SOS Rio Grande do Sul
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A chuva segue sem dar trégua, neste fim de semana, no Rio Grande do Sul, e as autoridades já apontam para uma nova tendência de elevação em todos os principais rios do estado – enquanto há previsão ainda de queda brusca na temperatura e mais enchentes. O Rio Guaíba pode voltar a atingir níveis históricos, provocando mais transtornos na capital Porto Alegre, enquanto o Rio Caí ultrapassou a cota de inundação e o Rio Taquari ameaça mais uma vez toda a região dos vales.

A última atualização, divulgada pela Defesa Civil ao meio-dia deste domingo (12), informa que, até agora, 145 pessoas já morreram por conta da catástrofe climática e outras 132 seguem desaparecidas. O balanço mostra que são mais de 2,1 milhões de gaúchos afetados pelos temporais, em 446 cidades – sendo 538 mil desalojados e 81,2 mil levados a abrigos. De acordo com o Corpo de Bombeiros, já foram feitos resgates de mais de 76 mil moradores e 10 mil animais.

O governo gaúcho informou, neste domingo, que nas últimas 24 horas foram registrados volumes significativos de chuva no Centro do estado, Região Metropolitana e Serra, com valores chegando aos 120mm nos Vales. Por conta disso, praticamente todos os grandes rios apresentam tendência de elevação, ultrapassando as cotas de inundação nas bacias dos rios Caí e Taquari, e posteriormente no Jacuí. Há preocupação para as regiões Norte, Sul e Nordeste do estado.

De acordo com o último balanço do estado, há 85 trechos com bloqueios totais e parciais em 49 rodovias, entre estradas, pontes e balsas.

Estão acima da cota de inundação:

  • Lago Guaíba - Porto Alegre – 4,64 metros (cota inundação 3,00 Centro; 2,10 Ilhas)
  • Rio dos Sinos - São Leopoldo - 5,74 metros (cota inundação 4,50)
  • Rio Gravataí - Passo das Canoas - 5,77 metros (cota inundação 4,75)
  • Rio Taquari - Muçum – 19,39 metros (cota inundação 18,00)
  • Rio Caí - Feliz – 9,81 metros (cota inundação 9,00)
  • Rio Uruguai - Uruguaiana – 12,16 metros (cota inundação 8,50)
  • Lagoa dos Patos (São Lourenço do Sul) – 2,60 metros 09h (cota inundação 1,30)

O Guaíba, que voltou a encher, deve ultrapassar os 5 metros novamente, de acordo com a Defesa Civil, conforme a chegada da vazão pelos rios contribuintes e a atuação dos ventos, podendo até bater de novo o recorde histórico de elevação. A Laguna dos Patos também se encontra em níveis bem elevados, e com tendências de elevação significativa nos pontos monitorados das regiões costeiras.

O Rio Caí, que ultrapassou a cota de inundação, chegando a 9,16m, já provoca transtornos nos municípios de São Sebastião do Caí e Montenegro, onde já há relatos de alagamentos.

– Temos as chuvas se confirmando no nosso estado, e deve haver elevação dos rios por conta das chuvas, especialmente nas regiões norte e nordeste – disse o governador na noite de sábado. – Rios Taquari, Jacuí, Sinos, Rio Caí devem ficar em alerta. Já há elevação em Estrela, subindo novamente em cota de inundação e impacto em muitas residências.

Risco de inundações severas nos vales do Taquari e Caí

Os últimos alertas divulgados pela Defesa Civil são direcionados aos moradores das regiões dos vales do Taquari e do Caí, já muito castigadas pela tragédia. Os rios Taquari e Caí, que já estão em cota de inundação, terão elevação significativa de seus níveis até segunda-feira (13), segundo os especialistas. De acordo com os prognósticos da Defesa Civil, ocorrerão inundações severas, gerando ainda mais transtornos à população, especialmente nas áreas já atingidas recentemente, com riscos de deslizamentos. Estão em perigo todos os municípios situados no percurso dos rios Antas, Taquari e Caó. O estado alerta para que os moradores não retornem aos locais anteriormente inundados e que permaneçam em segurança.

Pelotas submersa

A cidade de Pelotas sofre com a elevação da Lagoa dos Patos e do Canal São Gonçalo. Um mapa divulgado pela prefeitura mostra que pelo menos um terço do município está debaixo d'água e há orientação para que moradores deixem suas casas e saiam de áreas de risco.

A prefeitura afirma que Pelotas enfrenta um agravamento da situação com o aumento do nível do canal São Gonçalo, que amplia a probabilidade de inundação das águas vindas do Guaíba e do Rio Camaquã pela Lagoa dos Patos. Há apelo urgente para que as famílias que ainda não desocuparam suas casas, especialmente nas áreas sem diques e próximas dos mananciais (Lagoa dos Patos e canal São Gonçalo), que sigam as recomendações do mapa de evacuação imediatamente para evitar riscos maiores.

O município emitiu um comunicado ainda em que pede "encarecidamente" para que as pessoas atendam ao apelo de desocupação "para que não haja pânico e Pelotas possa superar a crise com tranquilidade, preservando todas as vidas possíveis".

