RIO - Saída emergencial para artista durante a quarentena, as lives viraram moda durante o isolamento. Mas, terminada a transmissão, surgem dúvidas sobre sua permanência. E se o conteúdo esconder-se nas zonas abissais da web ou for apagado por problemas técnicos? E se a rede social em que foi postada acabar?
— Vivemos um momento em que a internet não tem memória, e isso é preocupante — diz Ronaldo Lemos, pesquisador especialista em tecnologia, mídia e propriedade intelectual. — Com essa cultura da live, as pessoas estão produzindo conteúdo de alta qualidade em plataformas que foram desenhadas para que as coisas desapareçam.
Fenômeno nacional: Lives de 2020 são dominadas por brasileiros, com sete das dez maiores audiências no mundo
O problema é sobretudo técnico. Cientista e professor da Cesar School, em Pernambuco, Silvio Meira lembra que o espaço de armazenamento digital disponível este ano é 20 vezes menor que toda a produção global na internet ao longo de 2020. Por isso, optamos por não guardar quase todas as conversas, fotos e vídeos que geramos on-line.
De acordo com estimativas da empresa de dados americana Interactive Data Corporation (IDC), 95% de toda a produção digital no mundo em 2020 será jogada fora. E o que ficou armazenado não deverá ter vida longa.
— A quase totalidade se perde imediatamente, e a chance de sobrevivência até 2025 daquilo que é guardado é quase zero — diz Meira. — Temos um problema monumental de preservação da memória digital, de todos os seus fragmentos, seja da mídia, das universidades, das instituições... LEIA A MATÉRIA NA ÍNTEGRA
Sob o mesmo teto: Artistas passam a quarentena com companheiros de banda