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'Era muito tiro, não acabava nunca', diz moradora de prédio residencial em cima de agência que sofreu ataque em Araçatuba (SP)

Cidade do interior paulista teve assaltos a bancos durante a madrugada, com reféns usados como 'escudos' e explosivos espalhados pela cidade
Agência da Caixa Econômica Federal ficou destruída após ataque em Araçatuba (SP) Foto: Arquivo pessoal/ Via G1
Agência da Caixa Econômica Federal ficou destruída após ataque em Araçatuba (SP) Foto: Arquivo pessoal/ Via G1

RIO — "Era muito tiro, muito forte e muito rápido, não acabava nunca", afirma a estudante de Direito Tatiana Garcia, de 22 anos, sobre os assaltos a bancos durante a madrugada de segunda-feira em Araçatuba (SP) . Ela mora com os avós no prédio residencial em cima da Caixa Econômica Federal no Centro do município, um dos estabelecimentos que sofreram ataques. Eles ficaram deitados no corredor do apartamento por cerca de duas horas e meia, conta a jovem.

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— Umas 23 horas começamos a ouvir muita movimentação de carros, o que é estranho aqui no interior em um domingo de noite. Começamos a ouvir muitos barulhos, como se fossem fogos, muito fortes. Por volta de meia-noite e quinze começamos a ouvir as explosões mesmo. Pareciam simultâneas. Eu e meus avós ficamos com muito medo.

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Tatiana conta ter sentido um grande tremor no prédio:

— O prédio mexeu, ficou todo mundo desesperado. A gente não sabia o que tinha acontecido, ninguém queria nem entrar nos quartos, pensava que podia ser no apartamento, porque sentimos muito forte o tremor — afirma a estudante. — Ficamos deitados no meio do corredor esperando passar, umas duas horas e meia.

Ela conta que por volta de 2h30 da manhã ouviram muitas trocas de tiros e depois todo o barulho parou. Mas cerca de meia hora depois escutaram mais uma explosão, muito forte.

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— Nosso medo era quererem entrar no prédio. O que mais marcou foi que não acabava nunca. A gente comentava: "não acaba a munição". Era muito tiro, muito forte, muito rápido, a gente ficava agoniado. A família toda ficou preocupada, ligando, porque viram imagens de como ficou a Caixa Econômica. Não dormi nada ainda, qualquer barulho me assustava, minha avó teve que tomar remédio para conseguir. Fecharam todas as ruas, a polícia está aqui. Nosso medo agora são as bombas que ainda estão nas ruas —  diz Tatiana.

Quadrilha fortemente armada espalhou explosivos pela cidade. A polícia orientou moradores de Araçatuba a não sair de casa
Quadrilha fortemente armada espalhou explosivos pela cidade. A polícia orientou moradores de Araçatuba a não sair de casa

Como foi o ataque

  • Moradores de Araçatuba contaram que a ação começou por volta da meia-noite e durou mais de duas horas na madrugada de segunda-feira. Mais de 20 criminosos usando dez carros teriam participado do assalto.
. Foto: Editoria de Arte
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  • Depois de atacar as agências bancárias, a quadrilha abordou motoristas para fazer reféns e prendeu pessoas em veículos que usou para escapar.
. Foto: Editoria de Arte
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  • Eles teriam usado um drone para acompanhar a movimentação dos policiais. Três pessoas morreram no ataque e quatro ficaram feridas. Um dos mortos e um dos feridos eram da quadrilha. Um dos mortos, Renato Bortolucci, filmou a ação dos assaltantes antes de ser atingido por um tiro.
. Foto: Editoria de Arte
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  • A quadrilha usou metalon, um explosivo feito à mão, para assaltar dois bancos. Explosivos também foram espalhados em pelo menos 13 pontos da cidade pelos bandidos, segundo a Polícia Militar, e por isso, o prefeito Dilador Borges pediu para os moradores evitarem as ruas e cancelou as aulas.
. Foto: Editoria de Arte
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  • Um homem teve os pés amputados e sofreu cortes pela explosão de um dos explosivos deixados pelos assaltantes nas ruas da cidade. Outro ferido foi um dos bandidos, que foi capturado pela polícia. A PM conseguiu prender um terceiro integrante da quadrilha, ligada a uma facção criminosa.