Cultura

Alexandre Nero: 'Não consigo ser influencer porque só tenho um assunto: filho'

Ator e músico lança canção sobre paternidade, que o fez se reconectar com seus pais, mortos quando ele era adolescente: ‘Ouvi que essa dor ia passar. Mentira! É uma cicatriz eterna’
Alexandre Nero com os filhos Noá e Inã: 'Quando meu filho nasceu, não amei aquele moleque à primeira vista. Meu amor por ele foi construído no dia a dia' Foto: Priscila Prade
Alexandre Nero com os filhos Noá e Inã: 'Quando meu filho nasceu, não amei aquele moleque à primeira vista. Meu amor por ele foi construído no dia a dia' Foto: Priscila Prade

Alexandre Nero não amou seus filhos logo de cara, assim que nasceram. Achou aqueles bebês dois estranhos e precisou construir o afeto dia após dia. Uma rotina árdua que abriu caminho a fórceps no cotidiano de bebedeiras e loucuras que o músico e ator de 52 anos engatou tempos depois que os pais morreram — os dois de câncer, quando ele tinha 14 e 17 anos. Talvez por isso, tenha flertado tanto com a morte.

A paternidade lhe trouxe o medo de deixar órfãos como ele. Também lhe deu inspiração. No próximo dia 18, Nero lança a canção "A partícula", composta em parceria com João Cavalcanti, e dedicada aos filhos (Noá, de 6 anos, e Inã, de 3). É o segundo single do novo álbum de Nero, "Quarto, suítes, alguns cômodos e outros nem tanto" (selo Risco), gravado em sua casa e previsto para sair dia 12 de abril.

A primeira música do disco, "Nossa Senhora de Copacabana", já está nas plataformas. "A partícula" chega acompanhado de um clipe tocante, que conta com a participação dos filhos, da companheira (a figurinista Karen Brusttolin), dos sogros e dos pais de Nero (esses últimos por meio de uma foto).

O artista brinca, nesta entrevista, que não consegue ser influencer porque seu único assunto é filho. Ele, que está em cartaz em São Paulo com o filme "A jaula" (de João Wainer), no elenco do longa inédito “Sem pai nem mãe” (de André Klotzel) e prestes a rodar “As polacas” (de João Jardim), também conta  como a análide o ajuda a educar os filhos e curar o machismo. Questiona ainda quem olha para a ficção para apontar dedos e inventar acusações onde elas não cabem.

Alexandre Nero: 'Tive uma mudança drástica depois dos meus filhos, fui tentar ser uma pessoa melhor. Parei com todas as drogas lícitas ou ilícitas, faço exercício, cuido da alimentação, passei a fazer análise seriamente' Foto: Pricila Prade
Alexandre Nero: 'Tive uma mudança drástica depois dos meus filhos, fui tentar ser uma pessoa melhor. Parei com todas as drogas lícitas ou ilícitas, faço exercício, cuido da alimentação, passei a fazer análise seriamente' Foto: Pricila Prade

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A canção para os seus filhos te fez se reconectar com seus pais?

Queria fazer uma parceria como João, quem eu já admirava. As coisas que se cruzavam em nossos papos eram os filhos ( João é pai de Tom, Luna e Martim ). O álbum abrange vários assuntos: é político, fala de religião, de pandemia, de depressão e filho, algo latente em mim. Só que, quanto mais eu cantava essa música ( "A partícula" ), ia descobrindo o meu pai ali também. E assim percebi que não é apenas uma canção de um pai para um filho, mas de vários antepassados que se entrelaçam. Fala de conexão, de ancestralidade. Tinha hora que parecia meu pai cantando para mim. Acho que é uma cura também.

No clipe, você se emociona. Esse choro veio na hora?

Na hora. É um choro eterno. Sou um homem de 52 anos, perdi meus pais cedo e sempre ouvi que isso ia passar. Mentira! É uma cicatriz eterna. Criei um trauma que projeto nos meus filhos. Tenho sentimento de morte o tempo inteiro. Antes, era tipo "foda-se". Agora não posso morrer. Tenho que viver até eles fazerem 20, 25 anos.

