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Cultura

Billie Eilish justifica título de 'adolescente mais comentada do planeta' em seu primeiro álbum

Musa da internet, cantora americana lança esta sexta o aguardado, sombrio e bem resolvido disco 'When we fall asleep, where do we go?'
A cantora americana Billie Eilish Foto: Kenneth Cappello / Divulgação
A cantora americana Billie Eilish Foto: Kenneth Cappello / Divulgação

RIO - Para site inglês "New Musical Express", ela é "a adolescente mais comentada do planeta". Números comprovam o título: são 15,3 milhões de seguidores no Instagram, 2,5 milhões no Facebook e 9,8 milhões de inscritos em seu canal do YouTube. Aos 17 anos de idade (e dois como sensação pop), só o que faltava mesmo para a cantora americana Billie Eilish era um álbum. Agora não mais.

“When we fall asleep, where do we go?”, que chega esta sexta-feira às plataformas de streaming, não só cumpre de sobra as promessas das músicas já lançadas em singles e EPS, como ainda revela o poder de fogo de uma artista original e bem resolvida. Lançado no mesmo dia do novo álbum de Lana Del Rey (grande confessa influência de Billie), o disco anuncia uma nova trovadora dos sentimentos obscuros e dos contrastes da vida.

Tome-se, por exemplo, uma faixa como “8”, que começa com ukulele e uma voz infantilizada — não demora, ela é invadida por um baixo ameaçador e uma letra tristíssima, sobre rejeição amorosa (o tema mais constante do disco): "você me olha como se eu fosse invisível / acho que vou embora". Entre sussuros, pianos, trovoadas eletrônicas e empréstimos ao trap, Billie Eilish escreve suas histórias — que não têm finais felizes.

Há um monstro em baixo da cama — e esse monstro pode ser você mesmo. A ideia é exposta tanto na capa do álbum quanto na letra do maior hit da cantora, incluído, é claro, na seleção: o seco "Bury a friend", cujo vídeo tem 98 milhões de visualizações no YouTube e o áudio, 184 milhões de execuções no Spotify. Na irresistível faixa, fica patente a boa relação de trabalho que Billie tem com o irmão, Finneas, co-autor das canções e produtor do disco.

Capa de 'When we fall asleep, where do we go?', álbum da cantora americana Billie Eilish Foto: Reprodução
Capa de 'When we fall asleep, where do we go?', álbum da cantora americana Billie Eilish Foto: Reprodução

Uma coisa que não dá para negar é que a moça não seja espirituosa. "Gosto de quando você assume o controle / mesmo quando você sabe que não é bem assim", canta ela na pesada e dançante "Bad guy". "Não diga que eu não sou seu tipo / só diga que eu não sou da sua orientação sexual favorita", debocha (triste) em "Wish you were gay". E aí, ela finaliza teologicamente com a estocada de "All the good girls go to Hell": "Todas as garotas boas vão para o inferno / porque mesmo Deus, ela tem inimigos".

Narcótico em faixas como "My strange addiction" (digna de uma Madonna dos anos 1990) e “Xanny” (que fica entre o trap e a canção de musical, entre Lorde e Bjork), o álbum de Billie Eilish comove pela beleza de canções como "When the party is over", "I love you",  "Ilomilo" e a jazzy "Listen before I go", que trata, sem rodeios, de suicídio: "Se você precisa de mim, quer me ver / melhor se apressar, porque logo vou embora".

Quando termina o disco, solenemente, repetindo versos das músicas anteriores na gasosa “Goodbye”, Billie Eilish parece não fazer exatamente uma despedida — é só a deixa (ao menos, espera-se que seja) para o ouvinte ficar na ânsia de saber o que virá em seguida.

Cotação: Ótimo