Cultura

Ao menos 70 autores assinam manifesto contra censura, após reação de Crivella a gibi com beijo gay

O texto, que defende a diversidade e a liberdade de expressão, passou a ser lido no final de cada mesa nesta tarde de domingo, último dia de evento. Também foi gravado um vídeo em que 24 autores presentes no evento leem versos da canção “Apesar de você “ de Chico Buarque
Tentativa de Crivella de retirar livros considerados "impróprios" causou reação no último dia da Bienal do Livro Foto: Fernando Souza / AFP
Tentativa de Crivella de retirar livros considerados "impróprios" causou reação no último dia da Bienal do Livro Foto: Fernando Souza / AFP

RIO — Pelo menos 70 autores e editores que participaram da Bienal do Livro do Rio assinaram um manifesto contra a censura neste domingo, último dia do evento. A iniciativa surgiu dos escritores Laurentino Gomes, Thalita Rebouças e Pedro Bandeira, após as tentativas de apreensão de livros com temática LGBT e conteúdo supostamente impróprio por parte do prefeito Marcelo Crivella, que ocorreram na sexta e no sábado . O número de assinaturas deverá crescer até o fim do dia.

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O texto, que defende a diversidade e a liberdade de expressão, passou a ser lido no final de cada mesa nesta tarde de domingo, último dia de evento. Também foi gravado um vídeo em que 24 autores presentes no evento leem versos da canção “Apesar de você “ de Chico Buarque. O vídeo ficará no ar nas redes sociais dos autores e do evento e será exibido no Fantástico deste domingo.

“Se engana quem pensa que o alvo era a Bienal Internacional do Livro”, diz o texto. “O alvo somos todos nós cidadãos brasileiros, pois não precisamos ter quem determine o que podemos ler, pensar, escrever, falar ou como devemos nos relacionar. O brasileiro não precisa de tutor. Precisa de educação para que cada um possa fazer suas escolhas com consciência e liberdade”.

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A escritora Thalita Rebouças conta que  ficou assustada ao ver viaturas de polícia chegando no evento na tarde de sábado para confiscar livros. Mas, ao ver os jovens se manifestando nos corredores do Riocentro contra a censura, voltou a ter esperança. Junto com os outros autores, teve ideia de uma mobilização espontânea, para marcar seu posicionamento.

— Percebemos que não podíamos ficar calados — disse Thalita — O manifesto é de todo mundo.

O manifesto também elogia as duas decisões de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) neste domingo (8/9), que impediram mais apreensões de livros na Bienal. “Do contrário, se criaria uma jurisprudência que colocaria todos os eventos culturais, autores, editoras e livrarias do Brasil à mercê do entendimento do que é próprio ou impróprio a partir da ótica de cada um dos 5.470 prefeitos do país”, completa o texto.