Cultura

Antologia de Paulo Rónai e Aurélio Buarque de Holanda ganha nova edição

‘Mar de histórias’ reúne dois mil anos de contos
Paulo Rónai em sua biblioteca, em 1965 Foto: divulgação
Paulo Rónai em sua biblioteca, em 1965 Foto: divulgação

RIO - No movimento de retomada da obra de Paulo Rónai, iniciada há dois anos, mais uma importante publicação do intelectual húngaro que fez carreira no Brasil volta às livrarias, depois de mais de uma década fora de catálogo. “Mar de histórias”, antologia em dez volumes de contos do mundo inteiro, organizada a quatro mãos com Aurélio Buarque de Holanda, acaba de ser relançada pela Nova Fronteira.

O projeto da dupla de intelectuais começou em 1943, na editora José Olympio, e só foi concluído em 1986, já na Nova Fronteira. Ou seja, foram 43 anos de trabalho na antologia, que reúne dois mil anos de história literária.

Coleção reúne 245 textos

Ao todo, são 3.544 páginas, com textos de 188 escritores, além de 15 autores anônimos. A coleção traz 245 contos, que começam na Antiguidade e vão até o período posterior à Primeira Guerra. Todos os contos escritos em grego, latim, francês, espanhol, italiano e alemão foram traduzidos a partir dos originais. Os contos em línguas que Rónai e Buarque de Holanda desconheciam foram traduzidos por colaboradores. E os textos em egípcio, sânscrito, chinês, persa e árabe foram traduzidos a partir de suas versões em inglês.

— Quando foi convidado a dizer qual tradução havia sido mais difícil, Paulo Rónai chegou a cogitar “A comédia humana”, mas se decidiu por “Mar de histórias”. Ele passou a vida inteira traduzindo contos. Os húngaros são grandes contistas, faz parte da tradição do país — diz Zsuzsanna Spiry, pesquisadora de Estudos da Tradução na USP e autora da tese “Paulo Rónai, um brasileiro made in Hungary .

Na antologia, há algumas pérolas como primeiro conto policial de que se tem notícia — “A história de Rampsinitos”, cuja data é desconhecida. Ele está no primeiro volume de “Mar de histórias”.

A relação de Paulo Rónai com o conto começou ainda na Hungria. Na revista “Nouvelle Revue de Hongrie”, ele traduzia contos húngaros para o francês. Sua clássica “Antologia do conto húngaro”, que reúne os principais autores do seu país, deve ser lançada ainda este ano pela Casa da Palavra.