Cultura

Novo presidente da Biblioteca Nacional é capitão da Marinha

Nomeação reforça interesse do governo Bolsonaro pela presença de figuras militares em instituições de cultura mantidas pelo Estado
Fachada da Biblioteca Nacional, que teve fachada restaurada em 2018 Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo
Fachada da Biblioteca Nacional, que teve fachada restaurada em 2018 Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo

Importante centro de documentação da história do país, a Biblioteca Nacional passa a ser comandada, a partir desta quinta-feira (24/2), pelo capitão de Mar e Guerra da reserva Carlos Fernando Corbage Rabello. A informação, publicada no Diário Oficial da União, foi antecipada pelo colunista do GLOBO Lauro Jardim.

Ex-diretor executivo da Casa de Rui Barbosa , Corbage Rabello pertence a uma tradicional família de militares da Marinha, tendo exercido o cargo de vice-diretor do Museu Naval. Tecnólogo em Processamento de Dados e mestre em Administração pela faculdade Ibmec, onde desenvolveu uma dissertação sobre "consumidores de museus", ele já atuou como gerente comercial numa empresa de "escape games" e numa corretora de seguros, como consta em seu perfil profissional numa rede social.

Militares na Cultura

A Biblioteca Nacional estava sem presidente desde o dia 8 de fevereiro, quando o professor olavista Rafael Nogueira deixou o cargo para assumir a Secretaria Nacional de Economia Criativa e Diversidade Cultural, na pasta do secretário especial de Cultura Mario Frias .

A nomeação de Corbage Rabello ao posto de chefe da Biblioteca Nacional reforça o interesse do governo pela presença de figuras militares em instituições de cultura do Estado. Desde o ano passado, o chefe da Secretaria de Fomento e Incentivo é o policial militar baiano André Porciuncula . Em novembro de 2021, Ricardo Borda D'Água, dono de uma empresa de "treinamento e segurança" no Rio de Janeiro, virou presidente do Arquivo Nacional.

Histórico controverso

Na Casa de Rui Barbosa, onde exerceu o cargo de diretor executivo nos últimos dois anos, Corbage Rabello, não mantinha uma boa relação com a chefe Letícia Dornelles, que sentia-se perseguida por ser vista como uma "evangélica fervorosa", como contou ao GLOBO.

Tido como o "número 2" de Dornelles — que foi acusada por pesquisadores por praticar censura, falta de diálogo e usar os canais oficiais para autopromoção —, Corbage Rabello também era visto, por funcionários da instituição, como uma figura arrogante e autoritária.