O fato de ter perdido seus pais cedo fez você ter medo de ter filhos? Por isso, só os teve tardiamente, aos 45 anos?

Provavelmente. Eu não queria me envolver, né? Filho é um laço eterno e isso tem a ver com a certeza da morte, que eu tive muito cedo. Sempre pensei que ia morrer a qualquer momento ou que as pessoas que eu amava iam morrer. Trato isso na análise.

É um pai neurótico por causa desse medo da morte?

Tenho que me controlar para que esse medo não me paralise ou eu vire aquele pai que não deixa ir na piscina. Me sinto um tremendo analfabeto emocional em relação a eles. O disco é um retrato meu nesse momento. Tinha necessidade de falar do que toma 80% do meu tempo hoje. Não consigo mais assistir a filmes, ler, ter vida social. Não consigo ser influencer na Internet porque tenho dois filhos. Ou viro influencer de pai... Não tenho outro assunto.

Do que teve que abrir mão com a paternidade? Qual a vantagem e a desvantagem de ter filho mais velho?

Tive uma mudança drástica depois dos meus filhos, fui tentar ser uma pessoa melhor. Parei com todas as drogas lícitas ou ilícitas, faço exercício, cuido da alimentação, passei a fazer análise seriamente. Era um cara muito explosivo, não tinha paciência com criança, comecei a ler sobre pedagogia. A estabilidade profissional e financeira é o lado bom. A parte física é a pior. Comecei a malhar para segurar meu filho no colo, agachar para brincar no chão. Eu não conseguia. Futebol no campo inteiro? Não! Meio campo só ( risos ).

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Você já disse que "para entender o amor é preciso LER (lesão por esforço repetitivo)". "Lesionou-se" bastante na vida?

Muito! Amor é esforço repetitivo, não existe outra forma. O amor pelo meu filho foi assim. Quando ele nasceu, eu não amava aquele moleque, não o amei à primeira vista. Era um estranho. Eu olhava e pensava: "Quem é esse?". Meu amor por ele foi construído no dia a dia. Ah, "o filho nasceu e eu o amo... " Mentira!  O meu não foi, desculpe. Hoje, dou minha vida por ele, mas no primeiro dia, não dava. É muito louco. Amor é isso, é diário, vai construindo. Ou acaba destruindo também...

Com o segundo filho também foi assim?

Também. Tinha momentos em que eu falava "amo mais o outro do que esse". Porque aquele lá eu amo, esse aqui, ainda não amo, não. Agora, falando aqui com você, vou dizer uma coisa que não sei se é certo como análise médica, mas acho que tive uma depressão pós-parto. Fiquei mal, triste, ter aquela responsabilidade, a tensão, a coisa do pai. Tive essa sensação sem chão, mal, deprê.

Depressão é outro assunto que você trata no disco, que já disse considerarar também político...

A ideia do disco veio quando eu estava no Cariri gravando uma série da Globo ( "Onde nascem os fortes" ), em 2018. Estava com início de depressão, uma tristeza profunda. Esse lugar começou em mim em 2014, 2015, com o super assédio. Nunca soube lidar. Essa coisa do "cuidado com o que vai falar, todo mundo está olhando para você" é complexa. Sou tímido.

Naqueles seis meses no Cariri, distante de tudo... Estava feliz fazendo a série, mas comecei a compor canções lentas, e o álbum virou uma tábua de salvação para mim. Fala de tristeza profunda. E isso também tem a ver com a minha parceria com o Aldir (Blanc, com quem compôs "Virulência", registrada no disco ).

Ele me mandou uma letra em que estava extremamente magoado, rancoroso com tudo, essa política absurda. Eu compactuo totalmente com o Aldir, mas a música não tinha cara do álbum, porque era desesperançosa. O disco é meio blue , tem uma pegada muito lenta, contemplativa e densa, mas é esperançoso, o que não quer dizer que eu seja...

