Cultura

CEO da Saraiva pede demissão antes de completar três meses no cargo

Na última sexta-feira (3), Luis Mario Bilenky renunciou ao comando da rede livrarias, que está em recuperação judicial
Em recuperação judicial desde novembro de 2018, Saraiva tem 73 lojas pelo Brasil Foto: Leonardo Soares / Agência O GLOBO
Em recuperação judicial desde novembro de 2018, Saraiva tem 73 lojas pelo Brasil Foto: Leonardo Soares / Agência O GLOBO

SÃO PAULO – Luis Mario Bilenky, CEO que havia assumido o comando da Saraiva em 13 de janeiro, pediu demissão na última sexta-feira (3). A informação foi confirmada pela rede de livrarias no início da tarde desta segunda-feira (6).

Em um comunicado aos investidores, foi anunciado que Deric Degasperi Guilhen , diretor comercial da rede, “assumirá interinamente as responsabilidades antes desempenhadas” por Bilenky e ressaltou que o ex-CEO “possui mais de 20 anos de experiência profissional no mercado varejista de livros”. A Saraiva também agradeceu a  Bilenky “pela sua contribuição ao longo do período em que exerceu suas funções”.

Antes de presidir a rede de livrarias, Bilenky fora diretor de marketing para a América Latina do McDonald’s, CEO da Blockbuster, diretor executivo do Grupo Fleury e presidente do Hospital Infantil Sabará. Escolhido pelo Conselho de Administração da Saraiva, Bilenky assumiu após Jorge Saraiva Neto ser afastado do cargo por pressão de credores que ameaçavam não aprovar o plano de recuperação judicial da varejista, o que podia levá-la à falência.

A crise: Mercado editorial brasileiro já sofre impacto do coronavírus

À época, em comunicado, Bilenky afirmou que “o mercado livreiro, no Brasil e no mundo, passa por uma fase de transformação e adaptações relevantes, mas tenho convicção de que o livro tem lugar garantido no futuro! Estou muito feliz e confiante. É uma honra estar à frente de uma empresa centenária e poder contribuir para o contínuo crescimento do hábito da leitura e sua força transformadora na vida das pessoas”.

A renúncia de Bilenky ocorre num momento de extrema incerteza para o mercado editorial brasileiro, que se prepara para uma severa crise provocada pela pandemia de Covid-19. Nas últimas semanas, editoras voltaram a reclamar de atrasos de pagamento por parte de livrarias, entre elas, a Saraiva, que pediu renegociação de prazos.

Na Justiça: Rede tenta negociar dívida de R$ 675 milhões

A Saraiva entrou em recuperação judicial em novembro de 2018, quando informou uma dívida de R$ 675 milhões com 1.100 credores. Desde então, a varejista passa por um processo de reestruturação, que levou ao fechamento de lojas. A Saraiva terminou 2019 com 73 lojas, 1.832 funcionários e prejuízo líquido de R$ 293 milhões.

No comunicado que anunciou a demissão de Bilenky, a Saraiva também garantiu que "continuará contando com o auxílio de consultoria especializada para assessorá-la na Recuperação Judicial e na reestruturação de suas atividades operacionais".