Um dos alvos da operação Salus et Dignitas, deflagrada nesta terça-feira (6) pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) em conjunto com as polícias Civil, Militar, Federal e Rodoviária Federal, é Leonardo Monteiro Moja, conhecido como Leo do Moinho, apontado como a principal liderança da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) na favela do Moinho, uma comunidade que fica entre os trilhos de trem da Linha 8 (Diamante) no centro de São Paulo e bem próxima da cracolândia. A polícia cumpriu mandado de prisão contra ele.
Segundo as investigações, a favela é uma base da facção criminosa, e Leonardo lideraria o grupo nessa área. Ele chegou a ser preso em 2021, e há anos é investigado pela polícia e pelo Ministério Público suspeito de ser dono de hotéis e pensões que seriam utilizados pelo tráfico para escoar as drogas para a região. Ele ainda seria o responsável por imóveis que guardam armas dentro da favela.
Entretanto, em junho do ano passado ele ganhou direito à liberdade condicional. Na ocasião, o Ministério Público se manifestou contra sua soltura, mas a Justiça entendeu que como sua última falta grave havia sido em 2021, e tinha bom comportamento dentro da prisão, ele poderia usufruir do benefício. A Justiça determinou, entretanto, que ele estava proibido de viajar para fora do estado de São Paulo sem prévia autorização, e que deveria sair para trabalhar às 6h e voltar para casa até 22h, e não poderia sair aos fins de semana e feriados. Além disso, deveria se apresentar à Justiça a cada 90 dias.
Antes disso, ele havia sido preso em 2017 durante outra operação na cracolândia, acusado de ordenar a morte de um socorrista, que entrou da favela do Moinho para atender uma emergência acabou confundido com um rival. Entretanto, ele também deixou a prisão após ser beneficiado por uma saidinha temporária — ele não retornou ao presídio como deveria.
Agora, o MPSP pediu e conseguiu um novo mandado de prisão contra Leo do Moinho, pois segundo o órgão ele seguia com as atividades ilícitas, usando hotéis e pensões para esconder e escoar drogas que são vendidas no fluxo da cracolândia.
A operação cumpre 200 mandados, sendo sete mandados de prisão, 117 de busca e apreensão e 44 de interdição de imóveis na região da cracolândia, no centro da capital, na manhã desta terça-feira (6). A operação mira sobretudo hotéis, pensões e ferros-velhos que seriam usados pelo PCC para lavagem de dinheiro e distribuição de drogas, além de uma espécie de "milícia" formada por três agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM), que segundo as investigações estaria cobrando para fazer a segurança de estabelecimentos na área.
Segundo o MP, a ação tem como objetivo acabar com "um ecossistema de atividades ilícitas" na cracolândia. Ainda de acordo com promotores do Grupo de Atuação de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), o tráfico de entorpecente "é apenas uma das atividades dentro do repertório criminoso dessa região, que envolve profusas atividades ilícitas, como o comércio ilegal e receptação de peças veiculares, armas e celulares, contaminação do solo com a reciclagem e ferro-velho, exploração da prostituição, captação ilegal de rádios transmissores da polícia, submissão de pessoas a trabalho análogo a escravo, entre outras graves violações a direitos humanos".
Entre as violações de direitos humanos, estão, segundo as investigações, a exploração de dependentes químicos e pessoas em situação de vulnerabilidade, incluindo crianças, para se prostituírem na região em troca de drogas. Além disso, dependentes químicos seriam cooptados para roubar fios de cobre da rede de energia elétrica da cidade e levar os itens até ferros-velho, que trocam os materiais por drogas.