SOS Rio Grande do Sul
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Por — Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou uma reunião emergencial com os 38 ministros para pedir alinhamento das ações que são anunciadas pelo governador federal de socorro ao Rio Grande do Sul. Desde o final de abril, o estado sofre com uma catástrofe climática que já matou 147 pessoas e deixou 85% dos municípios em estado de emergência. O mandatário ordenou aos auxiliares que eles só devem viajar até o Rio Grande do Sul se tiverem uma ação concreta para anunciar. Lula afirmou que os ministros não devem ir até o estado apenas para visitar institucionalmente as áreas afetadas pelas enchentes.

Após uma fala aberta que foi divulgada à imprensa, Lula reforçou, de forma reservada aos ministros, que nenhum anúncio deve ser feito antes de ser levado para análise da Casa Civil, ministério responsável por coordenar e verificar a viabilidade das ações de governo. O presidente expressou a preocupação aos auxiliares de que se o projeto acabar não executado por falta de planejamento, a cobrança virá em seu nome.

— Então, essa reunião é para isso, é para a gente ter o conjunto do governo, ter todas as informações do que está acontecendo e cada ministro que for falar ou cada ministra tentar falar sempre a mesma coisa que está acontecendo, não ficar dizendo coisas que não está acontecendo, ficar inventando coisas que ainda não discutiu. Ou seja, não dá para cada um de nós que tem uma ideia, anunciar publicamente uma ideia — afirmou Lula no começo do encontro.

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, ponderou que o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, tem feito uma série de cobranças ao governo federal, mas apresentado poucas ações que ele próprio executa. Essa é uma crítica que tem ecoado dentro da Casa Civil nos últimos dias: de que Leite ainda não trouxe um plano de trabalho detalhado da ajuda federal que o governo gaúcho precisará para reconstruir o estado. Ainda assim, a orientação é não fazer nenhuma fala pública que possa criar algum tipo de tensão entre Leite e o Planalto.

Rui Costa também expressou preocupação com a demora para reabertura do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, e pediu que se monitore de perto as informações que forem repassadas pela empresa Fraport, que administra o terminal. Foi citado, por exemplo, que a empresa anunciou inicialmente que o terminal ficaria fechado por dez dias, depois postergou para 30 dias, até anunciar que o local ficaria fechado de forma indeterminada.

Durante a fala do ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, foi destacado o esforço do Exército na atuação dos resgates. Auxiliares do presidente demonstraram preocupação com a segurança pública do estado e combinaram de monitorar todas as ações integradas que estão sendo feitos pelas polícias comandadas pelo Ministério da Justiça — Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal — e as que são chefiadas pelo governo gaúcho, como Polícia Civil e Brigada Militar.

Uma parte da reunião também foi dedicada a falar sobre as fake news criadas sobre a enchente, problema apresentado pelo ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta. Auxiliares do presidente reconheceram que muitas das publicações inverídicas acabam pegando entre a população. Ministros saíram da reunião com a avaliação de que o governo enfrente uma "guerra de comunicação" e que há uma cadeia profissional de desinformação contra o governo.

Junto com Pimenta, o ministro de Integração Nacional, Waldez Góes, fez uma apresentação sobre a situação geral do Estado e abordou a complexidade que será a reconstrução do Rio Grande do Sul. Pimenta e Waldez foram os ministros que passaram mais tempo no RS até agora, visitando também cidades e abrigos da Região Metropolitana de Porto Alegre. O tom da fala dos ministros foi de que esta é uma tragédia sem precedentes e que, por isso, precisa de um tratamento de excepcionalidade pelo governo.

Os ministros voltaram a ser cobrados, dessa vez de forma direcionada ao Rio Grande do Sul, a divulgarem não só ações para o estado das suas áreas, mas a também comunicarem o conjunto de iniciativas feitas pelo governo para o RS. Lula pediu que se reforce a ideia de que o governo não está parado no enfrentamento à tragédia gaúcha. O presidente também afirmou que quer seguir viajando para mais estados brasileiros fazendo anúncios de investimentos em outras regiões.

O governo também definiu que deve enviar um representante de Lula para ficar de forma permanente no Rio Grande do Sul. O nome, porém, não foi anunciado na reunião. Cada ministério ficou encarregado de fazer um levantamento de infraestrutura necessária para reconstrução do estado e enviar para Casa Civil.

Anunciada durante à tarde, a suspensão da dívida do Rio Grande do Sul com a União por três anos, também foi tratada no encontro. O governo quer criar um conselho de gestão para acompanhar os investimentos que o governo gaúcho fará com esse recurso. No período, a economia, de cerca de R$ 11 bilhões, deverá ser destinada a investimentos de reconstrução do estado. Além disso, os juros da dívida durante o período serão zerados.

Leite deve apresentar um plano de reconstrução para a destinar o dinheiro economizado com a suspensão da dívida. A isenção do juros deve somar R$ 12 bilhões — nesse caso, não é um alívio no caixa do estado, mas evita-se que a dívida cresça ao fim do período.

Enchentes no Rio Grande do Sul:

  • O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), declarou estado de calamidade pública devido aos municípios impactados pelo temporal no estado.
  • Após estabilidade nos últimos boletins, número de mortos por enchentes no Rio Grande do Sul volta a subir na manhã desta quinta-feira, chegando a 151, de acordo com o último balanço divulgado pela Defesa Civil do estado. 
  • O registro de desaparecidos, por outro lado, recuou para 104 nesta manhã, números que não sofreram alterações no balanço seguinte, divulgado às 12h.
  • Moradores de Caxias do Sul, na serra gaúcha, sentiram tremores de terra na madrugada desta segunda-feira (13).
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