Artes visuais
PUBLICIDADE
Por


Vista do mezanino do pavilhão Mar, construído para a ArtRio 2023 — Foto: Ana Branco
Vista do mezanino do pavilhão Mar, construído para a ArtRio 2023 — Foto: Ana Branco

Em sua maior edição desde que se mudou do Píer para a Marina da Glória, em 2017, com 90 estandes (80 deles de galerias) e mais de 7 mil m² de área construída (além dos 4,5 mil m² do pavilhão permanente do local), a 13ª ArtRio busca ares mais leves após anos em que os assuntos nos corredores giravam em torno da pandemia, da tensão entre arte e política ou da visão internacional sobre o país. O evento, que abre hoje para o público (ontem houve apresentação para convidados) e vai até domingo, mantém visível nos estandes a presença de obras figurativas com recortes sociais, políticos e identitários, embora dividindo mais espaço com abstrações, produções históricas e trabalhos conceituais com outros registros.

Outra mudança sutil é a retomada gradual das representações internacionais, após anos em que a ênfase, por conta do câmbio desfavorável, foi nas galerias brasileiras. Nada comparável ao que foi o evento em seus primeiros anos, quando chegou a ter metade das galerias vindas de fora, mas a seção Panorama, dedicada a espaços já estabelecidos no mercado, traz cinco representações internacionais, três dos quais não estavam em 2022: a uruguaia Sur, de Punta del Este, a americana Piero Atchugarry, de Miami, e a estreante portuguesa Francisco Fino, de Lisboa. Outras estrangeiras estão nas seções Vista, para empresas com menos de dez anos de atuação (a americana Gisela Projects, de Nova York), e nas 16 galerias do Solo, com curadoria do colecionador Ademar Britto, pelo segundo ano consecutivo (a colombiana La Balsa Arte e a argentina Isla Flotante).

— O figurativo com temática social é uma tendência forte, mas vemos uma produção muito sofisticada. São referências não só às lutas, mas também às conquistas recentes, à grandeza desses territórios. E, ao mesmo tempo, há uma volta da abstração, dessa possibilidade de explorar as cores e formas. É importante a arte também poder levar a outros lugares, pela fruição estética — comenta Brenda Valansi, idealizadora e presidente da feira. — Estamos passando por uma retomada do nosso papel internacional. Não só em relação às galerias, temos um grupo de 130 colecionadores que trouxemos para feira, além de curadores, representantes de instituições. Geralmente, conseguimos fechar a vinda até agosto, e esse ano já não tínhamos vagas em julho.

Um dos galeristas que mesclaram obras figurativas e abstratas foi Ricardo Kimaid Jr., da Movimento, que terá um espaço no pavilhão e outro no Solo, com uma seleção de trabalhos do artista goiano Hal Wildson, além de uma instalação de Toz no Parque de Esculturas.

— Este ano queríamos um pouco de leveza, foi o que senti falando com outros galeristas. Temos críticas sociais mais evidentes nos trabalhos do Marcos Roberto, do Pedro Carneiro, do Hal Wildson no Solo, equilibrando com as formas e cores do Jan Kaláb, do Toz — detalha Kimaid.

Mar à vista

A feira volta a ser dividida entre os espaços Terra (no Pavilhão da Marina, que concentra a maioria das galerias do Panorama, como Fortes D’Aloia & Gabriel, Nara Roesler, A Gentil Carioca, Galatea, Anita Schwartz, MaPa, Pinakotheke, Almeida & Dale e Vermelho) e Mar, que ganhou uma área construída 25% maior que na edição anterior. Na área com vista para a Baía de Guanabara, o projeto assinado novamente pelo arquiteto Pedro Évora cresceu verticalmente, incluindo um mezanino e chegando a 16 metros de altura.

— Ano passado, já aproveitamos bem o exterior, agora nossa possibilidade de crescer era só para cima, criando um espaço interno generoso — avalia Évora. — Isso nos permitiu dobrar o Solo, criar um jardim interno e ter visadas maravilhosas da Baía, do mezanino. Assim conseguimos manter a vista, o contato com a natureza, e com mais proteção, em caso de tempo ruim.

Obras de Hal Wildson no espaço da galeria Movimento na seção Solo — Foto: Ana Branco
Obras de Hal Wildson no espaço da galeria Movimento na seção Solo — Foto: Ana Branco

A área externa foi dividida, na parte inferior, entre os estandes do Vista, do Solo, o espaço para as projeções do Mira (programa de videoarte, este ano com curadoria da Cinemateca do MAM) e as falas públicas das Conversas ArtRio, além da praça de alimentação. O mezanino foi ocupado pela seção Expansão, com estandes de instituições e coletivos, como MAM-RJ, MAR, EAV do Parque Lage, Instituto Inclusartiz, Solar dos Abacaxis e Canal Curta! (cujo espaço terá interferências feitas por Efrain Almeida, Jeane Terra, Julia Debasse, Miguel Afa e Bea Machado, ao longo da feira). Participando pela primeira vez da Art Rio, o Museu do Pontal lança na feira seu clube dos colecionadores, com 20 conjuntos de três obras originais do pernambucano José Bezerra, a alagoana Roxinha e o baiano César Bahia, a R$ 3.750 cada.

