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Coronavírus: coletivo reúne doações para trabalhadoras domésticas que ficaram sem remuneração

O grupo Pela Vida de Nossas Mães conecta mulheres que perderam renda durante o isolamento domiciliar a possíveis colaboradores. Saiba como ajudar!
O coletivo Pela Vida das Nossas Mães arrecada doações para trabalhadoras domésticas durante o isolamento domiciliar devido ao coronavírus Foto: Arte sobre foto de Marcos Alves /Agência O Globo
O coletivo Pela Vida das Nossas Mães arrecada doações para trabalhadoras domésticas durante o isolamento domiciliar devido ao coronavírus Foto: Arte sobre foto de Marcos Alves /Agência O Globo

"A situação está complicada pra gente que é diarista", afirma Ana Maria*, de 43 anos, em tom de lamento. Ela é uma das muitas trabalhadoras que foram dispensadas do serviço durante o período de isolamento domiciliar necessário para conter a epidemia de coronavírus . Divorciada, ela mora em um bairro da Zona Norte do Rio com a filha de 11 anos e não recebe pensão do ex-marido, que "aparece a cada dois ou três meses com uma nota de cem reais".

Ana Maria fazia faxina em domicílios, principalmente na Zona Sul. Ganhava entre R$70 e R$100 pela diária. Tinha apenas um serviço fixo, às sextas-feiras. Entretanto, todos os seus trabalhados foram cancelados por causa da epidemia. Só uma proprietária vem contribuindo, mesmo assim com valores simbólicos. Sem remuneração, a diarista já estava pensando em procurar o apoio de uma igreja. Foi quando a sobrinha falou de um projeto do coletivo Pela Vida de Nossas Mães .

O grupo, formado por filhos e filhas de empregadas e diaristas , havia lançado um manifesto reivindicando a quarentena remunerada para as empregadas domésticas. Agora, o movimento deu mais um passo com o objetivo de buscar o sustento dessas mulheres durante o período de isolamento domiciliar: eles estão conectando possíveis colaboradores com trabalhadoras que estejam em situação de vulnerabilidade.

— Eu me inscrevi sem acreditar muito. Mas entraram em contato para pedir meus dados e, na sexta-feira, quando acordei, tinha R$ 200 na minha conta. Agradeci muito! Hoje mesmo fiz as compras — conta Ana Maria, que já estava vendo as dívidas de casa se acumularem. — Já era difícil juntar alguma coisa como diarista. Entre as contas de luz e água e o alimento, preciso optar pelo alimento, para minha filha.

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O projeto é uma das muitas iniciativas que vêm surgindo durante a pandemia para ajudar os grupos mais vulneráveis. Juliana França, uma das criadoras do movimento, explica que é possível doar de diversas formas: por meio de transferência bancária, oferecendo cesta básica, vale gás, kit de higiene pessoal ou pagando um boleto. Quem quiser contribuir deve preencher um formulário, acessado nas redes sociais do coletivo, com o nome, contato e a forma de colaboração.

Já as trabalhadoras domésticas que desejam se cadastrar para receber doações devem preencher a primeira parte do formulário, com dados e informações como: quantas pessoas moram na casa, se ela continua trabalhando, se não está recebendo e se é a única provedora do lar.

— A partir desses critérios, a gente fala com o colaborador e passa os dados para a doação. É uma intermediação. Nenhum dinheiro passa pelas nossas mãos — explica a atriz e professora de 29 anos, filha e afilhada de trabalhadoras domésticas.

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De acordo com Juliana França, a iniciativa tem, hoje, cerca de cem profissionais cadastradas para receber ajuda em diferentes estados, como Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco, Acre, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. O número de colaboradores gira em torno de 20.

— Estamos tentando disseminar o máximo possível esse formulário. A gente sabe que não é o meio mais rápido, mas, neste momento, é a maneira segura de fazer com que essas mulheres em situação de vulnerabilidade tenham acesso imediato às doações — explica JUliana, acrescentando que o coletivo está estudando uma forma de criar uma vaquinha no futuro.

Como colaborar: Se cadastre e escolha a forma de doação por meio do formulário disponível aqui e nas redes sociais do Pela Vida de Nossas Mães

*Nome da entrevistada foi alterado para preservar sua identidade

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