RIO - Mesmo com muitos projetos fonográficos interrompidos por causa da pandemia de Covid-19, 2020 foi um ano de grandes lançamentos. E eles envolveram desde monumentos da canção popular a jovens estrelas pop, em discos que ajudaram o mundo a atravessar os dias difíceis de isolamento e incerteza.
Bob Dylan
“Rough and rowdy ways”
Aos 79 anos e um Nobel de Literatura nas costas, Dylan recorre a jogos de palavras, tiradas filosóficas e um fino entendimento das grandes questões humanas num belo— e atemporal — disco sobre a morte.
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Fiona Apple
“Fetch the Bolt Cutters"
Sem medo de ser pessoal, Fiona trata de liberdade e da possibilidade de se impor como uma mulher falante nos tempos pós-#MeToo. E o faz com inovador instrumental, construído a partir da percussão.
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Letrux
“Aos prantos”
Emergente do pop alternativo brasileiro, Letícia Novaes vai além da irreverência em seu segundo álbum solo e se revela uma perita retratista da fossa — seja no formato de pop eletrônico ou no de quase samba-canção.
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Sepultura
“Quadra”
No 15º álbum de uma carreira de 35 anos, o mineiro Sepultura, gigante do heavy metal mundial, resume de forma inesperadamente vigorosa as suas muitas qualidades. É um disco agressivo, melódico, rítmico e experimental.
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The Weeknd
“After hours"
Esnobado pelo Grammy apesar de ter a faixa mais ouvida do Spotify em 2020 (“Blinding lights”), o canadense segue conjugando, com brilho, o espírito sombrio da música do seu tempo à leveza dançante do pop dos anos 1980.
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Dua Lipa
“Future nostalgia”
O segundo álbum da estrela pop inglesa é uma sincera coleção de faixas que aspiram à solidez das produções radiofônicas oitentistas, mas sem perder o pé na contemporaneidade. O escapismo possível em tempos de pandemia.
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Phoebe Bridgers
“Punisher”
Com uma voz encharcada de sentimento e canções confessionais, a americana de 26 anos desponta com um segundo disco no qual os delicados arranjos, entre o indie rock, o pop e o folk, ressaltam os seus dotes de estrela.
Mateus Aleluia
“Olorum”
A ancestralidade africana revive por inteiro, com sofisticação e poesia, no terceiro disco solo do baiano, cantor do grupo Tincoãs. As participações de João Donato e do saxofonista Thiago França só enobrecem o disco.
Matuê
“Máquina do tempo”
O MC cearense, nome de frente na ascensão brasileira do trap (mutação moderna do rap), mostra distinção em seu primeiro álbum ao fazer a transição para o pop sem perder a legitimidade dada pelas ruas.
Luedji Luna
“Bom mesmo é estar debaixo d’água”
Com bases instrumentais gravadas no Quênia, o segundo álbum eleva o patamar artístico da cantora baiana ao incorporar a riqueza espontânea do jazz dentro de uma perspectiva feminina e diaspórica.
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