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Cultura

Por que você ouviu tanto falar de TikTok no ano passado

Negócios, entretenimento, notícias, ativismo e conexão social nunca mais foram os mesmos depois do surgimento do aplicativo
Tik Tok: mania em 2020 Foto: REUTERS/Dado Ruvic / REUTERS
Tik Tok: mania em 2020 Foto: REUTERS/Dado Ruvic / REUTERS

Já se passaram mais de dois anos desde que o TikTok, criado na China, chegou aos Estados Unidos, em agosto de 2018, oferecendo uma resposta a qualquer um que pensou que a mídia social tinha perdido o seu rumo. O app tinha tudo: debate social, comédia, memes, desafios, tutoriais de maquiagem e, é claro, danças. Mesmo os que não compraram totalmente a ideia não puderam evitar os vídeos, que proliferaram por Instagram, YouTube e Twitter.

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Em abril de 2020, o TikTok foi baixado mais de dois bilhões de vezes; no outono (americano), o aplicativo tinha cerca de 850 milhões de usuários ativos mensalmente.

“O TikTok é um aplicativo de dança infantil”, disse recentemente o comediante Nathan Fielder. Embora seja verdade que o TikTok transformou a cultura de dança on-line, ele virou, de forma ampla, uma rica rede social.

O impacto mais óbvio do aplicativo pode ser visto no mundo do entretenimento. O principal responsável pela experiência única de visualização do TikTok é a página For You, um feed programado por algoritmos que oferece um conteúdo dirigido aos seus interesses. Você não precisa seguir ou ser seguido por uma única pessoa para ver os vídeos que deseja, ou para que seus vídeos sejam vistos pelo seu público-alvo, o que levou a muitas pessoas uma rápida ascensão à fama.

O aplicativo também revigorou a indústria musical e se tornou um lugar para descobrir talentos, vender novas canções e produzir colaborativamente novas músicas.

O TikTok teve um efeito inegável sobre o que as pessoas vestem e compram. TikTokers apareceram em campanhas da Louis Vuitton e da Prada, assinaram contratos com agências como IMG Models, criaram tendências. Um desafio da Gucci ensinava as pessoas a estilizar itens de seus guarda-roupas. Enquanto as vitrines físicas ficaram fechadas nos primeiros meses da pandemia, novas marcas e lojas surgiram no TikTok. Grandes redes como Sephora, Dunkin e GameStop encorajaram seus funcionários a se tornarem influenciadores do TikTok.

Um aliado na pandemia

Em 2020, muitas indústrias foram atingidas pela pandemia e usaram o aplicativo para promover a arrecadação de fundos e esforços de socorro. Com o coronavírus se espalhando, o TikTok também desempenhou um papel fundamental na saúde pública. Enfermeiros, médicos e outros profissionais de saúde da linha de frente usaram a ferramenta para falar sobre os riscos de contrair Covid-19, explicar a importância do uso de máscaras e acabar com a desinformação sobre as vacinas.

À medida que o movimento “Vidas negras importam” ganhou apoio em todo o país, o TikTok também se tornou um espaço onde jovens ativistas podiam falar sobre a brutalidade policial, tornando-se um aliado da reforma da justiça criminal. O ativismo político foi frutífero no aplicativo. Com a eleição presidencial se aproximando, jovens comentaristas políticos usaram a plataforma para informar os usuários. Enquanto os estados eram convocados na noite da eleição, milhões de adolescentes acompanhavam os resultados no TikTok. Apesar dos esforços de Trump para banir o aplicativo, ele seguiu.

Depois que muitas escolas americanas migraram para o ensino remoto, alunos e professores recorreram ao TikTok para lamentar sobre as dificuldades da educação. Alunos participaram de sessões de estudo transmitidas ao vivo. Em junho, o TikTok apresentou um projeto e disse que trabalharia com especialistas para produzir conteúdo educativo.

Além de conectar professores e alunos, também promoveu amizades e romances à distância. Ensinou milhões de pessoas confinadas em casa na quarentena a cozinhar. As canções e faixas de áudio do TikTok forneceram a trilha sonora para 2020. Novos tipos de dramaturgia e expressão própria surgiram na plataforma. Nesse ponto, quem sabe o que 2021 irá trazer?