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Cultura Artes visuais

ArtRio é a única feira presencial entre as principais do mundo em 2020

Mesmo mais enxuto, evento é visto por galeristas como a salvação de um ano difícil marcado pela pandemia de Covid-19
Integrante da produção trabalha ao lado de bandeira de Marcos Chaves, exposta na lateral da Nara Roesler Foto: Leo Martins / Agência O Globo
Integrante da produção trabalha ao lado de bandeira de Marcos Chaves, exposta na lateral da Nara Roesler Foto: Leo Martins / Agência O Globo

RIO — Ao abrir as portas nesta quarta, na Marina da Glória, a ArtRio 2020 terá uma estrutura muito diferente do que Brenda Valansi, idealizadora e presidente da feira, havia sonhado para a sua 10ª edição. Ainda assim, após meses de dúvidas sobre a viabilidade de exibir as obras das galerias em um espaço físico — e não só virtualmente, como tem sido toda a programação das feiras de arte ao longo de 2020, por conta da pandemia de Covid-19—, o evento chega com uma marca importante: trata-se do único presencial do mercado no Brasil e nos principais centros do mundo. Por isso, está sendo encarado por muitos marchands como a possibilidade de salvar o ano — ou ao menos reduzir as suas perdas.

A feira terá uma plataforma digital especial, a ArtRio On-line. Seguindo o modelo dos viewing rooms adotados por eventos como a Art Basel , a Frieze e a SP-Arte este ano, o ambiente terá a presença das galerias que integram a edição física, além de outras 22 que participarão apenas virtualmente. A programação on-line, que também inclui palestras, debates e visitas guiadas, vai estender a duração da feira em uma semana: a Marina da Glória receberá o público até domingo, enquanto as atrações virtuais seguem até o dia 25.

Nesta terça-feira, as 36 galerias presentes, incluindo algumas das principais do eixo Rio-São Paulo, como Nara Roesler, Fortes D’Aloia & Gabriel, Pinakotheke e Vermelho, já finalizavam seus espaços. Além delas, foram montados estandes de 11 instituições, como o MAM Rio, a EAV , o Solar dos Abacaxis e a Plataforma 01.01, com foco na produção africana e da diáspora, que faz sua estreia na feira. Somando as participações presenciais e virtuais, serão 71 galerias e instituições representadas.

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Tradicional celebração do circuito carioca, a ArtRio terá uma circulação mais restrita este ano, em razão dos protocolos sanitários. As visitas deverão ser agendadas pelo site www.artrio.com, no ato da compra dos ingressos, em sessões de até duas horas. O limite máximo no interior do pavilhão será de 450 pessoas, sem contar os expositores e a equipe de produção, e, além do uso obrigatório de máscaras, todos terão a temperatura aferida na entrada.

— No primeiro semestre, parecia impossível fazer a edição física. Em julho, procurei os galeristas e eles entraram nessa aposta com a gente —conta Brenda. — Foram meses de ansiedade acompanhando os números de contágio e as determinações da prefeitura. Mas só agora caiu a ficha da importância de fazer o evento, até pelo retorno que os trabalhadores nos dão nos estandes. Muita gente tinha trabalhado pela última vez no carnaval.

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No espaço aberto após o pavilhão, voltado para a Baía de Guanabara, foi instalada uma obra de Iole de Freitas e uma pequena área de alimentação. Ali também serão projetadas as obras do Mira, a programação da feira voltada à videoarte, que também estará on-line, com curadoria de Victor Gorgulho.

José Bechara ajusta posição de sua escultura em aço, no estande da galeria Simões de Assis Foto: Leo Martins / Agência O Globo
José Bechara ajusta posição de sua escultura em aço, no estande da galeria Simões de Assis Foto: Leo Martins / Agência O Globo

Durante a montagem, galeristas comentavam sobre a expectativa para a feira e relatavam vendas feitas antes mesmo da abertura, caso de Janaína Torres, dona da galeria paulistana que leva o seu nome:

— Vai ser a grande oportunidade do ano para que os clientes vejam as obras de perto. Não será o alvoroço de outros anos, mas isso também tem um lado positivo. As pessoas vêm mais focadas.

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Botando a mão na massa com a equipe da galeria Simões Assis, José Bechara montava uma de suas esculturas em aço no início da tarde de ontem. Ele destacou a importância de voltar a reunir o circuito da arte, desde que todos os cuidados sejam observados.

— Isso faz diferença para mim não só como artista, mas como indivíduo. Somos seres gregários, estar juntos de forma segura é importante até pelo impacto psicológico criado pelo distanciamento — comenta Bechara. — É positivo também para a cidade e o estado, que vivem uma tragédia política e econômica. Eventos assim devolvem uma alegria de estar no Rio.

ArtRio 2020

Onde: Marina da Glória — Av. Infante Dom Henrique, S/N, Glória. Quando : Qua a sab, das 13h às 21h; dom ., das 12h às 20h. Quanto : R$ 100, pelo site www.artrio.com (visitas de 2h agendadas). Classificação : Livre