RIO — O secretário de Cultura da prefeitura do Rio de Janeiro, Adolpho Konder, está de saída da pasta. A informação foi confirmada ao GLOBO por fontes ligadas à gestão do prefeito Marcelo Crivella. A demissão a pedido do secretário deve ser oficializada ainda nesta sexta-feira.
Konder aceitou o convite do governador em exercício do estado do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, para assumir a presidência do Detran. Em nota, o governo do estado afirmou que sua nomeação sairá na próxima segunda-feira (5).
Ele deixa a secretaria de Cultura em meio à problemas de gestão nas lonas e arenas culturais administradas pela prefeitura, que chegaram a ter a energia cortada por falta de pagamento, além de atrasos nos repasses orçamentários. Procurada, a secretaria de Cultura ainda não se manifestou.
Segundo a pasta, espaços como o Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica e a Lona Cultural Hermeto Pascoal já tiveram o religamento da energia. Apenas a Lona Cultural Jacob do Bandolim segue sem luz, porém a conta já teria sido paga e a situação está sendo resolvida.
A saída do advogado ocorre ainda no momento em que equipamentos culturais da prefeitura foram autorizados a reabrir em meio à pandemia da Covid-19 e profissionais da economia criativa do Rio e Janeiro buscam acesso ao auxílio da Lei Aldir Blanc através dos cadastros municipais de cultura. O município irá receber R$39 milhões do projeto, e artistas e espaços culturais irão concorrer a editais entre R$3mil e R$10 mil reais.
Prefeitura deixa cultura à míngua
Filiado ao DEM, Konder foi nomeado para o cargo em setembro do ano passado, se tornando o terceiro secretário de Cultura da gestão Crivella. Ele já integrava a equipe da prefeitura, atuando na presidência da MultiRio, empresa subordinada à Secretaria de Educação.
Antes do advogado assumir a Cultura, passaram pelo cargo a produtora cultural Nilcemar Nogueira e a gestora pública Mariana Ribas . Neste ano, a pasta conta com um orçamento de R$ 115 milhões, o menor desde 2011.
Em abril deste ano, Marcelo Crivella aprovou uma proposta que tirou da cultura R$ 49,7 milhões oriundos do mecanismo de incentivo fiscal que assegura, desde 2013, 1% da arrecadação do Imposto Sobre Serviços (ISS) para o setor. A justificativa foi a necessidade de transferência de dinheiro para o combate à pandemia da Covid-19.
Ainda no período de Konder à frente da pasta, a prefeitura perdeu a parceria para administrar o Centro Cultural João Nogueira, o Imperator, no Méier. O local voltou a ser gerido pelo governo do Estado, que é proprietário do terreno. Além disso, Crivella cortou os repasses ao Museu do Amanhã, espaço que é recordista de visitação no país e na América Latina.