— Antes de ver o projeto pronto, fiquei com receio de ficar afastado da circulação, mas está incrível. Tenho certeza de que vai ser uma das áreas mais visitadas, você sai do estande e tem uma vista única do Pão de Açúcar — enaltece Lucas Van de Beuque, diretor-executivo do Museu do Pontal. — Participar da feira é um investimento de divulgação institucional, já que o arrecadado não vai para o museu, será dividido entre os artistas e o custo da operação. Queremos ampliar o colecionismo da arte popular, com obras originais, encomendadas aos artistas, em vez de múltiplos, o que é mais comum nestes casos.

Solo dobra de tamanho

No Solo, que dobrou de tamanho, de oito para 16 estandes, o curador Ademar Britto selecionou obras de artistas como Victor Arruda, Tiago Sant’Ana, Panmela Castro, Jaime Lauriano, Leoa, PV Dias, Gabriella Garcia e Kika Carvalho, representados por suas respectivas galerias. Nesta edição, Britto destaca a ampliação das vozes e discursos e a possibilidade de tratar temas também relacionados à própria produção artística.

—A duplicação do espaço me permite mostrar uma diversidade maior de produções. Ano passado, a maior parte das abordagens envolvia temas mais urgentes, e agora posso acrescentar obras relacionadas à história da arte, da sua prática. O que também não deixa de ser algo político — enfatiza o curador. — A ampliação deu a chance de trazer artistas e galerias de fora, e o fato de estarem aqui demonstra a volta do Brasil como uma referência para as artes.

A galerista Anita Schwartz (de pé) escolhe posicionamento de obras no estande da galeria que leva o seu nome — Foto: Ana Branco
A galerista Anita Schwartz (de pé) escolhe posicionamento de obras no estande da galeria que leva o seu nome — Foto: Ana Branco

Entre as artistas selecionadas por Britto para o Solo está Mariela Scafati, pela galeria Isla Flotante, de Buenos Aires, apresentando, entre outras obras, o vídeo “A vida se impõe”, registro de uma performance feita quando a argentina participou de uma residência artística no Rio, pela Despina, em 2016.

— Conheci o Ademar nesta época, muito bom poder voltar ao Rio agora, dando sequência a este intercâmbio — comenta Mariela. — A galeria abriu um escritório em São Paulo este ano, é importante fortalecer estas relações, sobretudo para enfrentar momentos de crise financeira.

Outra galeria internacional que faz sua estreia na ArtRio é a Francisco Fino, de Lisboa, após participar de uma da SP-Arte, em 2017. O estande, no pavilhão principal, na seção Panorama, traz um solo da pintora meritiense Priscila Rooxo, sua artista representada, uma das vencedoras em 2022 do Prêmio Foco, promovido anualmente pela feira.

— Conheci a Priscila após uma coletiva no Masp ('Histórias brasileiras', em 2022), e já a convidei para uma residência e exposição em Lisboa, este ano. A galeria tem uma relação próxima com o Brasil, e me pareceu uma boa oportunidade de voltar agora, destacando o trabalho da Priscila — conta o galerista Francisco Fino.

Na montagem do estande, na última segunda-feira, a pintora de 21 anos ajudava, empolgada, a pendurar suas obras:

— Trouxe 21 telas inéditas, todas deste ano. Elas falam de gênero, território e classe, mas a partir do meu cotidiano. Eu me represento com as amigas da época da escola, no carnaval, ou nossos rolês em Mesquita, onde moro atualmente. Tem uma pegada social, mas com a visão de mulheres periféricas.

Onde: Marina da Glória - Av. Infante Dom Henrique, s/nº, Glória. Quando: De qui a sáb, 13h às 21h; dom, das 12h às 20h. Quanto: R$ 80. Classificação: Livre.

Mais recente Próxima Fundação Getúlio Vargas inaugura galeria FGV Arte com exposição de artistas ligados ao Rio
Mais do Globo

Vencedores têm prazo de 90 dias para reclamar prêmio, antes que prescreva e valor seja repassado

Ganhadores 'abandonaram' mais de R$ 250 milhões em prêmios da Mega-Sena 2024; entenda

José Leonardo, caçula da influenciadora e do cantor, já é sucesso no Instagram

Herdeiro Virgínia Fonseca e Zé Felipe já ultrapassa marca 1 milhão de seguidores horas após nascimento

Com bons trabalhos em seus clubes, argentino e português são fortes candidatos ao prêmio se levarem seus times às conquistas até o fim de 2024

Ranking de Treinadores: Abel e Tite ameaçados por Vojvoda e Artur Jorge na disputa por melhor técnico da temporada

Valor não acumula e caso ninguém garante os 15 números, prêmio máximo será dividido entre outros acertadores

Lotofácil especial de Independência sorteia R$ 200 milhões nesta segunda; saiba como apostar

Associação de descendentes emitiu 'parecer desfavorável' à manutenção definitiva do símbolo olímpico no ponto turístico

Herdeiros de Eiffel cobram retirada dos anéis olímpicos da torre ícone de Paris

A Polícia de Queensland emitiu um mandado de prisão para um homem de 33 anos procurado por atos com a intenção de causar danos corporais graves,

Homem que jogou café quente em bebê vira alvo de caçada internacional; criança já passou por quatro cirurgias

Proposta é oferecer rótulos de pequenos produtores; comidinhas também são artesanais

Vinho brasileiro na torneira: Casa Tão Longe, Tão Perto abre em Botafogo

Pelo menos duas mil pessoas que fugiram dos seus países vivem na cidade

Debate sobre refugiados travado por candidatos a prefeito de Niterói  repercute entre imigrantes