Cidade com geografia alterada e tragédia com solo encharcado

A cidade de Muçum, que fica na área do Rio Taquari, foi uma das mais afetadas pelas enchentes dos últimos dias. Em menos de um ano, o local foi tomado e destruído pela força da água três vezes, sendo a primeira delas em setembro do ano passado. O município ainda tentava se reestruturar do baque e não estava preparado para uma nova tragédia. O prefeito Mateus Trojan (MDB) estima que cerca de 30% da área urbana precisará ser reconstruída em outro local.

Em Caxias do Sul, a mistura perigosa de solo encharcado com novos volumes grandes de chuva provocou mais tragédia. Uma pessoa morreu e outra ficou ferida após um deslizamento de terra que destruiu um pavilhão da Companhia de Desenvolvimento (Codeca) e da Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos da cidade. O acidente aconteceu na manhã deste domingo, na região do loteamento Vila Maestra, na Zona Norte.

Duas barragens correm risco iminente de colapso

De acordo com o monitoramento das barragens do estado, feito pela Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), há duas estruturas em "nível de emergência", ou seja, que correm risco de rompimento a qualquer momento. São elas:

  • PCH Salto Forqueta, em São José do Herval/Putinga
  • Barragem Saturnino de Brito, em São Martinho da Serra

Estão em nível de alerta, ou seja, apresentam anomalias que podem representar riscos à estrutura:

  • UHE 14 de Julho, em Cotiporã e Bento Gonçalves
  • UHE Dona Francisca, em Nova Palma
  • Barragem Capané, em Cachoeira do Sul
  • Barragem São Miguel, em Bento Gonçalves
  • Barragem Santa Lúcia, em Putinga

Há ainda, de acordo com o governo estadual, pelo menos. 131.500 clientes da RGE Sul sem energia elétrica (4,3% do total). A CEEE Equatorial não divulgou números. Segundo a Corsan, 165.446 clientes estão sem abastecimento de água (6% do total).

Chuva diminui, mas chegada do frio deve trazer novos desafios

A massa de ar polar que se aproxima do Rio Grande do Sul vai derrubar as temperaturas de Porto Alegre, mas deve dar uma trégua nas chuvas que caem na cidade. De acordo com previsão da Climatempo, a maior parte do estado terá sol entre segunda e quarta-feira, mas com frio mais intenso.

A previsão é de que a chuva forte, que tem elevado a cota dos rios do estado, incluído do Guaíba, comece a se dissipar na Grande Porto Alegre ao decorrer de segunda-feira. "Ainda deve chover na madrugada e manhã, mas com fraca a moderada intensidade", informa a Climatempo.

A capital gaúcha, que vive a maior catástrofe climática de sua história, deve ver a chuva parar de cair apenas na noite de segunda-feira. A previsão é de retorno das precipitações na quinta. Nesse intervalo, a cidade terá tempo seco e frio abaixo dos 10°C.

Em outras partes do estado, a temperatura pode cair ainda mais. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu alerta para frio abaixo dos 5ºC em parte do Rio Grande do Sul, entre segunda e quarta-feira.

Em Porto Alegre, no primeiro dia útil da semana, a temperatura deve ficar entre 15°C e 19°C. Já a madrugada da quarta-feira deve ser a mais fria do ano até agora para a cidade, com previsão de mínima de 8°C e máxima de apenas 15°C. "Poderá ocorrer um novo duplo recorde de baixas temperaturas na quarta", informa a Climatempo.

Rescaldo revela destruição

As marcas de barro na parede mostram até onde chegou o nível da água nas áreas em que a inundação começou a diminuir. Moradores do bairro Fortuna, em Sapucaia do Sul (RS), Luciano Oliveira e Maria Andreia passaram os últimos dois dias varrendo a lama de dentro de casa. O entulho de lixo formado por cama, sofá e armários revela que pouca coisa sobrou após o transbordamento do Rio dos Sinos, na Região Metropolitana de Porto Alegre.


— Quando voltar a luz, vou ver se a geladeira e o fogão continuam funcionando — conta o operador de máquinas.

Na residência, além da falta de luz, também não há água na torneira. Por isso, neste sábado, eles recolhiam a água da chuva em baldes e bacias para fazer a limpeza.

Na vizinhança, os costureiros Luis Rodrigo da Silva e Fernanda da Silva também contavam os prejuízos causados pela enchente inédita no bairro. O temporal danificou duas máquinas novas de costura avaliadas em R$ 10 mil, que eles haviam comprado para confeccionar roupas e vendê-las a fábricas da região.


— É a nossa fonte de renda. Tem partes da nossa casa que simplesmente se desmancharam — lamenta Fernanda.

À medida que o nível de água vai descendo, os gaúchos de Sapucaia e de outras cidades próximas retornam às suas casas e se deparam com a dimensão da destruição. Muitos ainda mantêm otimismo por só terem perdido bens materiais. Conforme o último balanço da Defesa Civil, 136 pessoas morreram em todo o estado.

— Perdi muita coisa, mas se Deus quiser vou reconstruir tudo — afirma o metalúrgico Valter Gabriel Nobre da Silva, enquanto arrasta uma moto com lama até as canelas.

Atrás de Silva, alguns vizinhos empurravam na água geladeiras e máquinas de lavar para serem encaminhadas ao conserto.

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