Ana Paula Lisboa
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Por Ana Paula Lisboa — Rio de Janeiro

Em setembro, eu ouvia a rádio em Minas Gerais, quando uma candidata a deputada disse a seguinte frase: “Se eleita, eu prometo combater o feminismo!” Achei aquela fala tão estranha, tão desconexa, tão maldosa. Especialmente porque, dita assim, até parece que o feminismo é um movimento tão organizado a ponto de ser uma força a ser combatida. Quem dera! O movimento avançou no Brasil e no mundo, mas a passos curtos, como uma gueixa.

A questão é que as mulheres estavam tão atrás nesta corrida que é a própria vida, que até parece que avançamos quilômetros, quando na verdade foram metros. Metros importantíssimos e imprescindíveis, por sinal.

Para mim, uma das principais questões que nos mantêm correndo atrás e consequentemente cansadas é a violência. No Brasil, houve avanços, especialmente nas leis. Mas mesmo com punições mais duras e até qualificação como crime hediondo, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, quatro mulheres são assassinadas por dia. Então, uma candidata a deputada dizer que, se eleita, vai combater o feminismo e não dizer nada sobre a violência é estranho, desconexo e maldoso.

O que não nos mata não necessariamente nos fortalece. A Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos recebeu mais de 31 mil denúncias que envolviam 169.676 violações envolvendo violência doméstica, que abrange violência física, sexual, psicológica, moral e patrimonial, só no primeiro semestre de 2022.

Confesso que foram dias difíceis, de gatilhos, de muito cansaço e da lembrança de que sigo correndo esta corrida. Apesar do meu gosto para as fofocas sobre a Shakira e o Piqué e de tentar encarar tudo isso como a espectadora de uma novela latina, sei que a realidade supera a ficção com dados astronômicos.

Apesar de dizer que, em vez de chorar, ela está faturando com o desrespeito, com a violência psicológica, com a humilhação pública, com o coração partido, eu duvido que algum dinheiro no mundo compense tudo isso. Nem milhões de streamings, nem um prêmio do “BBB”, nem a entrada no Guinness, como aconteceu com Miley Cyrus esta semana. Nada.

Mas dinheiro paga terapia, paga os encontros com os amigos para desabafar, a internet para rir com memes, paga viagem para espairecer, paga remédio para dormir.

Hoje soube que uma amiga vai precisar de dinheiro para sair de casa, com uma criança de menos de 2 anos, por conta de uma relação abusiva. Não tem dinheiro, então o dinheiro de outras mulheres vai ajudar, e é por isso que todas precisamos ter dinheiro. Mas que dinheiro seria suficiente para superar isso de verdade, junto com a criança, que também é uma menina?

Já são meses em que sigo usando meu dinheiro para colar os milhares de pedaços em que me quebrei, mas usando uma cola rala, que por vezes não dá conta do peso e aí a peça descola e cai e se parte em mais cinco ou ou seis pedaços.

Disseram que eu deveria faturar com meu sofrimento também, me convidaram para escrever um livro, uma história de amor doída. Disseram que, além de dinheiro, talvez ajudasse a expulsar os demônios. Pensei em escrever pelas paredes de toda a Luanda frases que falassem do meu rancor, da minha decepção. Não fiz nada disso. Segui escrevendo no meu diário, tendo discussões comigo mesma e enviando áudios quilométricos para as amigas. Mas quem sabe seja agora o momento de ser a Shakira.

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