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Não tem esperança no Brasil?

Não que eu ache que não vai melhorar o que está aí. É só tirar quem está no poder que aí melhora. Mas ter um país digno, com justiça social real, cultura e educação? Infelizmente, já perdi essa esperança.

Você era bastante bélico politicamente nas redes. Foi cancelado, ameaçado de morte. Por isso parou de postar sobre política?

Cansei de fazer textão no Facebook. Fiz durante 10 anos, está tudo lá no meu histórico. Mas não adianta, é murro em ponta de faca e era uma coisa que eu não tinha o menor prazer em fazer. A superficialidade tomou conta. Tem que fazer algo politicamente votando, conversando com as pessoas, educando seu filho. Textão por textão, prefiro gravar disco, é o que eu quero deixar para o meu filho. O disco é o meu textão de Facebook, tudo o que eu tenho a dizer está nele.

O primeiro single do álbum fala sobre as contradições de Copacabana. Qual é a sua relação com o bairro?

Foi o primeiro lugar em que fui morar, depois de sair do hotel na Barra para onde a Globo me levou quando me contratou. Copacabana é um lixo e um luxo, né? Vejo cariocas falando que odeiam e que amam. Também sinto isso. Acho folclórico e a síntese do Brasil.

O disco foi gravado na sua casa, durante a pandemia, né?

A ideia do "quarto" veio daí. Foi gravado num quarto lá de casa, que é um estúdio improvisado. Queria um som caseiro para a gente não ficar em estúdio com taxímetro, para fazer com calma e ser divertido. Quando a gente foi gravar o primeiro dia, começou aquele papo "será que vai parar?". No dia seguinte, tudo parou por causa da pandemia. E as coisas foram acontecendo muito lentamente. Fizemos a parte de orquestra de cordas na Rússia, que não tinha parado de gravar. Isso foi antes da guerra.... Então, tem essa ponte maluca entre Rio e São Petersburgo.

Você começou a carreira artística nesse meio da música. Foi ela que te salvou da solidão de órfão?

Só tive coragem de assumir ser músico porque meus pais morreram. Se não tivessem morrido, jamais seria artista. Talvez me acomodasse e fosse o que estava previsto para mim: administrador, veterinário. Sou um artista da fome. Não venho de uma família com dificuldade financeira. Éramos de classe média, minha mãe era dona de casa; meu pai, vendedor. Tínhamos uma vida boa, carro, estudei em colégios bons, morávamos em bairros bons.

Mas depois da morte dos meus pais, a minha vida fez "vlupt". Me tornei um artista da fome, eu precisava trabalhar, comer. Com 15, 16, 17 anos, vai trabalhar em que? Fiz vestibular e passei para administração, uma coisa que eu odiava. Tinha um dinheiro do seguro de vida do meu pai, que acabou...

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Então, você foi morar com um tio e suas duas irmãs com outro, né?

Cada um vai para um lado nessas horas, você conta com a caridade das pessoas. Meu tio me aguentou até um certo ponto, né? Com todo amor que ele tinha, chega uma hora que "meu, o que vou fazer com esse cara aqui, vai trabalhar, mano!". E eu: "Onde? O que vou fazer?". Foda! Fui tocar no bar e virei músico da noite durante 20 anos. A música me sustentou por duas décadas.

Morava numa pensão com cinco pessoas no mesmo quarto. Aí, minha vida foi mudando aos poucos, fui me tornando um músico importante em Curitiba ( ele, inclusive, fundou a Associação de Compositores de Curitiba ). O teatro era mais um bico de grana, não tinha nenhuma pretensão em ser ator. Inclusive, lá me diziam: "Nero, você não é ator, é músico". Hoje, as pessoas dizem: "Você não é músico, é ator". O fato é que sou o reflexo do cara que precisou trabalhar, comer.

O convite para o teste na Globo veio quando te viram no teatro?

