Política

TJ nega liminar pedida por Queiroz para suspender quebras de sigilo

Decisão foi do desembargador Antônio Amado da 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro
O motorista Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), movimentou dinheiro além do que seus ganhos permitiam Foi o primeiro escândalo do novo governo Foto: Reprodução
O motorista Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), movimentou dinheiro além do que seus ganhos permitiam Foi o primeiro escândalo do novo governo Foto: Reprodução

RIO — O desembargador Antônio Amado da 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro negou, nesta quarta-feira, o pedido de liminar proposto pela defesa de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) para anular as quebras de sigilo bancário e fiscal na investigação, sob o argumento de que a decisão judicial não tinha “embasamento legal”. Na semana passada, segundo o jornal "Folha de S. Paulo", a defesa do Flávio entrou com um habeas corpus no TJ do Rio pedindo a suspensão da quebra de sigilos. É o segundo HC impetrado pela defesa do senador.

A defesa de Fabrício Queiroz tinha apresentado um pedido no último dia 17 de maio. Na manifestação de 20 páginas, o advogado de Queiroz, Paulo Klein, argumentou que o juiz de primeira instância Flávio Itabaiana, ao autorizar as quebras contra 95 alvos, não justificou os motivos da medida nem explicou a relação de cada um dos alvos com os fatos investigados. A defesa apontava que a decisão do juiz foi tomada em “apenas dois parágrafos”.

“Ou seja, o douto juízo de piso decretou a quebra do sigilo bancário e fiscal de quase uma centena de pessoas, por ser ‘importante para a instrução do procedimento investigatório criminal’, sem nada mais a dizer, sem avaliar se as pessoas alcançadas tinham ou têm qualquer mínima relação com a investigação, o que denota ser a decisão ora guerreada não só carente de fundamentação idônea, mas sim, ao revés, carente de qualquer embasamento legal”, afirma a defesa de Queiroz no habeas corpus.

Após o indeferimento da liminar, o advogado Paulo Klein informou por nota que a defesa de Queiroz "recebe com absoluta tranquilidade a informação de que a liminar no Habeas Corpus foi negada, uma vez que esta primeira avaliação é realizada de forma inicial e continua confiante de que a questão será avaliada por 3 desembargadores que certamente apresentarão a melhor solução e dentro dos critérios de justiça que sempre nortearam seus julgamentos". O caso ainda será avaliado pelo plenário da  3ª Câmara Criminal do TJ do Rio.

No pedido de habeas corpus, o advogado de Queiroz argumentava que o juiz de primeira instância Flávio Nicolau, ao autorizar as quebras contra 95 alvos, não justificou os motivos da medida nem explicou a relação de cada um dos alvos com os fatos investigados. A defesa aponta que a decisão do juiz foi tomada em “apenas dois parágrafos”.

“Ou seja, o douto juízo de piso decretou a quebra do sigilo bancário e fiscal de quase uma centena de pessoas, por ser ‘importante para a instrução do procedimento investigatório criminal’, sem nada mais a dizer, sem avaliar se as pessoas alcançadas tinham ou têm qualquer mínima relação com a investigação, o que denota ser a decisão ora guerreada não só carente de fundamentação idônea, mas sim, ao revés, carente de qualquer embasamento legal”, afirma a defesa de Queiroz no habeas corpus.

Movimentação 'perfeitamente explicável'

Além de criticar as quebras no pedido, a defesa também rebatia as suspeitas da investigação contra o ex-assessor de Flávio Bolsonaro. No pedido de liminar o advogado dizia que sua movimentação financeira considerada atípica pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) é “perfeitamente explicável”. Primeiro, porque, na argumentação da defesa, ele centralizava as finanças familiares, recebendo os salários de sua mulher e das filhas. A segunda justificativa “está em atividades laborativas e econômicas informais desempenhadas pelo paciente, como forma de ampliar sua renda pessoal e familiar, valendo destacar, neste sentido, que ele sempre desempenhou, além da sua função pública, atividades informais de segurança particular, compra e venda de veículos e eletroeletrônicos”.

