O presidente da Federação Americana de Futebol (US Soccer), Carlos Cordeiro, anunciou sua demissão e pediu desculpas pelos argumentos utilizados pela instituição na disputa judicial com a seleção feminina, que gerou uma onda de críticas contra a federação .
Há cerca de um ano as jogadoras da seleção dos Estados Unidos pleitearam na justiça receber os mesmos valores que os jogadores da seleção masculina e reclamaram um pagamento retroativo de US$ 66 milhões, usando a em seu argumento a Lei de Igualdade Salarial. A Federação Americana de Futebol se opõe à demanda das atletas.
Ao manifestar-se na última terça-feira (10) perante a corte federal de Los Angeles, a federação tentou justificar a desigualdade salarial entre homens e mulheres. Entre os argumentos usados estavam "as condições hostis que a seleção masculina enfrenta quando joga no México ou na AMérica Central, que, segundo a federação, "não se comparam com nada do que a seleção feminina enfrenta".
A Federação de Futebol dos Estados Unidos também defendeu que "o trabalho de um jogador da seleção masculina requer um nível mais alto de destreza baseado em velocidade e força do que o de uma jogadora da seleção feminina", além de afirmar que a equipe de homens dá mais audiência na TV do que as mulheres.
Para pensar: O que fazer quando você ganha menos que um homem, apesar de ter o mesmo cargo?
A revelação desse argumentos provocou uma escalada de reações contra a federação e contra Cordeiro, incluindo posicionamentos da Coca-Cola, que patrocina a equipe, e da atual dona da Bola de Ouro, a jogadora Megan Rapinoe, capitã do time que, na quarta-feira (11) se tornou campeã da copa SheBelieve.
No olho do furacão, Cordeiro decidiu se demitir:
"Os argumentos e a linguagem usados em nossa defesa ofenderam gravemente, especialmente a nossa extraordinária equipe feminina, que merece muito mais. Foi inaceitável e indesculpável", escreveu Cordeiro em sua carta de renúncia.
Argumentos 'misóginos e sexistas'
Entrevistada antes da demissão de Cordeiro, Megan Rapinoe respondeu com firmeza aos argumentos apresentados pela Federação Americana de Futebol na corte de justiça.
"De alguma maneira, esse é o tipo de sentimentos que temos visto como pano de fundo por muito tempo", disse Rapinoe à Espn. "Mas ver isto como um argumento tão descaradamente misógino e sexista usado contra nós é realmente decepcionante". A jogadora, conhecida por seu ativismo pelos direitos LGBT+, fez essas declarações um dia depois de levantar a taça da Copa SheBelieves, na qual a seleção americana, atual campeã do mundo, derrotou três rivais.
Celina está no Instagram. Para seguir a gente, clique aqui
Em sua carta de renúncia, o presidente da federação se justificou, alegando que não pode revisar toda a defesa antes que ela fosse apresentada à corte.
"Assumo a responsabilidade", declarou Cordeiro, que estava no cargo desde 2018 para uma mandato de quatro anos.
A vice-presidente da federação, Cindy Parlow Cone, assumirá o cargo no lugar de Cordeiro.
Em relação à demanda das jogadoras, a posição de Cordeiro era oferecer uma compensação financeira idêntica às seleções feminina e masculina em todas as partidas controladas pela instituição. Ele alegava que o pedido de pagamento retroativo no valor de US$ 66 milhões, que ele se recusava a enfrentar, está relacionado com as disparidades nos prêmios da Fifa para as Copas do Mundo masculina e feminina. A Alemanha recebeu US$ 35 milhões pela vitória em 2014, e a França recebeu US$ 38 milhões. Já a seleção americana, campeão do mundo em 2015 e 2019 recebeu um total de US$ 6 milhões pelos dois torneios.