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Doria e prefeito falam em 'terror' ao definir ataques com mortes, reféns e explosões em Araçatuba, interior de SP

Prefeito Dilador Borges pediu tranquilidade a moradores, mas definiu ataques como 'terrorismo'. Governador de São Paulo, por sua vez, disse que responsáveis serão punidos
Moradores de Araçatuba tiveram madrugada de pânico no interior de SP Foto: Divulgação
Moradores de Araçatuba tiveram madrugada de pânico no interior de SP Foto: Divulgação

No início da tarde desta segunda-feira, tanto o governador de São Paulo, João Doria, como o prefeito de Araçatuba, Dilador Borges, se manifestaram em relação aos ataques a agências bancárias na cidade do interior paulista , que levaram pânico durante a madrugada e terminaram com tiros, reféns, explosões e três mortes. Dória usou as redes sociais para reforçar que as "cenas de terror" não ficarão impunes. Ao lado do secretário de Segurança Pública de SP, general João Camilo Pires de Campos e do comandante-geral da PM, o coronel Fernando Alencar Medeiros,  Dilador Borges, por sua vez, publicou um vídeo direcionado à população local, onde pediu tranquilidade aos moradores e definiu como a ação dos criminosos como "terrorismo".

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"As cenas de terror vivenciadas pela população de Araçatuba não ficarão impunes. Dois criminosos foram presos e um terceiro foi morto em confronto com a polícia. Há uma grande força-tarefa envolvendo 380 policiais e dois helicópteros Águia para prender e punir os responsáveis", escreveu o governador João Doria.

— Eles ( o secretário de Segurança Pública e o comandante-geral da PM ) vão falar com vocês para que possam trazer tranquilidade após toda essa dificuldade, esse terrorismo que passamos. É preciso que vocês tenham tranquilidade para que possamos continuar o nosso trabalho — disse o prefeito, em gravação publicada no início da tarde.

Prefeito de Araçatuba, Dilador Borges, ao lado do secretário estadual de Segurança Pública, general João Camilo Pires de Campos Foto: Reprodução
Prefeito de Araçatuba, Dilador Borges, ao lado do secretário estadual de Segurança Pública, general João Camilo Pires de Campos Foto: Reprodução

O secretario de Segurança Pública, João Camilo Pires de Campos, pediu atenção a boatos que circulam sobre o assalto e reforçou que o estado direcionou um efetivo de cerca de 380 agentes para reforçar Araçatuba neste primeiro momento.

— Nós estamos aqui na cidade com forças da Polícia Militar, Polícia Civil e polícia técnico-científica. Então, cerca de 380 pessoas, com dois helicópteros, de vários batalhões da área, batalhões especiais de Presidente Prudente, São José do Rio Preto, Bauru e também de Ribeirão Preto. Todos estão aqui atuando para que esse episódio possa ser resolvido o quanto antes e para que a população possa ter tranquilidade — disse o secretário. — Às vezes, a população pode ficar um pouco assustada porque vai encontrar na área central da cidade algumas áreas isoladas, mas elas demandam um trabalho de perícia, que é fundamental para darmos curso aos inquéritos e preservar aqueles itens que estão ali. E muita atenção à população de Araçatuba aos boatos. A melhor maneira de a gente combatê-los é por intermédio da informação.

Renato Bortolucci, de 38 anos, foi atingido por tiro de fuzil durante ação de quadrilha; policiais acreditam que ele foi surpreendido pelos criminosos enquanto filmava
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O secretário não descartou a possibilidade de ainda haver artefatos explosivos instalados pela quadrilha nos arredores de onde aconteceu a ação.

— Um pedido que venho fazendo sempre, e não é para apavorar ninguém, é para que tenham atenção. Qualquer objeto estranho que venha a ser encontrado, avisem ao 190, para que uma pessoa técnica possa ir verificar se aquilo merece uma atenção especial ou não.

Cidade teve explosões e roubo milionário em 2017, em ação parecida

Apesar de ser localizada no interior de SP, com população estimada de quase 200 mil pessoas — segundo o IBGE —, a cidade Araçatuba não é bem um lugar tranquilo. Segundo números da Secretaria de Segurança Pública do estado, até julho deste ano, o município teve mais de 4,3 mil furtos registrados, mais de 360 casos de roubos e 42 homicídios dolosos. Os números de roubos a banco, no entanto, estavam zerados até agora.

Há cerca de três anos, em outubro de 2017, o município foi vítima de um outro mega-assalto. Naquela ocasião, uma quadrilha formada por dezenas de pessoas agiu de forma parecida: se dividiram em três diferentes lugares e utilizaram explosivos para invadir uma empresa de valores. O muro da empresa foi completamente destruído, casas vizinhas foram condenadas, e eles conseguiram fugir com R$ 10 milhões. Um policial civil ainda foi morto na ação. O crime motivou a operação Homem de Ferro, da Polícia Civil, que prendeu mais de 20 pessoas ligadas ao grupo.

Como foi o ataque

  • Moradores de Araçatuba contaram que a ação começou por volta da meia-noite e durou mais de duas horas na madrugada de segunda-feira. Mais de 20 criminosos usando dez carros teriam participado do assalto.
. Foto: Editoria de Arte
. Foto: Editoria de Arte
  • Depois de atacar as agências bancárias, a quadrilha abordou motoristas para fazer reféns e prendeu pessoas em veículos que usou para escapar.
. Foto: Editoria de Arte
. Foto: Editoria de Arte
  • Eles teriam usado um drone para acompanhar a movimentação dos policiais. Três pessoas morreram no ataque e quatro ficaram feridas. Um dos mortos e um dos feridos eram da quadrilha. Um dos mortos, Renato Bortolucci, filmou a ação dos assaltantes antes de ser atingido por um tiro.
. Foto: Editoria de Arte
. Foto: Editoria de Arte
  • A quadrilha usou metalon, um explosivo feito à mão, para assaltar dois bancos. Explosivos também foram espalhados em pelo menos 13 pontos da cidade pelos bandidos, segundo a Polícia Militar, e por isso, o prefeito Dilador Borges pediu para os moradores evitarem as ruas e cancelou as aulas.
. Foto: Editoria de Arte
. Foto: Editoria de Arte
  • Um homem teve os pés amputados e sofreu cortes pela explosão de um dos explosivos deixados pelos assaltantes nas ruas da cidade. Outro ferido foi um dos bandidos, que foi capturado pela polícia. A PM conseguiu prender um terceiro integrante da quadrilha, ligada a uma facção criminosa.