* Estagiário sob a supervisão de Madalena Romeo

INVESTIGAÇÃO AVANÇA
A Justiça do Rio abriu o sigilo de 86 pessoas e 9 empresas
pessoas e
95
QUEM TEVE O SIGILO
empresas
QUEBRADO PELA JUSTIÇA
8
55
12
9
11
Alerj
Clã
Empresas
Donos de
Não
Funcionários ou
Pessoas
CNPJs
empresas
identificados
ex-funcionários,
pertencentes
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Os donos
não ficou
seja no gabinete
ou ligadas à
a pessoas
das firmas
clara qual a
de Flávio
família
ligadas a
que
relação com
Bolsonaro ou
Bolsonaro
Flávio ou
tiveram o
Flávio ou
em outros
outros
sigilo fiscal
Queiroz
investigados
levantado
O ramo imobiliário:
Alerj:
• Os sócios Marcello Cattaneo Adorno e
• Foram identificados ao menos 55
Delio Thompson de Carvalho Filho e
funcionários ou ex-funcionários da Alerj
suas empresas também tiveram os
na lista, a maior parte tendo trabalhado
sigilos levantados. Uma delas, a MCA
no gabinete do então deputado estadual.
Exportação e Participações, comprou 12
O mais célebre é Fabrício Queiroz, cuja
salas comerciais de Flávio em um prédio
movimentação financeira atípica deu
na Barra
origem ao caso. O atual chefe de
gabinete de Flávio Bolsonaro no
• Os empresários americanos Glenn
Senado, Miguel Angelo Braga Grillo,
Howard Dillard, Charles Anthony
também está entre os investigados,
assim como Léo Índio, primo dos irmãos
Eldering e Paul Daniel Maitino são
sócios na Linear Enterprises Consultoria
Bolsonaro
Imobiliária. A empresa foi declarada
Clã:
inapta no último ano pela Receita por
• São 12 nomes ligados à família, como
omissão de declarações
a mulher de Flávio Bolsonaro. Dois
ex-funcionários do gabinete do então
• O ex-jogador de vôlei Fabio Guerra,
deputado federal Jair Bolsonaro
que comprou um apartamento de Flávio,
integram este grupo, assim como dois
teve o sigilo quebrado, assim como o de
militares que foram condecorados por
suas empresas, entre elas uma
Flávio
especializada em venda de perfumes
INVESTIGAÇÃO AVANÇA
A Justiça do Rio abriu o sigilo de
86 pessoas e 9 empresas
QUEM TEVE O SIGILO
QUEBRADO PELA JUSTIÇA
pessoas e
95
empresas
55
Alerj
Funcionários ou ex-funcionários,
seja no gabinete de Flávio
Bolsonaro ou em outros
12
Clã
Pessoas pertencentes ou
ligadas à família Bolsonaro
9
Empresas
CNPJs pertencentes a pessoas
ligadas a Flávio ou outros
investigados
8
Donos de empresas
Os donos das firmas que
tiveram o sigilo fiscal levantado
11
Não identificados
não ficou clara qual a relação
com Flávio ou Queiroz
Alerj:
• Foram identificados ao menos 55
funcionários ou ex-funcionários da Alerj
na lista, a maior parte tendo trabalhado
no gabinete do então deputado estadual.
O mais célebre é Fabrício Queiroz, cuja
movimentação financeira atípica deu
origem ao caso. O atual chefe de
gabinete de Flávio Bolsonaro no
Senado, Miguel Angelo Braga Grillo,
também está entre os investigados,
assim como Léo Índio, primo dos irmãos
Bolsonaro
Clã:
• São 12 nomes ligados à família, como
a mulher de Flávio Bolsonaro. Dois
ex-funcionários do gabinete do então
deputado federal Jair Bolsonaro
integram este grupo, assim como dois
militares que foram condecorados por
Flávio
O ramo imobiliário:
• Os sócios Marcello Cattaneo Adorno e
Delio Thompson de Carvalho Filho e
suas empresas também tiveram os
sigilos levantados. Uma delas, a MCA
Exportação e Participações, comprou 12
salas comerciais de Flávio em um prédio
na Barra
• Os empresários americanos Glenn
Howard Dillard, Charles Anthony
Eldering e Paul Daniel Maitino são
sócios na Linear Enterprises Consultoria
Imobiliária. A empresa foi declarada
inapta no último ano pela Receita por
omissão de declarações
• O ex-jogador de vôlei Fabio Guerra,
que comprou um apartamento de Flávio,
teve o sigilo quebrado, assim como o de
suas empresas, entre elas uma
especializada em venda de perfumes