Cacá Diegues
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Por Cacá Diegues — Rio de Janeiro

Semana cinematográfica de barriga cheia. Vi filmes de toda parte, mas sobretudo americanos e brasileiros, que são o que interessa. Ou pelo menos nos interessa mais no momento.

Neville d’Almeida me fez a gentileza de mostrar o seu “Bye-bye Amazônia”, belíssimo filme sobre o desmatamento e o prejuízo que estamos dando ao resultado daqueles tempos. O horror da presença da cultura contemporânea na destruição das florestas, dos rios, de tudo que tenha a ver com as origens naturais do planeta, pode muito bem acabar com a viabilidade do Homem sobre a Terra.

Nunca vi um documento tão preciso, conciso e original sobre esse assunto. E tais qualidades deveriam tornar o tema insuportável, no mínimo incompreensível para nosso louco entendimento.

“Bye-bye Amazônia” começa maravilhoso, como se estivesse sendo narrado pelos próprios indígenas que aparecem em cena, a gente que nos interessa ouvir porque nunca foi corretamente ouvida ao longo desses últimos anos em que o assunto virou moda. Se o filme traduzisse para a língua indígena o que é dito em português, em vez do português traduzindo o que é dito na língua indígena original, podíamos não entender nada do que está sendo falado mas iríamos sem dúvida absorver pela imagem o que está acontecendo e nossa emoção não seria muito diferente da que sentimos agora. Um dos clímaces desse sentimento está na lindíssima sequência do indígena encontrando pequenos seres verdes que voam feito borboletas. Naquele momento, quase chorei de emoção. De todo modo, meu corpo chegou a se retesar, tive a sensação de que podia cair em pranto.

Tudo o que nos é dito em seguida pelos indispensáveis personagens do Pajé Xamã e do Herói Negro até o final do filme nos mobiliza e nos conduz à ideia de que a união dos pretos com indígenas podia ter nos levado a um mundo no qual sonhamos viver, o futuro de um com a ancestralidade do outro. Mas, como diz um desses personagens, tudo isso pode não ter passado de mais uma invasão dos colonizadores para sufocar o que temos de melhor no encontro entre as duas culturas, nosso verdadeiro futuro sadio e mais original como nação.

Além de ser um cinema moderno, do tipo que se pode esperar de uma cinematografia como a brasileira, “Bye-bye Amazônia” precisa ser visto em todos os cantos do planeta, para mostrar que nós sabemos o que está acontecendo e queremos corrigir o malefício que isso traz para a Humanidade.

Um dia antes, eu havia visto “Barbie”, o filme que os americanos lançam atualmente no mundo inteiro, uma propaganda de sua gentil e democrática liberalidade no cinema. Mas “Barbie”, ao contrário do filme brasileiro, é o registro de uma oportunidade perdida.

Enquanto “Bye-bye Amazônia” nos conta a história de uma sociedade que ainda podemos construir, “Barbie” é o relato de um comportamento que não se manteve de pé, um fracasso social e cultural. Aqui, todos os personagens são seres que perderam seu sentido na vida e que não têm mais como recuperá-lo.

Barbie foi a menina Barbara transformada pela empresa Mattel na boneca que tomou conta das crianças americanas e depois dos próprios adultos dos Estados Unidos até ganhar o mundo inteiro. No filme de Greta Gerwig ela começa como sincera representante do feminismo americano e vai espalhar suas ideias pelo “Mundo Real”. Animada representante de sua própria independência, Barbie se veste, se penteia, finge que toma café de um modo que ela própria imagina o que deve ser. Seu automóvel é como ela o imagina ser e sua viagem pelo “Mundo Real” se passará como ela melhor a imaginar.

Barbie não realiza seus sonhos e é obrigada a recuar. Como escreveu Cristiane Gercina, uma de suas analistas de comportamento, ela “se tornou um símbolo de corpo e comportamento ‘perfeitos’ reduzindo as mulheres a um novo estereótipo”. No filme, rolam soltas piadas sobre como é estranho ver uma Barbie grávida.

Como tudo isso trata no fundo de uma crônica do comportamento moderno, acho que ainda volto ao assunto.

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