Caetano Veloso diz que não entende muito de tecnologia. Não tem celular, não consulta o que dizem a seu respeito nas redes sociais e, por vezes, tem dificuldade para encontrar as músicas de que gosta no Spotify.
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Isso não impediu que ele produzisse, com a recém-lançada música “Anjos tronchos”, um manifesto contundente e certeiro sobre como a revolução democrática prometida pela internet redundou num cenário político violento, que permitiu a ascensão de autocratas mundo afora — os “palhaços líderes” que “brotaram macabros” na letra.
A música faz parte de “Meu coco”, primeiro álbum de inéditas de Caetano desde “Abraçaço”, que será lançado no próximo dia 21 nas plataformas de streaming, com 12 faixas nunca gravadas pelo compositor, embora algumas já sejam conhecidas, como “Pardo”, que ele compôs para a cantora paulistana Céu; “Autoacalanto”, uma homenagem ao neto Benjamin; e “Noite de cristal”, gravada originalmente pela irmã Maria Bethânia no disco “Maria” (1988).
Mas, apesar de admitir que o tom de “Anjos tronchos” é sombrio, Caetano não acha que estamos fadados a ter nossa vida governada pelos algoritmos. Nesta entrevista, ele explica por que considera que a superexposição proporcionada pela internet ameaça e enfraquece o conservadorismo.
E conta como ele mesmo por vezes se rebela — contra as estratégias da indústria de streaming, contra os consensos políticos e até contra os próprios algoritmos que tentam obrigá-lo a ver determinados conteúdos no YouTube.