar a possível ação de quadrilhas de furto e roubo de celulares.

Parada LGBTQIA+ de 2024, em São Paulo — Foto: Maria Isabel Oliveira
Parada LGBTQIA+ de 2024, em São Paulo — Foto: Maria Isabel Oliveira

O trajeto dos trios elétricos, segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), começa na Paulista, na altura do Masp. Os trios seguiramm em direção à Rua da Consolação. Às 18h40, o último carro chegou à dispersão, na altura do Praça Roosevelt, marcando o fim da programação oficial do evento.

Organizada pela APOLGBT-SP (Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo), a Parada paulistana é considerada uma das mais populares do mundo.

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