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Execuções na fronteira: Filha de governador paraguaio não era alvo de atiradores, diz polícia

Família de Haylee Acevedo já foi vítima de outros atentados, mas morte de Osmar Alvarez era o objetivo dos criminosos, apontam investigadores
Haylee Carolina Acevedo Yunis, filha de Ronald Acevedo, governador de Amambay, no Paraguai, foi executada Foto: Reprodução/Facebook
Haylee Carolina Acevedo Yunis, filha de Ronald Acevedo, governador de Amambay, no Paraguai, foi executada Foto: Reprodução/Facebook

PEDRO JUAN CABALLERO — A Polícia do Paraguai acredita que Haylee Carolina Acevedo Yunis, executada neste sábado ao sair de uma casa de festas na cidade de Pedro Juan Caballero , na fronteira com o Brasil, não era e o alvo dos criminosos. A jovem era filha de Ronald Acevedo, governador de Amambay.

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Autoridades apontam que o objetivo da ação seria tirar a vida de Omar Vicente Álvarez de 32 anos, conhecido como "Bebeto", que acabou morto após ser atingido por 31 tiros. Outras duas mulheres brasileiras também foram baleadas e não sobreviveram ao ataque.

— O objetivo principal seria Osmar Alvarez, vulgo Bebeto, mas como essas pessoas o acompanhavam, também foram vítimas — explicou o chefe da investigação, Jorge Vidallet, em entrevista coletiva, conforme publicou o jornal paraguaio Hoy.

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Foram encontrados mais de cem munições na cena do crime. Omar Álvarez dirigia um carro e a filha do governador estava sentada no carona. Conforme a imprensa local, ele não tinha passagem pela polícia.

Família já foi alvo de atentados

A morte da jovem de 21 anos reviveu outros atentados sofridos na família do governador Ronald Acevedo. Ele formava um clã político com os dois irmãos, José Carlos Acevedo, que concorre à reeleição para prefeito de Pedro Juan Caballero neste ano, e do ex-deputado Robert Acevedo, vítima da Covid-19 em fevereiro.

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Conforme o jornal La Nación, em abril de 2010, Robert foi alvo de um ataque a tiros enquanto fazia uma viagem de carro. Atingido por dois disparos, foi socorrido em um hospital e sobreviveu. O motorista e o zelador que o acompanhavam não resistiram.

Na época, o político afirmou que o ataque foi uma resposta a denúncias feitas pro ele contra o narcotráfico. A oposição, por outro lado, acusa a família de envolvimento em negócios relacionados à venda de armas, drogas e cigarros. Robert sempre negou as acusações.

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Outro atentado foi registrado contra a família em setembro de 2016. Na época, criminosos atiraram granadas contra a sede da rádio AM 570, propriedade da família Acevedo. Os dispositivos não explodiram e foram retirados do teto posteriormente.

Já em 2018, mais uma vez o ex-político foi alvo de atiradores quando trafegava em um carro. Na ocasião, um policial que trabalhava como segurança do ex-parlamentar morreu.

Morte de vereador

No total, cinco pessoas foram mortas na fronteira entre Brasil e Paraguai entre a tarde de sexta e a manhã deste sábado. Entre as vítimas também está o vereador da cidade de Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, Farid Charbell Badaoui Afif (DEM), de 37 anos. Ele foi executado quando andava de bicicleta na cidade que é vizinha de Pedro Juan Caballero. Horas antes, publicou um vídeo nas redes sociais falando que visitaria algumas repartições na região.

Ainda não se sabe o que teria motivado o assassinato. Em nota, a Câmara Municipal de Ponta Porã lamentou a morte do político. O enterro foi realizado no cemitério Cristo Rei neste sábado.