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Black lives matter: dez livros de escritoras negras para pessoas brancas entenderem o racismo

De Ana Maria Gonçalves a Maya Angelou, listamos obras de autoras e autores negros importantes para quem quer entender melhor a desigualdade racial
As obras retratam diferentes assuntos ligados a população negra em diversos estilos literários Foto: Arte de Nina Millen
As obras retratam diferentes assuntos ligados a população negra em diversos estilos literários Foto: Arte de Nina Millen

De tempos em tempos, um fato trágico - como o assassinato do menino João Pedro, de 14 anos, em uma comunidade de São Gonçalo, no Grande Rio, ou os protestos nos Estados Unidos pela morte de George Floyd -, faz com que pessoas brancas voltem sua atenção para as consequências do racismo.

Mas sabemos que a discriminação racial é estrutural na sociedade brasileira. Para derrotá-la é fundamental que as pessoas brancas se envolvam ativamente no combate ao racismo. O primeiro passo é informar-se e educar-se. Pensamos nisso, CELINA selecionou dez livros de autoras e autores negros que têm lugar em toda biblioteca.

De Ana Maria Gonçalves a Maya Angelou , passando por Conceição Evaristo e Djamila Ribeiro , estas obras são importantes para entender a origem e o modus operandi do racismo e da desigualdade racial. Também valem para conhecer e desmistificar características fundamentais das culturas africanas e brasileira.

São boas leituras para desmistificar conceitos falhos como "racismo reverso", para entender o pensamento das mulheres negras e a importância das manifestações culturais e das religiões de matriz africana. Confira a lista:

1 - Um defeito de cor (Ana Maria Gonçalves)

Record

O romance conta a história de Kehinde, que é capturada na África com suas irmãs e enviada para o Brasil. Ao longo do livro, ela narra sua vida — marcada por estupros, castigos e mortes — e quais eram as estratégias de sobrevivência dos escravos. Ao longo da trama, a protagonista também busca pelo filho, perdido há décadas. A obra, lançada pela editora Record em 2006, chegou a ser comparada com "Raízes", o clássico norte-americano escrito por Alex Haley e publicado em 1976.

2 - Mulheres, raça e classe (Angela Davis)

Boitempo

O livro mostra o reflexo da escravidão nas sociedades pós-coloniais, que não podem se desenvolver como nação sem levar em conta a interseccionalidade de raça, classe e gênero. No cruzamento dessas opressões, Angela Davis apresenta como as lutas feminista, anticapitalista e antirracista precisam estar juntas. Para ela, as mulheres negras, que formam o grupo mais exposto a essas opressões, têm papel central na articulação dos movimentos contrários às explorações que ainda acontecem.

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3 - Pequeno manual antirracista (Djamila Ribeiro)

Companhia das Letras

Neste livro, a filósofa Djamila Ribeiro ensina lições para entender as raízes do racismo e como combatê-lo, além de trazer discussões sobre temas como branquitude, negritude, cultura e afeto. De maneira didática, o livro apresenta maneiras de enfrentar diariamente a estrutura racista da sociedade.

4 - Olhos D'água (Conceição Evaristo)

Pallas Editora

Em 15 contos, Conceição Evaristo, de maneira poética, foca na população negra do Brasil, sobretudo em seis mulheres diferentes que enfrentam as mesmas dificuldades: a pobreza, a desigualdade social e a violência. O livro venceu o Prêmio Jabuti em 2015.

5 - A origem dos outros (Toni Morrison)

Companhia das Letras

Ganhadora do prêmio Nobel de literatura, Toni Morrison baseou seu livro a partir dos discursos que fez na universidade Harvard. Ela levanta questões históricas, políticas e literárias sobre o racismo e a radicalização da identidade. Para ela, a literatura é uma arma de combate contra essa opressão.

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6 - O que é racismo recreativo? (Adilson Moreira)

Letramento

A partir da pergunta "de que forma devemos classificar expressões humorísticas que reproduzem estereótipos negativos sobre minorias raciais?", o autor discute sobre reafirmações racistas que se apresentam através do humor, e como isso afeta não só a população negra, mas as minorias na sociedade.

7 - Americanah (Chimamanda Ngozi Adichie)

Companhia das Letras

A autora apresenta Ifemelu, uma nigeriana que vive seu primeiro amor com Obinze, mas se depara com um momento político complicado em seu país e precisa se mudar para os Estados Unidos. Enquanto ela consegue bons resultados na universidade, também enfrenta pela primeira vez questões raciais e o peso de ser uma imigrante.

8 - Caroço de Dendê: a sabedoria dos terreiros (Mãe Beata de Iemanjá)

Editora Pallas

Em seu primeiro livro, a Ialorixá retrata, por meio de contos, as crenças, personagens e histórias do candomblé. Uma oportunidade para quem deseja entender sobre a religião e se aprofundar nos conhecimentos de Mãe Beata de Iemanjá.

9 - Quarto de despejo (Carolina Maria de Jesus)

Ática

Em formato de diário, Carolina , uma catadora de lixo, negra e favelada, retrata o cotidiano dos moradores da Favela do Canindé, em meio à transformação urbanística pela qual São Paulo passou na final da década de 50. O livro, publicado em 1960, narra as dificuldades enfrentadas à época pela população marginalizada.

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10 - Eu sei porque o pássaro canta na gaiola (Maya Angelou)

Astral Cultural

Uma autobiografia que, ao mesmo tempo, é tranformada em libertação e inspiração. O livro conta as histórias de abuso, racismo e outras lembranças dolorosas da vida de Marguerite Ann Johnson desde a infância até a adolescência.