Cultura Artes visuais

Obra de Lee 'Scratch' Perry será exposta na Bienal de São Paulo

Lendário produtor de reggae e dub morreu neste domingo (29), aos 85 anos
'Laptop from Black ark',de Lee 'Scratch' Perry, que será exposto na Bienal de São Paulo Foto: Divulgação
'Laptop from Black ark',de Lee 'Scratch' Perry, que será exposto na Bienal de São Paulo Foto: Divulgação

Além de ser um dos maiores nomes da história do reggae e do dub, o jamaicano Lee 'Scratch' Perry , que morreu neste domingo, aos 85 anos, era também um grande nome das artes plásticas. Tanto que uma de suas obras estará na 34ª Bienal de São Paulo, que acontece de 4 de setembro a 5 de dezembro, no Parque Ibirapuera. Perry faz parte dos 91 participantes em exposição com a obra "Laptop from Black ark", de 2012.

Em nota, a Fundação Bienal de São Paulo lamentou o falecimento do artista. "Ao longo dos últimos dois anos, tivemos o privilégio de estabelecer uma relação de trocas artísticas e curatoriais com ele que foi muito enriquecedora e importante para a 34ª Bienal. Ficamos sensibilizados pelo fato de podermos compartilhar parte de sua produção com o público agora que ele se foi", comunicou Jacopo Crivelli Visconti, curador geral da 34ª Bienal de São Paulo, onde serão exibidas obras de autoria do artista, produzidas entre 2000 e 2021.

Nos anos 1970, Lee Perry montou, nos fundos de sua casa, em Kingston, na Jamaica, o estúdio Black Ark, onde se firmou como um dos maiores nomes do dub e do reggae, produzindo para grandes nomes Bob Marley, Max Romeo e The Clash. Foram nas paredes do local que ele começou a mostrar seu talento para as artes plásticas, cobrindo-as com desenhos.

O Black Ark pegou fogo (não se sabe se ateado pelo próprio Perry ou acidentalmente), mas o que havia começado ali nunca mais parou - tanto em termos de música, quanto de artes visuais. Desde então, o jamaicano cria instalações que misturam pinturas com textos, colagens, pedras, espelhos e esculturas e outros objetos. Recentemente, criava no estúdio Blue Ark, nos alpe da Suíça, país onde vivia desde o fim dos anos 1980. Religiosidade e símbolos místicos africanos e caribenhos estão referências sempre presentes em suas obras.

"A obra de Perry perpassa diferentes gêneros ao entrelaçar palavras escritas, imagens, espelhos, fotografias e objetos apropriados, entre outros elementos que com frequência são também cortados, queimados ou pintados", diz a apresentação da Bienal.

Em abril deste ano, junto com o grupo Criptorastas, Perry colocou à venda uma obra digital com selo NFT (uma espécie de selo deautenticidade para esse tipo de arte).

"Criptoarte é o futuro da arte", escreveu ele, na época.