Cultura

Fagner planeja disco em homenagem a Belchior após descoberta de inéditas

Cantor reconhece o tempo de brigas com o falecido compositor e diz: 'se existe uma coisa positiva para se fazer, é o melhor para calar a todos'
Os cantores e compositores cearenses Belchior (à esquerda) e Fagner Foto: Colagem de fotos de divulgação
Os cantores e compositores cearenses Belchior (à esquerda) e Fagner Foto: Colagem de fotos de divulgação

RIO - Compositores cearenses que chegaram ao Rio no começo dos anos 1970, Belchior e Fagner despontaram com uma parceria que rendeu canções como “Mucuripe” (gravada por Roberto Carlos e Elis Regina) e “Noves fora” (que foi ao disco com Elis e com Wilson Simonal). Constantes brigas acabaram por fazê-los seguir caminhos diferentes – mas ambos com muito sucesso. Agora, com a descoberta no Arquivo Nacional, pelo pesquisador Renato Vieira, de letras de canções inéditas do falecido Belchior ( conforme noticiado pela coluna de Lauro Jardim ), um reencontro fica mais próximo.

Entre as sete canções inéditas, duas são em parceria com Fagner e foram feitas no Rio de Janeiro entre 1971 e 1972: “Posto em sossego” e “Alazão” (esta, os dois compuseram junto com Fausto Nilo, poeta daquela turma de músicos do Ceará e futuro letrista consagrado da música popular).

— Eu sabia que tinha algumas músicas mais com Belchior, e identifiquei na hora. “Rezo e você não me ouve / falo e você não entende...” — canta Fagner os versos de “Posto em sossego”, escritos pelo parceiro e por ele musicados. — Isso deve fazer o que? Uns cem anos!

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O resgate de “Posto em sossego” e de “Alazão” (da qual Fagner lembrou da melodia ao ouvir os versos “o que dizer daquele sol? / O que dizer daquele bar? O que dizer daquele mar?” – para ele, “uma viagem do Belchior com o Fausto Nilo, com certeza pensando no Ceará”) animou o cantor a retomar o projeto de um álbum cantando Belchior. O que ele promete fazer logo depois que finalizar a produção de um disco com Elba Ramalho e de um show com o maestro João Carlos Martins.

— Quando começou esse negócio de rever Belchior e todo mundo foi fazendo, eu fiquei quieto. Robertinho ( de Recife, seu produtor ) foi o primeiro a sugerir. Mas agora eu posso fazer um disco com inéditas — conta Fagner, que até hoje lembra das brigas com o parceiro, como a que teve quando Belchior ganhou IV Festival Universitário de 1971 com a música “Na hora do almoço”. — Eu quis defender a música com ele, e ele não deixou, chegamos a ensaiar juntos e tudo... é coisa que a gente não esquece. Outro dia eu fiz agora o Serginho Groisman e dei um pauzinho no Belchior. O fã-clube dele reclama, mas agora, se existe uma coisa positiva para fazer, é o melhor para calar a todos.

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Renato Vieira ainda descobriu descobriu inéditas de Belchior com Fausto Nilo (“Baião de dois vinte e dois”), com Ednardo (“Bip bip”) e com Augusto Pontes (“Fim do mundo”), além de duas que o cearense fez sozinho, “Adivinha” e “Outras constelações”.

— A parceria de Fagner e Belchior é uma das grandes da música brasileira e o que passa a posteridade ficou muito mais a briga deles. Eles têm nove músicas juntos, é uma parceria interessante — Vieira. — Espero que essa pesquisa seja o começo de alguma coisa, que haja fitas onde se possa recuperar as melodias dessas composições.