Me viram numa peça no Festival de Teatro de Curitiba e me chamaram. As coisas foram acontecendo, e eu falei: "Cara, não tenho perfil da Globo, não vão me aguentar por muito tempo". Era improvável para mim. Hoje, compreendo que realmente faço um bom trabalho, entendi bem o código de novela, de intercalar a atenção da pessoa que está em casa, de saber que você tem que ser um assassino terrível, mas não tanto, porque a pessoa tem que gostar de te ver. Não pode ter asco, se não desliga a TV ou muda de canal.

Aí entra o carisma...

Exatamente, mas tem uma tática aí, uma ciência. Há um teor de tinta nas coisas, uma dinâmica. Como uma orquestra tem que tocar forte e fraco. Morder e assoprar. Não pode morder o tempo inteiro. Se ficar só no piano também é um saco.

É curioso que seu sotaque aparece muito mais quando você canta ou fala do que quando interpreta. É de propósito?

Hoje não é tão consciente, mas forcei o sotaque de propósito durante muito tempo por um motivo ideológico. Em Curitiba, os artistas têm uma autoestima muito baixa, porque são menosprezados pelo público. Um cara de fora vai lá e lota o teatro, enquanto o curitibano está lá com 10 pessoas na plateia. Na minha época, tinha gente que vinha fazer oficina da Globo e voltava com sotaque carioca. Eu ficava puto! O cara passava uma semana no Rio e voltava falando "porrrrrrque". Tá se sacanagem!

De maneira geral, acha o curitibano um povo careta?

É aquela família tradicional, né? Mas os artistas, não. Quando cheguei no Rio, fiquei chocado. Nossa, os cariocas são muito mais caretas que os curitibanos. Não se imagina, mas é. Carioca é reacionário. Para mim, era um povo "uhh", mas quando cheguei, falei: "Caramba, o pessoal aqui é tradicional, careta, aristocrático". Tem uma coisa de "qual família você é?". Foi assustador. Curitiba realmente tem um pessoal reacionário, mas os artistas são brilhantes. Minha influência artística, tudo que eu sou de melhor artisticamente vem de lá.

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Você costuma fazer o exercício de encontrar defesas para os seus personagens, por mais vis que sejam. Interpreta um "cidadão de bem" que tortura um bandido no filme "A jaula" e acabou de interpretar o vilão Tonico em "Nos tempos do imperador". Que argumentos de defesa encontra para eles?

A palavra não é defender. O que faço é tentar compreendê-los. Não posso julgá-los, é isso que me faz tentar fazer o melhor. Se julgá-los, errei. E erro muitas vezes. E vou continuar errando, porque, eventualmente, julgo. O Tonico tem a ver com o que falamos sobre carisma. O tom de voz, o humor rápido, a galhofice dele faz com que as pessoas não odeiem olhá-lo. Sabem que o que ele faz é errado, mas gostam de vê-lo. Isso tem a ver com a compreensão de quem está assistindo, com o horário... Tem criança vendo. Se fosse novela das nove, ele não seria aquilo.

Quanto ao Dr. Henrique ( de "A jaula" )... Acha que o brasileiro o defende ou não? Um amigo me disse: "Ele é o Batman". Foi maravilhoso ouvir isso, enriquecedor para mim. A gente tem uma ideia fechada do nosso mundo, vivemos numa bolha e o mundo está completamente louco.

Lembro até hoje de uma foto que postei há dez anos, de meninos dormindo em cima da saída do ar quente do metrô para se esquentar. Os comentários dizendo que aquelas crianças tinham que morrer porque ia ser melhor para todo mundo foram tantos...

Aquilo me marcou. Pensei: "Mas o que está acontecendo?". Na verdade, sempre aconteceu, as redes é que deram voz. Nada do ser humano me espanta. E eu acho maravilhoso esse tipo de roteiro. Ali não tem bonzinho. Arte é para isso: para fazer discutir, debater sem ideias prontas.

