Cultura

Conheça 'Utopia', livro de Thomas More que Eduardo Suplicy enviou a Bolsonaro

Vereador de São Paulo, petista recomendou leitura da obra para presidente passar seu 'período de convalescência' do novo coronavírus
Suplicy com exemplar do clássico 'Utopia' que recomendou ao presidente Jair Bolsonaro Foto: Twitter Eduardo Suplicy
Suplicy com exemplar do clássico 'Utopia' que recomendou ao presidente Jair Bolsonaro Foto: Twitter Eduardo Suplicy

Em 1516, o filósofo e escritor inglês Thomas More juntou os termos gregos ou (advérbio de negação), tópos (lugar) e ia (estado) para inventar a palavra que batizou seu livro concluído naquele ano: "Utopia". Dali em diante, o termo se popularizou em diversas línguas como um conceito para descrever modelos de sociedades perfeitas, impossíveis de se atingir ou ainda não atingidas. E a obra tornou-se uma referência clássica para os debates sobre organizações políticas mais humanistas e igualitárias.

Essa leitura socioeconômica da obra é a que o ex-senador e atual vereador da cidade de São Paulo Eduardo Suplicy (PT) está propondo que o presidente Jair Bolsonaro faça do livro. O petista publicou em sua conta numa rede social que enviou pelo correio um exemplar com dedicatória da obra para o Palácio do Planalto.

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Suplicy diz que deseja melhoras a Bolsonaro, que contraíu o vírus da Covid-19, e recomenda que o presidente leia durante seu "período de convalescência" da doença a obra que tanto inspirou ideias para o desenvolvimento de sociedades mais justas.

"Ao Presidente Jair Bolsonaro, desejo-lhe pronta recuperação e que possa aproveitar esse período em que precisa se restabelecer com a leitura desse importante livro de Thomas More" publicou Suplicy.

Escrito em latim, o livro de ficção é uma espécie de ensaio e sátira sociopolítica. O enredo descreve, em linhas gerais, uma sociedade insular e seus costumes sociais, religiosos e políticos. A história se desenrola a partir do relato do marinheiro Rafael Hitlodeu, que narra sua viagem à ilha onde existe uma sociedade vivendo em perfeita harmonia e justiça social.

Inspirado em "A república", de Platão, o autor insere discussões sobre temas sociais como riqueza, pobreza, religião e pena de morte a partir de diálogos entre os personagens da trama. Muitos leitores enxergam na obra, por exemplo, as bases que fundamentaram projetos para criar redes de garantias mínimas de existência para os indivíduos dentro das sociedades.

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Em sua publicação, Suplicy recomenda ao presidente principalmente o trecho do livro que conta como a pena de morte não havia colaborado para diminuir a criminalidade violenta na ilha descrita na ficção. Na verdade, o melhor seria garantir a sobrevivência das pessoas para que ninguém sinta a necessidade de roubar para depois ser  transformado num cadáver.

"Por essa razão, Thomas More é considerado um dos pensadores que melhor fundamentou a Renda Básica de Cidadania. Muito melhor do que distribuir armas será assegurar a Renda Básica de Cidadania para todas as pessoas", prossegue Suplicy.

O petista afirmou que enviou o livro, em envelope, para o presidente e que a previsão dos correios é que a encomenda chegue ao destinatário até a terça-feira.