Celina Coronavírus

Em meio à pandemia de Covid-19, sejamos todos feministas

Oito dicas para que nem o feminismo nem a sororidade esmoreçam nos dias de isolamento social

A pandemia é uma realidade, e todos nós precisamos fazer a nossa parte para que as consequências não sejam mais graves do que já são. Já viu nas redes sociais a mensagem “quanto mais cedo nos isolarmos, mas cedo nos abraçaremos”? É isso. Se a tarefa mais importante é o isolamento social , como manter a agenda feminista nesses dias de crise? As manifestações na rua não podem acontecer agora, mas você pode praticar o seu feminismo facilmente a partir da sua casa.

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Inspirada pelo best-seller da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, "Sejamos todos feministas", listo oito ideias para que nem o feminismo nem a sororidade esmoreçam em meio à pandemia do covid-19.

1 - Mantenha a chama do ativismo acesa

A recomendação das autoridades de saúde é o isolamento social. Portanto, evite aglomerações e pratique o ativismo de sofá. Há mil maneiras criativas de se manifestar online, e as redes sociais podem multiplicar o alcance da sua voz. Você pode se reunir com outras feministas e planejar e executar ações coletivas — tudo por meio das redes sociais. Não custa lembrar, a ONU Mulheres afirma que, em momentos de crise, as mulheres formam o grupo mais vulnerável, estando ainda mais sujeitas à violência doméstica e agressões sexuais nas ruas . É momento de estarmos atentas.

2 - Não sobrecarregue a sua mãe

Em um período de quarentena, como o que estamos atravessando, muitas mulheres podem ficar sobrecarregadas. Sabemos que o machismo é estrutural e está enraizado na cultura brasileira. Por isso, com famílias reunidas em casa por semanas a fio, a maior parte das tarefas domésticas acaba caindo nos ombros das mães. Elas cozinham, lavam, passam, ajudam os filhos nas tarefas escolares, precisam dar conta de seu próprio trabalho e ainda têm a sobrecarga mental extra por organizarem a vida de todos. Não permita que isso aconteça. Ofereça-se para compartilhar as tarefas. E, o mais importante: converse com o resto da família e dividam tarefas. Quarentena não é sinônimo de abuso.

3 - Cuide das suas mais velhas

A essa altura você já sabe que os idosos são um grupo de risco. Eles não devem sair à rua ou ter contato com outras pessoas que possam ter sido expostas ao vírus. Mas isso não quer dizer que devam ser deixados sozinhos. Se você tem uma avó, ligue para ela diariamente e pergunte do que precisa. Ofereça-se para fazer as compras necessárias, esteja atenta a sua saúde e emoções e dedique-se a ouvir as histórias que ela tem para contar. Uma outra ideia é se inspirar nos exemplos vistos em várias cidades do mundo e se oferecer para ajudar seus vizinhos de mais idade.

4 - Exerça a sororidade

Se trabalhadoras prestam serviços a você, pense nos riscos que elas correm indo e vindo do trabalho. A situação das trabalhadoras domésticas é particularmente preocupante. Se puder, peça que elas fiquem em casa, protegidas da pandemia, mas continue pagando pelo serviço. Se isso não for possível, pensem juntas em uma maneira sustentável e segura de dar continuidade ao trabalho. É uma forma de garantir o bem-estar e a sobrevivência de outras mulheres e suas famílias.

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5 - Incentive os negócios comandados por mulheres

Cerca de 30 milhões de famílias brasileiras são chefiadas por mulheres. Muitas delas são empreendedoras e estão à frente de pequenos negócios, que, com a necessidade de confinamento, podem estar sob risco. Quando for fazer compras ou contratar serviços, leve isso em consideração e opte por negócios comandados por mulheres. Se não encontrar, pesquise por empresas que pratiquem a equidade de gênero e a igualdade salarial.

6 - Lute pela igualdade de gênero em casa

Já que a quarentena está reunindo famílias em casa, é uma boa hora para ensinar a todos sobre a importância da igualdade de gênero. Reúna a família, use as tarefas da casa como exemplo e mostre como as mulheres estão sobrecarregadas. Ensine aos homens a diferença entre “ajudar” e dividir” e, juntos, estabeleçam uma rotina igualitária.

7 - Estude a História do feminismo e das feministas

Estamos todas mergulhadas na quarta onda feminista. Mas e as mulheres que vieram antes de nós e construíram o caminho até aqui? Nos últimos anos houve um boom feminista no mercado editorial. As livrarias — físicas e online — estão abarrotadas de obras sobre o momento atual, as três ondas anteriores do feminismo e as feministas. Se você estiver fazendo home office, que tal usar o tempo que passava no trânsito para aprender mais sobre esses temas? Separamos aqui oito conteúdos de Celina, todos em vídeo, sobre mulheres e suas diferentes realidades.

8 - Autocuidado é importante

O momento que estamos vivendo pode gerar ansiedade. Por isso é importante cuidar da sua saúde mental e física. Esteja atenta ao que lhe faz bem e ao que lhe faz mal e cuide das suas emoções. Aplicativos oferecem meditação guiada, o que pode ajudar a acalmar. Use a tecnologia para manter rotinas de afeto com pessoas que são importantes para você. Não se deixe levar pelo pânico de outros. Tenha informação de qualidade sempre ao alcance das mãos. Mesmo com a quarentena, preste atenção ao seu corpo: alimente-se corretamente, durma bem e faça exercícios. Academias, estúdios de ioga e professores independentes estão oferecendo aulas online gratuitas. Participe.