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Instituto Marielle Franco promove concurso de ensaios feministas

Inscrições serão abertas no dia 14 de março, data em que o assassinato da vereadora e do motorista Anderson Gomes completa dois anos. Mulheres cis e trans podem participar da competição
A vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), assassinada em março de 2018 Foto: Renan Olaz / Divulgação / CMRJ
A vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), assassinada em março de 2018 Foto: Renan Olaz / Divulgação / CMRJ

O Instituto Marielle Franco anunciou, na última semana, o 1º Concurso Marielle Franco de Ensaios Feministas . A premiação, produzida em parceria com a Editora Contracorrente , vai selecionar ensaios literários escritos por mulheres cis ou trans sobre diferentes aspectos do feminismo. As inscrições abrem no dia 14 de março de 2020 , data em que o assassinato da vereadora e do motorista Anderson Gomes completa dois anos. O objetivo da competição, de acordo com a divulgação, é "fortalecer o pensamento feminista e defender a memória e luta de Marielle".

Os textos serão avaliados por um júri composto por Anielle Franco , diretora do instituto e irmã de Marielle, e pelas filósofas e escritoras Sueli Carneiro e Márcia Tiburi . A autora do melhor ensaio vai receber o Prêmio Marielle Franco e uma quantia de dez mil reais. Além disso, terá seu ensaio publicado pela editora e divulgado nas redes do instituto.

Marcelle Decothé da Silva , apoiadora do Instituto Marielle Franco, conta que o concurso é a primeira grande ação realizada pela instituição, que busca se tornar referência para mulheres negras no Brasil, na América Latina e no mundo.

—  Falamos muito sobre regar as sementes, que são as mulheres que enxergam na Mari uma referência, não só de luta, mas também acadêmica. Acreditamos que temos uma oportunidade de reunir muita coisa boa, muita reflexão crítica sobre a realidade, principalmente a partir da visão de mulheres, e majoritariamente negras.

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A escolha da data para publicação do edital e início das candidaturas busca visibilizar a data da morte da vereadora. Quase dois anos depois, o crime ainda não foi solucionado. Dois acusados pelo assassinato estão presos desde março de 2019: o policial militar reformado Ronnie Lessa e o ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz. Em setembro do ano passado, a então procuradora-geral da República Raquel Dodge solicitou que as investigações passassem a ser conduzidas pela Justiça Federal. Em nota publicada no dia 21 de janeiro, o Instituto se posiciona contrário à federalização do caso.

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— O 14 de março virou um marco internacional, aqui no Rio foi sancionado como Dia dos Defensores de Direitos Humanos. Este ano o assassinato da Mari completa dois anos, ma até hoje não temos uma resposta efetiva nem os mandantes do crime identificados. Começar no dia 14 tem essa marca de não deixar cair no esquecimento, não deixar ficar impune. E, principalmente, busca trazer uma perspectiva positiva do que o instituto pode proporcionar — afirma Marcelle.

De acordo com a Editora Contracorrente, outras informações sobre tamanho do texto, formatação, temas e regulamento estarão disponíveis no edital. A premiação é exclusiva para textos do gênero textual ensaio. As interessadas em participar terão até o dia 14 de julho para enviá-los, e a premiação será realizada um mês depois, no dia 14 de agosto .

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O Instituto Marielle Franco é liderado pela família da parlamentar e foi lançado no dia 27 de julho de 2019, data em que ela completaria 40 anos de idade. A inauguração foi celebrada com a atividade “Papo Franco”, uma roda de conversa sobre assuntos ligados a questões de gênero e raça, que era organizada pelas irmãs Marielle e Anielle e foi retomada em uma edição especial realizada na Maré, no Rio de Janeiro.

A instituição é baseada em quatro pilares: “lutar por justiça”, “defender a memória”, “multiplicar o legado” e “regar as sementes”. Marcelle afirma que podemos esperar outras ações dentro desses eixos ao longo do ano.