Seu mais recente trabalho na TV foi "Nos tempos do Imperador", novela criticada por cometer alguns escorregões ao tratar do racismo. O que pensa sobre esse assunto?

Tentaram mudar coisas, acertaram muito em chamar a ( consultora ) Rosane Borges. Acho que esse é um processo que todos temos que fazer. Aconteceu, e eles reconheceram que pisaram na bola.

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"Império" foi um fenômeno, mas a reprise não fez tanto sucesso assim. A que atribui isso? Acha que a sua relação "sugar daddy" com a personagem de Marina Ruy Barbosa contribuiu para isso?

"Império" era uma novela nova, não tinha tanto tempo que havia passado, é difícil mesmo. Tem essa revisão, acho legal as críticas. Mas é ficção. O sugar daddy, o que é que tem? Num filme acontece, numa novela não pode? Não entendi qual foi o problema. As pessoas acusarem de pedofilia é crueldade, é querer distorcer a história, forçar uma barra, inventar crime onde não tem.

Como vê o homem contemporâneo?

Estamos aprendendo, ouvindo. Tenho irmãs feministas, aprendo muito com elas. Tenho dois fillhos homens e preciso que entendam os seus privilégios, as relações com as mulheres. Eu fui muito babaca na minha vida, fui mesmo. Então, é aquela coisa que já virou clichê, mas é a pura verdade: sou um macho em desconstrução, um racista em desconstrução, um homofóbico em desconstrução. Vivo numa sociedade que me jogou isso tudo para dentro, é inevitável. O primeiro passo para a gente melhorar é aceitar. É como o alcóolatra. Vamos entender que estamos doentes e, aí, tentar melhorar?

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Leva o seu machismo para a análise?

O problema de falar de machismo é parecer querer ser vítima. Mulheres morrem por causa dessa merda. Mas os homens precisam entender que o machismo faz mal para eles também. Está em todas as circunstâncias, não só para elas. Na análise, quando você leva, inclusive, para a brochada... "Cara, meu pau não está levantando". Tá rolando machismo aí!

É muito paquerado? Se acha gato?

Hoje me acho mais bonito. Tive uma adolescência muito feia. Evito postar fotos antigas porque é inevitavel as pessoas falarem "nossa, mas está muito melhor hoje". Acho isso cruel e grosseiro. Não se sabe como a pessoa lida com aquilo. Eu era muito gordo. Sou um ex-gordo que, se bobear, engorda muito.

Quando virei músico, passei a ser muito paquerado, mesmo gordinho e estranho. A música tem esse encanto, toca em um lugar louco. O músico do botequim da esquina é mais assediado do que o galã de TV do ponto de vista real.

Aí, na Globo, o cabelo começou a ficar mais branco, eu passei a entender os padrões, comecei a emagrecer, a malhar. E também tem o capitalismo, o dinheiro me deu coisas... O padrão de beleza está totalmente relacionado ao dinheiro que se tem no bolso. Hoje, tenho endocrinologista, personal trainer, nutricionista, plano de saúde, dentista bom, figurinista, dermatologista. Antes, eu não tinha porra nenhuma!

Uma coisa que percebi é que esse negócio de galã não tem nada a ver com você, mas com o personagem que está fazendo. Com o Comendador ( de "Império" ) ou o personagem de "Onde nascem os fortes", poderosão, as mulheres, realmente, ficaram de quatro. Quando fiz "Filhos da pátria", com aquele cabelo, diziam: "Olha que feio que ele tá, não quero!". Essa é uma sorte minha, sou meio camaleão, consigo ficar bonito ou feio sem ficar aquela coisa forçada.

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Aos 52 anos, envelhecer é um problema?

Com o envelhecimento, estou de boa. O que me incomoda são as dores no corpo. É real, e elas vão trocando de lugar. Aparentemente, a saúde está de boa, ruga não me incomoda, talvez porque me sinta um cara de sorte. Acho que estou bem para 50 anos.